Na última sexta-feira (27/10), o IBGE divulgou mais uma rodada de variáveis do Censo Demográfico de 2022: o quantitativo da população por sexo e idade. Hoje somos mais de 203 milhões de brasileiros, contingente 6,5% superior ao de 2010 (190,8 milhões). Pelo recorte de gênero, o número de mulheres foi superior ao de homens em 2022: havia 6,0 milhões de mulheres a mais no país, em 2010 essa diferença era de 3,9 milhões. Acre, Roraima, Tocantins e Mato Grosso foram os únicos estados em que os homens são maioria.
Os números que têm causado rumores nos últimos dias são referentes ao quantitativo de idosos no Brasil: essa população aumentou 57,4% entre 2010 e 2022, chegando a 22,2 milhões de pessoas, o que representa 8,1 milhões de idosos a mais no Brasil em 12 anos. O percentual de pessoas acima de 65 anos com relação à população total é de 10,9%, em 2010 esse número era 3,5 p.p. menor. Quando analisamos as pessoas de 0 a 14 anos, indivíduos que nasceram durante os últimos dois censos, houve redução dessa população de 12,6% (40,1 milhões de pessoas ante 45,9 milhões em 2010). O avanço no número de idosos frente à população que estará no mercado de trabalho daqui a 10 anos, por exemplo, se reflete na idade mediana da população brasileira: 35 anos em 2022 frente aos 29 anos de 2010.
Quando abrimos esses números para as Unidades da Federação, o Rio Grande do Sul tem posição de destaque: é o estado com maior quantidade de idosos do Brasil em relação a sua população total (14,1%). Há 1,5 milhão de pessoas acima dos 65 anos em solo gaúcho, em 2010 eram 994,6 mil. Acima dos 100 anos, o número também aumentou: 1,0 mil em 2010 para 1,5 mil em 2022. Quando olhamos pela ótica da razão de dependência, que é medida pela divisão entre as quantidades de pessoas acima dos 65 anos e a população economicamente ativa (pessoas entre 15 e 64 anos), o Rio Grande do Sul também é destaque: a cada 100 pessoas em idade potencialmente ativas, existe 21 pessoas acima de 65 anos, em 2010 esse número era de 13.
Proporção de idosos com relação a população total da UF
(Em % da população total)

Razão de dependência das pessoas acima de 65 anos

Entre os municípios gaúchos, o que se destaca por possuir o maior quantitativo de pessoas acima dos 65 anos em relação à população total é Coqueiro Baixo, em que 30% de sua população de 1,3 mil pessoas é constituída por idosos. Esse município fica localizado no Vale do Taquari. Considerando apenas as cidades acima de 10 mil, os maiores destaques foram: Jaguari (20,6%), Cidreira (20,2%), Balneário Pinhal (20,2%), Palmares do Sul (19,9%), entre outros.
Municípios acima de 10 mil habitantes do Rio Grande do Sul com maior proporção de idosos com relação a população total
Município | População total | Quantidade de pessoas acima de 65 anos | Prop. % com relação ao total da população |
---|---|---|---|
Jaguari | 10.579 | 2.175 | 20,6 |
Cidreira | 17.071 | 3.454 | 20,2 |
Balneário Pinhal | 14.955 | 3.022 | 20,2 |
Palmares do Sul | 12.844 | 2.561 | 19,9 |
São Pedro do Sul | 15.577 | 3.047 | 19,6 |
Crissiumal | 12.886 | 2.497 | 19,4 |
Arroio do Sal | 11.057 | 2.127 | 19,2 |
São Francisco de Assis | 17.618 | 3.328 | 18,9 |
São Sepé | 21.219 | 3.939 | 18,6 |
Piratini | 17.504 | 3.238 | 18,5 |
Santo Antônio das Missões | 10.300 | 1.901 | 18,5 |
Sananduva | 16.399 | 3.006 | 18,3 |
Restinga Sêca | 14.939 | 2.712 | 18,2 |
Antônio Prado | 13.045 | 2.310 | 17,7 |
Caçapava do Sul | 32.515 | 5.747 | 17,7 |
Giruá | 16.013 | 2.790 | 17,4 |
Roca Sales | 10.418 | 1.815 | 17,4 |
Cruzeiro do Sul | 11.600 | 2.016 | 17,4 |
Imbé | 26.824 | 4.627 | 17,2 |
São Lourenço do Sul | 41.989 | 7.182 | 17,1 |
Tapes | 14.695 | 2.475 | 16,8 |
Getúlio Vargas | 16.602 | 2.795 | 16,8 |
Santo Cristo | 15.320 | 2.576 | 16,8 |
Cachoeira do Sul | 80.070 | 13.453 | 16,8 |
Pinheiro Machado | 11.214 | 1.879 | 16,8 |
Além de um número elevado de idosos, o Rio Grande do Sul dispõe de um baixo número de pessoas entre 0 a 14 anos. No período entre 2010 e 2022, essa população declinou 14,5% (1,9 milhão ante 2,2 milhões em 2010), acima da queda nacional (-12,6%). Entre os estados brasileiros apenas três elevaram o quantitativo de crianças e adolescentes: Roraima, Mato Grosso e Santa Catarina.
A consequência de haver um estado com grande número de idosos e baixa quantidade de pessoas abaixo dos 14 anos é o avanço da idade mediana da população. O Rio Grande do Sul foi um dos estados que envelheceu mais rápido. Em 2010, o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul eram as unidades da federação mais velhas do país, com mediana de 32 anos. Após 12 anos, os gaúchos dispõem de idade mediana de 38 anos, enquanto os fluminenses 37 anos.
Idade mediana da população brasileira


Qual a implicação econômica desses resultados? Um estado mais velho impõe desafios sobre o mercado de trabalho e enorme esforço da rede assistencialista. Hoje no Rio Grande do Sul, uma das grandes reclamações do setor industrial têm sido a falta de trabalhadores, principalmente, nos setores intensivos em mão de obra, como é o caso do setor da Construção. Já não se pode mais contar só com jovens nas empresas, as firmas terão que se reorganizar e treinar novas habilidades, principalmente, as tecnológicas, para a população mais velha. O aumento da produtividade é imprescindível, o que passa por melhorias no sistema educacional.
Na própria economia do RS, alguns setores ganharão maior relevância, como é o caso das áreas que envolvem cuidados pessoais: profissionais de cuidados de idosos, residências geriátricas, hospitais, planos de saúde, área farmacêutica, etc. Além de produtos e serviços mais adequados a essa fase da vida, como é o caso de roupas, calçados, serviços culturais, entre tantos outros. Portanto, ao mesmo tempo que os desafios se apresentam, as oportunidades também surgem.
Indústria gaúcha inicia o último trimestre do ano sem confiança
O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS) ficou praticamente estável em outubro, oscilando para 48,5 pontos, de 48,4 em setembro. Com esse resultado a indústria gaúcha completou um ano sem confiança. O índice varia de zero a 100. Os 50 pontos dividem a falta (quando abaixo) da presença de confiança (quando acima) e quanto mais distante dessa marca, maior e mais disseminado está o pessimismo ou o otimismo dos empresários.
Assim como o ICEI/RS, seus componentes pouco se alteraram de setembro para outubro. Os empresários seguem percebendo piora nas condições atuais e pessimistas com o futuro da economia brasileira.
Índice de Confiança do Empresário Industrial do RS

A expansão do ICEI/RS de julho para agosto ocorreu, do ponto de vista de seus componentes, devido à melhora relativa nas avaliações dos empresários sobre as condições atuais, que ficaram menos desfavoráveis.
O Índice de Condições Atuais passou de 43,5 para 43,3 pontos no período, denotando, abaixo de 50, piora, impactado, principalmente, pelo Índice de Condições da Economia, que passou de 38,9 em setembro para 38,5 pontos. Somente 6,2% dos empresários percebem melhora nas condições da economia brasileira nos últimos seis meses. Dos 93,8% restantes, metade vê piora (46,9%) e metade não percebe mudança (46,9%). As condições atuais das empresas também seguem se deteriorando em outubro: o índice ficou estável em 45,8 pontos.
Condições Atuais
(Em relação aos últimos seis meses)

Os empresários gaúchos se mostram, em outubro, pouco otimistas para os próximos seis meses. De fato, o Índice de Expectativas subiu ligeiramente de 50,8 em setembro para 51,1 pontos outubro. O aumento e o valor na região de otimismo (acima dos 50 pontos) deve-se exclusivamente ao componente relacionado às expectativas sobre as próprias empresas, cujo índice subiu de 53,8 para 54,4 pontos no período. Já o Índice de Expectativas com a Economia Brasileira, que caiu de 44,9 para 44,4 pontos, permanece na faixa negativa. Em outubro, a parcela de empresários pessimistas com a economia brasileira é bem maior que a de otimistas: 32,1% e 13,3%, respectivamente. A maioria dos empresários (54,6%) acredita que não deve haver mudanças no cenário econômico nacional nos próximos seis meses.
Expectativas
(Para os próximos seis meses)

A fraqueza da demanda doméstica, sobretudo dos investimentos, mantém a confiança dos empresários gaúchos em patamares muito baixos no início do último trimestre do ano. A trajetória declinante da atividade do setor no ano corrobora a percepção negativa dos empresários, em um cenário onde os juros elevados, o crédito restrito e a questão fiscal elevaram as incertezas na economia brasileira.
Vale ressaltar também que a confiança dos empresários em outubro parece não ter sido afetada significativamente pelos eventos climáticos severos que atingiram o estado e pelo conflito em Israel.
Por fim, a retomada da indústria gaúcha pressupõe a melhora da confiança dos empresários e, portanto, diante dos resultados de outubro, nada sugere uma mudança na trajetória atual do setor no curto prazo.
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
Produto Interno Bruto1
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0,4 | 4,2 | 0,3 | -1,7 | 13,2 |
Indústria | -0,7 | -3,0 | 4,8 | 1,6 | 1,3 |
Serviços | 1,5 | -3,7 | 5,2 | 4,2 | 2,4 |
TOTAL | 1,2 | -3,3 | 5,0 | 2,9 | 3,0 |
Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 7,389 | 7,610 | 8,899 | 9,915 | 10,693 |
Em US$2 | 1,873 | 1,476 | 1,649 | 1,920 | 2,137 |
Inflação (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
IGP-M | 7,3 | 23,1 | 17,8 | 5,5 | -3,7 |
INPC | 4,5 | 5,4 | 10,2 | 5,9 | 3,9 |
IPCA | 4,3 | 4,5 | 10,1 | 5,8 | 4,7 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Extrativa Mineral | -9,7 | -3,4 | 1,0 | -3,2 | 4,6 |
Transformação | 0,2 | -4,6 | 4,3 | -0,4 | 0,0 |
Indústria Total3 | -1,1 | -4,5 | 3,9 | -0,7 | 0,5 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 13 | 37 | 146 | 64 | 35 |
Indústria | 97 | 149 | 719 | 442 | 299 |
Indústria de Transformação | 13 | 48 | 439 | 215 | 147 |
Construção | 71 | 97 | 245 | 193 | 134 |
Extrativa e SIUP4 | 13 | 3 | 36 | 35 | 19 |
Serviços | 534 | -378 | 1.912 | 1.515 | 941 |
TOTAL | 644 | -193 | 2.778 | 2.021 | 1.276 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 11,1 | 14,2 | 11,1 | 7,9 | 7,3 |
Média do ano | 12,0 | 13,8 | 9,3 | 7,9 | 7,6 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 221,1 | 209,2 | 280,8 | 334,5 | 304,0 |
Importações | 185,9 | 158,8 | 219,4 | 272,7 | 239,5 |
Balança Comercial | 35,2 | 50,4 | 61,4 | 61,8 | 64,5 |
Moeda e Juros
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.) | 4,50 | 2,00 | 9,25 | 13,75 | 11,75 |
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)5 | 4,0 | 28,9 | 7,4 | -6,5 | -3,3 |
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$) | 4,03 | 5,20 | 5,58 | 5,22 | 5,05 |
Setor Público (% do PIB)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Resultado Primário | -0,8 | -9,2 | 0,7 | 1,3 | -1,2 |
Juros Nominais | -5,0 | -4,1 | -5,0 | -5,9 | -6,0 |
Resultado Nominal | -5,8 | -13,3 | -4,3 | -4,6 | -7,2 |
Dívida Líquida do Setor Público | 54,7 | 61,4 | 55,8 | 57,1 | 61,0 |
Dívida Bruta do Governo Geral | 74,4 | 86,9 | 78,3 | 72,3 | 74,3 |
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA
Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 3,0 | -29,5 | 60,2 | -45,6 | 19,8 |
Indústria | 0,2 | -6,1 | 11,2 | 2,2 | -2,0 |
Serviços | 0,8 | -5,0 | 4,2 | 3,7 | 2,0 |
TOTAL | 1,1 | -7,2 | 10,6 | -5,1 | 2,5 |
Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 482,464 | 470,942 | 584,602 | 594,055 | 638,133 |
Em US$2 | 122,282 | 91,317 | 108,362 | 115,018 | 127,599 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0 | 1 | 7 | 3 | 2 |
Indústria | -6 | 0 | 47 | 29 | 12 |
Indústria de Transformação | -2 | 0 | 43 | 22 | 10 |
Construção | -4 | 0 | 5 | 7 | 2 |
Extrativa e SIUP7 | 0 | 0 | -1 | 0 | 0 |
Serviços | 26 | -43 | 90 | 68 | 40 |
TOTAL | 20 | -42 | 144 | 100 | 54 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 7,3 | 8,6 | 8,1 | 4,6 | 4,6 |
Média do ano | 8,1 | 9,3 | 8,7 | 6,1 | 5,0 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 17,3 | 14,1 | 21,1 | 22,6 | 19,7 |
Industriais | 12,5 | 10,4 | 14,1 | 17,2 | 16,1 |
Importações | 10,3 | 7,6 | 11,7 | 16,0 | 14,6 |
Balança Comercial | 6,9 | 6,5 | 9,4 | 6,6 | 5,2 |
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões) | 35,7 | 36,2 | 45,7 | 43,3 | 44,6 |
Indicadores Industriais (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Faturamento real | 3,0 | -3,1 | 8,9 | 5,9 | -3,7 |
Compras industriais | -2,7 | -5,5 | 31,2 | -0,5 | -8,9 |
Utilização da capacidade instalada (em p.p.) | 0,7 | -4,5 | 5,7 | -0,7 | -3,0 |
Massa salarial real | -0,8 | -9,0 | 5,3 | 10,9 | 3,9 |
Emprego | 0,0 | -1,9 | 6,7 | 5,9 | -0,2 |
Horas trabalhadas na produção | -0,9 | -5,5 | 15,2 | 8,4 | -1,0 |
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS | 0,1 | -4,7 | 12,9 | 4,1 | -3,3 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Produção Física Industrial8 (% a.a.) | 2,5 | -5,5 | 9,0 | 1,1 | -3,3 |
Informações sobre as atualizações das projeções: Economia Brasileira: Não houve alterações. Economia Gaúcha: Não houve alterações. As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista desta Federação. É permitida a reprodução deste texto e dos dados contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. |
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