Embora o mercado externo apresente grande importância para qualquer economia desenvolvida, o grau em que este afeta o desempenho de cada atividade econômica é variado. De maneira geral, os ganhos associados a um fluxo maior de comércio internacional estão relacionados à maior competitividade e produtividade dos fatores de produção. Visto haver um maior mercado consumidor, o tamanho da fábrica que exporta pode aumentar, o que se traduz em menores custos médios de produção e, por meio do processo concorrencial, melhor utilização dos fatores produtivos. Além disso, como uma parte da demanda final não está ligada aos desdobramentos macroeconômicos do mercado interno, firmas abertas ao mercado externo apresentam uma vantagem adicional quando há problemas conjunturais nacionais. Nesse informe identificam-se quais os segmentos da Indústria de Transformação têm suas receitas mais atreladas ao mercado externo, assim como um comparativo entre os segmentos no Brasil e no Rio Grande do Sul.
Para se computar o peso que o mercado exerce no rendimento da Transformação, utilizou-se no denominador a Receita Líquida de Vendas deflacionada pelo IPCA, cujos dados nominais são disponibilizados pela Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGE. No numerador são contabilizadas as exportações deflacionadas em moeda corrente, com a conversão das exportações para reais sendo realizada por meio da taxa de câmbio média em cada mês da série.
Como resultado preliminar, para a Indústria de Transformação como um todo, verifica-se que historicamente o Rio grande do Sul é mais aberto ao mercado externo do que o Brasil. Conforme mostra o gráfico, as exportações apresentam um peso maior no faturamento das Indústrias gaúchas em relação à média do Brasil.
Peso do mercado externo na Receita da Indústria de Transformação
(Em %)
Nos dados mais recentes de 2021, aproximadamente 20,5% da Receita Líquida de Vendas da Indústria de Transformação gaúcha teve o setor externo como origem. Em termos comparativos, o Brasil teve somente 17,9% de sua receita advinda do mercado externo naquele ano. Pode-se apontar, ainda, que em média o Rio Grande do Sul apresenta maiores laços com o mercado externo do que o Brasil, com a média da Transformação gaúcha rondando 19,7% e a brasileira 16,6%, entre 2007 e 2021.
Com relação aos segmentos da Indústria de Transformação que têm suas receitas mais atreladas ao mercado externo no RS, segundo o último dado disponibilizado pela PIA/IBGE referente a 2021, destacam-se: Celulose e papel (54,3%), seguido de Tabaco (52,3%), Madeira (39,3%), Couro e calçados (36,5%) e Alimentos (27,9%). Tomando-se a média de toda a série, que começa em 2007 e vai até 2021, o segmento de Tabaco seria o que historicamente apresenta maiores laços com o mercado externo (61,5%). Vale salientar que esses segmentos apresentam maior participação do mercado externo no RS do que no Brasil.
Peso do mercado externo na Receita da Indústria de Transformação
(Em %)
RS (2021) | Média (2007-2021) | BR (2021) | Média (2007-2021) | |
---|---|---|---|---|
Indústria de Transformação | 20,5 | 19,7 | 17,9 | 16,6 |
Celulose e papel | 54,3 | 29,2 | 33,0 | 28,3 |
Tabaco | 52,3 | 61,5 | 51,1 | 53,0 |
Madeira | 39,3 | 26,0 | 45,0 | 32,2 |
Couro e calçados | 36,5 | 28,4 | 30,8 | 26,9 |
Alimentos | 27,9 | 25,1 | 25,2 | 23,5 |
Produtos de metal | 22,8 | 14,6 | 7,9 | 7,8 |
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos | 22,6 | 21,9 | 13,4 | 13,4 |
Produtos diversos | 20,7 | 13,1 | 12,9 | 12,9 |
Químicos | 18,2 | 20,2 | 10,8 | 11,2 |
Vestuário e acessórios | 17,9 | 8,2 | 2,0 | 1,5 |
Móveis | 16,3 | 10,7 | 12,4 | 7,7 |
Veículos automotores | 16,2 | 15,1 | 16,9 | 16,6 |
Máquinas e equipamentos | 13,9 | 16,1 | 21,0 | 21,5 |
Borracha e plástico | 12,6 | 11,3 | 8,1 | 8,3 |
Equipamentos de informática | 9,6 | 6,9 | 4,7 | 6,7 |
Farmoquímicos | 8,8 | 7,9 | 8,4 | 8,6 |
Metalurgia | 7,7 | 6,7 | 34,9 | 32,5 |
Minerais não metálicos | 6,2 | 6,5 | 9,7 | 8,0 |
Têxteis | 4,9 | 14,5 | 6,0 | 6,4 |
Coque e derivados do pet. | 4,3 | 5,3 | 9,6 | 6,8 |
Bebidas | 2,2 | 0,9 | 2,2 | 1,5 |
Outros equipamentos de transporte | 1,9 | 27,7 | 38,4 | 56,4 |
Impressão e reprodução de gravações | 1,2 | 0,6 | 2,3 | 1,2 |
Rio Grande do Sul mantém estabilidade no mercado de trabalho
Após um período de relativo dinamismo, os dados mais recentes revelam que o mercado de trabalho no Rio Grande do Sul se estabilizou em 2023. A expansão da ocupação e da força de trabalho possibilitaram um modesto declínio na taxa de desocupação nos dados sem ajuste sazonal. Contudo, na análise com ajuste sazonal, os resultados permanecem constantes desde o final do ano passado.
De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) trimestral do IBGE, a taxa de desocupação no Rio Grande do Sul voltou a recuar no segundo trimestre de 2023 em comparação com o trimestre anterior, atingindo o seu patamar mais baixo desde o final de 2022, registrando 5,3%. No segundo trimestre do ano anterior, a taxa de desocupação foi de 6,3%, o que representou uma queda de um ponto percentual. Na série dessazonalizada, o desemprego permaneceu estável em 5,2% desde o último trimestre do ano anterior, conforme gráfico abaixo.
Em comparação com o Brasil, o mercado de trabalho gaúcho historicamente apresenta desocupação mais baixa do que o cenário nacional. A taxa de desemprego no Brasil caiu para o patamar de 8,0% no segundo trimestre de 2023 na série sem ajuste sazonal. Esse resultado representa uma melhora em relação ao primeiro trimestre de 2023 (8,8%) e ao mesmo trimestre do ano passado (9,3%). Na série com ajuste sazonal, a taxa de desocupação foi de 7,9%, o que representou uma redução de 0,3 p.p. em relação ao trimestre anterior e 1,3 p.p. em comparação ao mesmo período de 2022, conforme mostra o gráfico abaixo.
Taxa de desocupação
(Em % da força de trabalho | série dessazonalizada)
Importante destacar que as melhoras no desemprego no Rio Grande do Sul e no Brasil têm origens distintas. No caso do estado gaúcho, a taxa de participação, que mede a proporção da força de trabalho em relação à população em idade ativa, vem apresentando uma tendência contínua de recuperação. No segundo trimestre de 2023, essa taxa atingiu 66,1%, o valor mais alto desde o quarto trimestre de 2019, ou seja, antes dos impactos negativos decorrentes da pandemia de Covid-19. Já no cenário nacional, a taxa de participação vinha declinando desde o segundo trimestre de 2022, indicando que parte da redução no desemprego foi resultado da saída de pessoas da força de trabalho. Somente no resultado mais recente, a série com ajuste sazonal voltou a apresentar melhora, passando de 61,4% para 62,0% em relação ao trimestre anterior.
Taxa de participação
(Em % | Dessazonalizada)
Em síntese, os resultados apresentados refletem a evolução, ainda que modesta, do mercado de trabalho no Rio Grande do Sul, indicando um cenário de estabilidade. A manutenção das taxas de desocupação mais baixas, bem como a trajetória crescente na taxa de participação no estado em contraste com a tendência nacional, são fatores positivos para a economia gaúcha.
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
Produto Interno Bruto1
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0,4 | 4,2 | 0,3 | -1,7 | 11,0 |
Indústria | -0,7 | -3,0 | 4,8 | 1,6 | 0,8 |
Serviços | 1,5 | -3,7 | 5,2 | 4,2 | 1,4 |
TOTAL | 1,2 | -3,3 | 5,0 | 2,9 | 2,0 |
Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 7,389 | 7,610 | 8,899 | 9,915 | 10,599 |
Em US$2 | 1,873 | 1,476 | 1,649 | 1,920 | 2,119 |
Inflação (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
IGP-M | 7,3 | 23,1 | 17,8 | 5,5 | -2,7 |
INPC | 4,5 | 5,4 | 10,2 | 5,9 | 4,6 |
IPCA | 4,3 | 4,5 | 10,1 | 5,8 | 4,8 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Extrativa Mineral | -9,7 | -3,4 | 1,0 | -3,2 | 4,6 |
Transformação | 0,2 | -4,6 | 4,3 | -0,4 | 0,0 |
Indústria Total3 | -1,1 | -4,5 | 3,9 | -0,7 | 0,5 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 13 | 37 | 146 | 64 | 35 |
Indústria | 97 | 149 | 719 | 442 | 299 |
Indústria de Transformação | 13 | 48 | 439 | 215 | 147 |
Construção | 71 | 97 | 245 | 193 | 134 |
Extrativa e SIUP4 | 13 | 3 | 36 | 35 | 19 |
Serviços | 534 | -378 | 1.912 | 1.515 | 941 |
TOTAL | 644 | -193 | 2.778 | 2.021 | 1.276 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 11,1 | 14,2 | 11,1 | 7,9 | 7,3 |
Média do ano | 12,0 | 13,8 | 9,3 | 7,9 | 7,6 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 221,1 | 209,2 | 280,8 | 334,5 | 304,0 |
Importações | 185,9 | 158,8 | 219,4 | 272,7 | 239,5 |
Balança Comercial | 35,2 | 50,4 | 61,4 | 61,8 | 64,5 |
Moeda e Juros
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.) | 4,50 | 2,00 | 9,25 | 13,75 | 12,00 |
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)5 | 4,0 | 28,9 | 7,4 | -6,5 | -5,2 |
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$) | 4,03 | 5,20 | 5,58 | 5,22 | 4,95 |
Setor Público (% do PIB)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Resultado Primário | -0,8 | -9,2 | 0,7 | 1,3 | -1,2 |
Juros Nominais | -5,0 | -4,1 | -5,0 | -5,9 | -6,0 |
Resultado Nominal | -5,8 | -13,3 | -4,3 | -4,6 | -7,2 |
Dívida Líquida do Setor Público | 54,7 | 61,4 | 55,8 | 57,1 | 61,0 |
Dívida Bruta do Governo Geral | 74,4 | 86,9 | 78,3 | 72,3 | 74,3 |
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA
Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 3,0 | -29,5 | 60,2 | -45,6 | 19,8 |
Indústria | 0,2 | -6,1 | 11,2 | 2,2 | -2,0 |
Serviços | 0,8 | -5,0 | 4,2 | 3,7 | 2,0 |
TOTAL | 1,1 | -7,2 | 10,6 | -5,1 | 2,5 |
Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 482,464 | 470,942 | 584,602 | 594,055 | 638,133 |
Em US$2 | 122,282 | 91,317 | 108,362 | 115,018 | 127,599 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0 | 1 | 7 | 3 | 2 |
Indústria | -6 | 0 | 47 | 29 | 12 |
Indústria de Transformação | -2 | 0 | 43 | 22 | 10 |
Construção | -4 | 0 | 5 | 7 | 2 |
Extrativa e SIUP7 | 0 | 0 | -1 | 0 | 0 |
Serviços | 26 | -43 | 90 | 68 | 40 |
TOTAL | 20 | -42 | 144 | 100 | 54 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 7,3 | 8,6 | 8,1 | 4,6 | 4,6 |
Média do ano | 8,1 | 9,3 | 8,7 | 6,1 | 5,0 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 17,3 | 14,1 | 21,1 | 22,6 | 19,7 |
Industriais | 12,5 | 10,4 | 14,1 | 17,2 | 16,1 |
Importações | 10,3 | 7,6 | 11,7 | 16,0 | 14,6 |
Balança Comercial | 6,9 | 6,5 | 9,4 | 6,6 | 5,2 |
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões) | 35,7 | 36,2 | 45,7 | 43,3 | 44,6 |
Indicadores Industriais (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Faturamento real | 3,0 | -3,1 | 8,9 | 5,9 | -3,7 |
Compras industriais | -2,7 | -5,5 | 31,2 | -0,5 | -8,9 |
Utilização da capacidade instalada (em p.p.) | 0,7 | -4,5 | 5,7 | -0,7 | -3,0 |
Massa salarial real | -0,8 | -9,0 | 5,3 | 10,9 | 3,9 |
Emprego | 0,0 | -1,9 | 6,7 | 5,9 | -0,2 |
Horas trabalhadas na produção | -0,9 | -5,5 | 15,2 | 8,4 | -1,0 |
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS | 0,1 | -4,7 | 12,9 | 4,1 | -3,8 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Produção Física Industrial8 (% a.a.) | 2,5 | -5,5 | 9,0 | 1,1 | -3,3 |
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