Ano 25 – Número 35 – 4 de setembro de 2023

Informe Econômico

Indústria contribui para o resultado negativo do mercado de trabalho gaúcho em julho

De acordo com dados do Novo CAGED, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego no fim do mês passado, em julho de 2023, observou-se um saldo negativo de empregos formais no Rio Grande do Sul, o pior dentre todos os estados brasileiros. A Indústria foi o setor que mais contribuiu para o resultado negativo.

Rio Grande do SulIndústria do RS
jul/23202312 mesesjul/23202312 meses
Admitidos109.217874.1191.429.96734.298278.051436.363
Desligados111.346823.7181.362.78838.489261.083433.378
Saldo-2.12950.40167.179-4.19116.9682.985
Var emprego formal*(em %)-0,11,92,5-0,52,00,4
Salário médio de admissão (em R$)1.9211.8861.8841.9951.9481.970
Taxa de rotatividade*** (em %)4,04,44,14,04,23,9
Fonte: Novo CAGED/MTE. Elaboração: UEE/FIERGS.
Notas: *A variação foi calculada em relação ao estoque do período de referência imediatamente anterior. **Valores atualizados a preços de julho/2023 pelo IPCA/IBGE. ***A rotatividade é calculada como a razão entre o mínimo de admitidos e desligados em um período e o estoque do período anterior. Nas colunas de “2023” e de “12 meses” são apresentados os saldos acumulados, à exceção da rotatividade que é calculada como a média do período analisado.

No Rio Grande do Sul, o número de admitidos atingiu 109.217, enquanto os desligados totalizaram 111.346, resultando em um saldo negativo de 2.129 empregos no mês de julho/2023, uma variação de -0,1% em relação ao estoque do mês anterior. A remuneração média das admissões foi de R$ 1.921, demonstrando crescimento em relação aos valores anteriores. A taxa de rotatividade ficou em 4%, permanecendo relativamente estável.

Como se verifica na tabela acima, boa parte do resultado negativo do estado em julho foi puxado pela Indústria. O setor registrou 34.298 novas admissões e 38.489 desligamentos, resultando em um saldo negativo de 4.191 empregos, variação de -0,5% em relação ao estoque do mês anterior. O setor representou 34,6% dos desligamentos do estado, mas apenas 31,4% das admissões. O salário médio de admissão foi de R$ 1.995, bem superior à média dos últimos 12 meses e à do ano, o que reflete uma dificuldade maior de contratações da Indústria no período. A taxa de rotatividade na Indústria foi de 4%, indicando uma movimentação levemente superior em relação à média dos últimos 12 meses, mas inferior à média de 2023.

Ao compararmos os resultados da Indústria com os resultados gerais do Rio Grande do Sul, torna-se evidente que o setor enfrentou maiores desafios em julho, apresentando saldo de empregos consideravelmente mais desfavorável em contraste com o resultado geral do estado. Os destaques negativos foram os segmentos do Tabaco, que registrou o fechamento de 2.477 no período, e de Alimentos, que fechou 880. Juntos, os ramos de Tabaco e Alimentos foram responsáveis por 24,2% dos desligamentos da Indústria e 8,4% do Rio Grande do Sul no mês. Além disso, é interessante observar que o salário médio de admissão na Indústria foi ligeiramente superior ao salário médio de admissão do estado como um todo. Esse aumento salarial sugere desafios adicionais para os empresários na contratação de novos trabalhadores.

Taxa de rotatividade mensal da Indústria

(Em %)

Fonte: Novo CAGED/MTE. Elaboração: UEE/FIERGS.

Cumpre destacar que uma parte desse resultado pode ser atribuída ao aparente adiantamento no ciclo da produção do Tabaco no ano de 2023, razão pela qual o forte resultado negativo de julho pode estar contaminado por essa antecipação. Um indício desse adiantamento se reflete nas exportações de julho, que apresentaram forte aumento em relação ao mesmo mês de 2022[1]. Além disso, como ilustrado no gráfico acima, a taxa de rotatividade na Indústria ficou consideravelmente acima da média de anos anteriores durante os primeiros meses de 2023, indicando uma movimentação atípica no setor. Portanto, devido a essa sazonalidade, é previsto que agosto ainda apresente saldos negativos na Indústria, embora possam não ser tão acentuados quanto em anos anteriores.


[1] O efeito dominante para explicar a variação da receita de exportação do segmento do Tabaco foi na quantidade de produtos exportados no período. Ver: Indústria de Transformação do RS fatura US$ 1,5 bilhão com exportações em julho, retração de 0,4% com relação ao mesmo período de 2022 – Observatório da Indústria (observatoriodaindustriars.org.br).

Indústria gaúcha inicia o segundo semestre em queda e com excesso de estoques

Segundo a avaliação dos empresários, na Sondagem Industrial do RS de julho, a indústria gaúcha iniciou o segundo semestre mantendo os sinais de desaquecimento que predominam desde o final do ano passado. A produção e o emprego caíram, os estoques ficaram acima do planejado, e a ociosidade bem acima do normal. Para os próximos seis meses, os empresários gaúchos esperam avanço modesto da demanda e queda do emprego, demonstrando também um cenário moderado para os investimentos.

O índice de produção registrou 46,3 pontos em julho, mostrando, abaixo de 50, queda da produção em relação a junho. Nos últimos onze meses, a produção industrial gaúcha cresceu apenas em março último. Com relação ao resultado, o índice é 5,5 pontos inferior à média histórica do mês (51,8 pontos) e o terceiro menor patamar em 14 anos de pesquisa, ficando acima apenas dos julhos de 2014 e 2015.

Índice de evolução da produção

(Acima (abaixo) de 50 pontos, o índice mostra alta (queda) em relação ao mês anterior. I Em pontos)

Fonte: UUE/FIERGS

Da mesma forma, o emprego da indústria gaúcha também caiu em julho na comparação com junho. O índice do número de empregados registrou 44,8 pontos, ficando abaixo dos 50 pontos e da média histórica do mês (48,2 pontos), sinalizando retração além do normal. Vale ressaltar ainda, que o emprego não cresce há dez meses e o ritmo de queda em julho foi o mais intenso desse período.

Confirmando o desaquecimento da atividade industrial em julho, a Sondagem mostrou que os empresários gaúchos consideraram a utilização da capacidade instalada (UCI) –70,0% em julho –, bem abaixo do normal. O índice de UCI efetiva em relação à usual, que considera a UCI comum para o mês, registrou 40,7 pontos em julho, evidenciando uma elevada ociosidade no mês, ao ficar distante dos 50 pontos que representam o normal para cada período.

Índice de UCI efetiva em relação ao nível usual

(Acima (abaixo) de 50 pontos, o índice mostra UCI acima (abaixo) do nível usual para o mês. l Em pontos)

Fonte; UEE/FIERGS

Apesar da redução intensa e sistemática da produção, a indústria gaúcha não consegue ajustar seus níveis de estoques de produtos, num claro indício de demanda fraca e de dificuldades futuras para a produção. De fato, o índice de estoque efetivo em relação ao planejado pelas empresas não apenas se manteve acima dos 50 pontos, como cresceu de 53,2 em junho para 54,6 em julho. Nesse caso, marcas maiores que 50 representam excesso de estoques, quanto mais acima, maior o acúmulo.

Índice de estoques em relação ao planejado

(O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam estoques acima (abaixo) do planejado do para o mês. l Em ponto)

Fonte: UEE/FIERGS

Para os próximos seis meses, a percepção dos empresários gaúchos com relação à demanda ainda é positiva em agosto, porém o otimismo diminuiu. O índice de expectativas de demanda atingiu 51,4 pontos no mês ante 52,9 em julho. O valor acima e próximo de 50 projeta pequeno crescimento da demanda. Porém, as perspectivas dos empresários são de quedas para o emprego (47,7 pontos), as compras de matérias-primas (49,2) e as exportações (47,1).

Por fim, a Sondagem mostrou que o índice de intenção de investimento do setor nos próximos seis meses pouco se alterou em agosto. O índice, que varia de 0 a 100 pontos, reflete a disposição de investir em máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento e inovação de produto ou processo, ficando em 51,8 pontos nesse mês, 0,6 a mais que julho. Quanto mais alto, maior e mais disseminada a determinação de investir. Como o índice está num nível similar à média histórica (51,2 pontos), a disposição em agosto é moderada. De fato, a proporção de indústrias gaúchas com intenção de investir atingiu 53,4% do total no mês.

Índice de intenção de investir nos próximos seis meses

(O índice varia de zero (nenhuma empresa tem intenção) a 100 (todas têm intenção), quanto maior o índice, maior a intenção para investir. l Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20192020202120222023*
Agropecuária0,44,20,3-1,711,0
Indústria-0,7-3,04,81,60,8
Serviços1,5-3,75,24,21,4
TOTAL1,2-3,35,02,92,0
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$7,3897,6108,8999,91510,599
Em US$21,8731,4761,6491,9202,119
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20192020202120222023*
IGP-M 7,323,117,85,5-2,7
INPC4,55,410,25,94,6
IPCA4,34,510,15,84,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Extrativa Mineral-9,7-3,41,0-3,24,6
Transformação0,2-4,64,3-0,40,0
Indústria Total3-1,1-4,53,9-0,70,5
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária13371466435
Indústria97149719442299
Indústria de Transformação1348439215147
Construção7197245193134
Extrativa e SIUP4133363519
Serviços534-3781.9121.515941
TOTAL644-1932.7782.0211.276
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano11,114,211,17,97,3
Média do ano12,013,89,37,97,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações221,1209,2280,8334,5304,0
Importações185,9158,8219,4272,7239,5
Balança Comercial35,250,461,461,864,5
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20192020202120222023*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)4,502,009,2513,7512,00
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)54,028,97,4-6,5-5,2
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)4,035,205,585,224,95
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

20192020202120222023*
Resultado Primário-0,8-9,20,71,3-1,2
Juros Nominais-5,0-4,1-5,0-5,9-6,0
Resultado Nominal-5,8-13,3-4,3-4,6-7,2
Dívida Líquida do Setor Público54,761,455,857,161,0
Dívida Bruta do Governo Geral74,486,978,372,374,3
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20192020202120222023*
Agropecuária3,0-29,560,2-45,619,8
Indústria0,2-6,111,22,2-2,0
Serviços0,8-5,04,23,72,0
TOTAL1,1-7,210,6-5,12,5
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$482,464470,942584,602594,055638,133
Em US$2122,28291,317108,362115,018127,599
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária01732
Indústria-60472912
Indústria de Transformação-20432210
Construção-40572
Extrativa e SIUP700-100
Serviços26-43906840
TOTAL20-4214410054
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano7,38,68,14,64,6
Média do ano8,19,38,76,15,0
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações17,314,121,122,619,7
Industriais12,510,414,117,216,1
Importações10,37,611,716,014,6
Balança Comercial6,96,59,46,65,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20192020202120222023*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)35,736,245,743,344,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20192020202120222023*
Faturamento real3,0-3,18,95,9-3,7
Compras industriais-2,7-5,531,2-0,5-8,9
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)0,7-4,55,7-0,7-3,0
Massa salarial real-0,8-9,05,310,93,9
Emprego0,0-1,96,75,9-0,2
Horas trabalhadas na produção-0,9-5,515,28,4-1,0
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS0,1-4,712,94,1-3,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)2,5-5,59,01,1-3,3
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações
Economia Gaúcha: Não houve alterações.
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