Ano 26 – Número 13 – 1 de Abril de 2024

Informe Econômico

PIB do RS cresce 1,7% em 2023 e fica abaixo do esperado

O PIB do Rio Grande do Sul fechou 2023 com crescimento de 1,7%, totalizando R$ 640,30 bilhões, com altas em dois dos três grandes setores da economia gaúcha, segundo dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE/SPGG) publicados em 26 de março. O resultado ficou abaixo da estimativa de alta de 2,5%. Que divulgamos no Balanço Econômico 2023 e Perspectivas 2024, divulgado em novembro. A Agropecuária foi o destaque positivo no RS (+16,3%), cujo crescimento foi impulsionado pelo efeito base, devido à forte estiagem que o estado enfrentou em 2022. Além disso, as quantidades produzidas de soja e milho em 2023 cresceram 35,5% e 32,0% em relação ao ano anterior, respectivamente. O setor de Serviços também apresentou resultado positivo, crescendo 2,7%. A Indústria, por sua vez, recuou 4,0%, enquanto a nível nacional ela cresceu 1,6%. O PIB per capita alcançou R$ 55,5 mil no ano passado, um crescimento real de 1,4%, situando-se 10,5% acima da média brasileira (R$ 50,2 mil).

PIB – Rio Grande do Sul

(Var. % real)

4ºtrim23/ 3ºtrim23*4ºtrim23/ 4ºtrim22Acum. em 2023Acum. em 2023 – Brasil
PIB0,0-0,71,72,9
Agropecuária-12,3-23,116,315,1
Indústria0,1-1,0-4,01,6
Extrativa mineral-0,2-0,5-0,78,7
Transformação-1,7-5,1-5,4-1,3
Energia e saneamento (SIUP)**26,435,85,26,5
Construção4,4-1,3-2,2-0,5
Serviços0,62,12,72,4
Fonte: DEE/SPGG-RS. *Com ajuste sazonal. **Serviços Industriais de Utilidade Pública (eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana).

Na Indústria (-4,0%) apenas o segmento de Energia e Saneamento (+5,2%) apresentou números positivos. Os maiores recuos vieram da Transformação (-5,4%), Construção (-2,2%) e Extrativa (-0,7%). Com relação à primeira, dos 14 segmentos pesquisados pelo IBGE, 11 deles apresentaram decréscimos em 2023. Os maiores impactos negativos vieram de Máquinas e equipamentos (-9,0%), Produtos de metal (-13,7%), Produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,5%), Celulose, papel e produtos derivados do papel (-8,6%) e produtos alimentícios (-3,8%). Os principais valores positivos ficaram por conta de Bebidas (+5,3%), Tabaco (+4,3%) e Químicos (+3,4%).

Nos Serviços (+2,7%), todas as sete atividades analisadas apresentaram variação positiva no acumulado do ano. Os destaques positivos ficaram por conta das atividades de intermediação financeira e seguros (+7,0%), de outros serviços (+3,5%), atividades imobiliárias (+2,8%) e serviços de informação (+2,6%). Entre os segmentos do Comércio, o resultado positivo decorreu principalmente pelo desempenho do Comércio de veículos (+14,5%), Hipermercados e supermercados (+3,7%), Combustíveis e lubrificantes (+6,0%) e Artigos farmacêuticos e médicos (+6,0%).

Na comparação trimestre contra mesmo trimestre do ano anterior, o PIB do RS registrou recuo de 0,7%, enquanto o Brasil cresceu 2,1%. A Agropecuária registrou queda de 23,1% na comparação interanual, causada pela queda na produção de trigo, resultado do El Niño, que elevou a quantidade de chuvas no Estado, principalmente, durante o segundo semestre do ano. Na Indústria (-1,0%), apenas Energia e Saneamento (+35,8%) apresentou crescimento. A queda ficou por conta da Indústria de Transformação (-5,1%), Construção (-1,3%) e Extrativa (-0,5%). Nos Serviços (+2,1%), os destaques foram os crescimentos das atividades imobiliárias (+3,7%), intermediação financeira e seguros (+3,4%), serviços de informação (+3,3%) e outros serviços (+3,1%).

Ainda, na comparação com o terceiro trimestre de 2023, o PIB gaúcho se manteve estável. Enquanto a Agropecuária caiu 12,3%, o setor de Serviços cresceu 0,6% e a Indústria em 0,1%. No setor industrial, os principais avanços vieram da Energia e Saneamento (+26,4%) e da Construção (+4,4%), enquanto o resultado negativo ficou por conta da Transformação (-1,7%, queda maior do que a taxa nacional que recuou apenas 0,2%).

O crescimento do PIB do Rio Grande do Sul em 2023 foi resultado do desempenho da Agropecuária e dos Serviços. O El Niño do segundo semestre e a estiagem do início do ano, não foram capazes de superar a base deprimida da Agropecuária do ano anterior. Da mesma forma, o mercado de trabalho resiliente – com a abertura de 47 mil vagas em 2023 –, somados aos incentivos fiscais para compra de automóveis foram alguns dos fatores que impulsionaram os Serviços no ano passado.

A Indústria Gaúcha contrariou a tendência nacional e amargou um 2023 de forte recuo. O volume excessivo de chuvas no segundo semestre, especialmente prejudicial às indústrias de Alimentos, foi um dos fatores responsáveis por essa queda. A parada para manutenção da Refap e os investimentos da CMPC também impactaram os setores de Refino de Petróleo e Celulose, respectivamente. As férias coletivas nas empresas de veículos automotores e as medidas de reestruturação das políticas de armas do Governo Federal também contribuíram para o desempenho negativo da Indústria Gaúcha. Por fim, a política monetária contracionista, com juros altos, e a baixa confiança empresarial, que reduziu os investimentos no estado, foram os principais responsáveis pela queda dos setores que produzem bens de capital.

No Balanço de 2023 e Perspectivas 2024, apresentado em novembro, estimamos um crescimento de 4,7% para o RS no ano corrente, impulsionado pela perspectiva de safra recorde de grãos. A Indústria e os Serviços devem apresentar crescimento moderado, impulsionado pela resiliência do consumo das famílias e pela redução da taxa de juros. Com a divulgação de novos dados da atividade econômica do RS, atualizaremos nossas estimativas e as divulgaremos em breve.

Indústria Gaúcha abriu 14 mil empregos em fevereiro, mas saldo acumulado em 12 meses ainda é negativo

O Rio Grande do Sul abriu 25,5 mil postos de trabalho em fevereiro de 2024, segundo dados do Ministério do Trabalho divulgados em 27 de março. A título de comparação, em fevereiro do ano passado, houve criação de 20,4 mil postos, enquanto em 2022 esse número foi de 26,8 mil. Em relação aos outros estados, o Rio Grande do Sul ficou na quinta posição, com variação de 0,9% em relação ao estoque do mês anterior. Porém, o estado ficou abaixo da média da região sul, 1,0%.

Geração de empregos formais – Rio Grande do Sul

(Saldo líquido em número de vagas)

fev/24fev/23*Acumulado jan-fev/24*Acumulado jan-fev/23*Acumulado 12 meses*Acumulado mar/22 – fev/23*
Agropecuária4.6533.60815.43610.1626.3453.601
Indústria13.90212.33722.28118.172-5.02024.640
Indústria Extrativa64010011-14-37
Indústria de Transformação12.94811.96819.71215.381-1.70516.701
SIUP19204-17351-1.756772
Construção8711652.4862.429-1.5457.204
Serviços6.8974.4068.0232.77260.00157.996
Comércio-774-1.019-3.113-4.39913.16417.276
Outros Serviços7.6715.42511.1367.17146.83740.720
TOTAL DA ECONOMIA25.45220.35145.74031.10661.32686.237
*Ajustado com as declarações enviadas fora do prazo. ** SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública (eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana).
Fonte: Novo CAGED/Ministério do Trabalho e Previdência.

Entre os setores de atividade, a maior abertura de vagas ocorreu na Indústria, com a geração de 13,9 mil empregos (Transformação: +12,9 mil; Construção: + 871; Extrativa: +64; Serviços Industriais de Utilidade Pública: +19). Seguido de Serviços que abriu 6,9 mil novos postos, enquanto o Comércio fechou 774 vagas. Dos 24 segmentos da Indústria de Transformação, apenas dois fecharam vagas de emprego no mês. Os destaques positivos do mês foram:

  • Tabaco (+5,7 mil), com ampliação de postos em todas as atividades relacionadas por motivos sazonais, principalmente no Processo Industrial do Fumo (+2.732);
  • Couro e calçados (+1,4 mil), com destaque para Fabricação de calçados (+1.186);
  • Alimentos (+1,3 mil), sustentado pela Moagem, fabricação de produtos alimentícios e de alimentos para animais (+989).
  • Veículos automotores, reboques e carrocerias (+1,1 mil), sustentado pela fabricação de Cabines, Carrocerias e Reboques (+417) e de Caminhões e Ônibus (+382);
  • Produtos de metal (+819).

Já os únicos dois segmentos que apresentaram saldo negativo da Transformação foram:

  • Outros Equipamentos de Transporte (-138), com fechamento de 129 vagas no ramo de Construção de Embarcações;
  • Bebidas (-165).

No acumulado em 12 meses, o saldo aponta geração 61,3 mil postos de trabalho no estado, com geração de empregos em dois dos três grandes setores da economia: Serviços (+60 mil) e Agropecuária (+6,3 mil). Na Indústria houve fechamento de 5 mil vagas de emprego.

Já o Brasil gerou 306,1 mil postos de trabalho em fevereiro de 2024. Entre os grandes setores, Serviços é o maior destaque, com a abertura de 212,9 mil postos de trabalho. A Indústria gerou 89,5 mil empregos. Houve bom desempenho em todos os subsetores: Transformação (+51,9 mil), Construção (+35,1 mil), SIUP (+1,3 mil) e Extrativa (+1,3 mil). Além disso, 23 dos 24 segmentos da Indústria de Transformação geraram empregos. Os maiores saldos da Transformação vieram de Alimentos (+6,0 mil), Tabaco (+6,0 mil), Produtos de metal (+4,4 mil), Borracha e plástico (+4,3 mil). Já os menores vieram de Farmoquímicos e Farmacêuticos (-67), Outros equipamentos de transporte (+164) e Bebidas (+394). Por fim, a Agropecuária abriu 3,8 mil postos de trabalho no mês. Nos últimos 12 meses, foram geradas 1,6 milhão de vagas: Serviços (+1,2 milhão), Indústria (+349 mil) e Agropecuária (+19,9 mil).

Geração de empregos formais – Brasil

(Saldo líquido em número de vagas)

fev/24fev/23*Acumulado jan-fev/24*Acumulado jan-fev/23*Acumulado 12 meses*Acumulado mar/22 – fev/23*
Agropecuária3.75916.39825.75140.86319.91261.097
Indústria89.50162.767201.778136.607349.003404.062
Indústria Extrativa1.2581.3361.6991.71714.11611.919
Indústria de Transformação51.87037.177116.29471.732147.178197.288
SIUP1.3201.7672.0111.6179.80517.576
Construção35.05322.48781.77461.541177.904177.279
Serviços212.851173.319247.084165.0351.234.0211.369.508
Comércio19.7241.749-21.824-49.173303.381354.146
Outros Serviços193.127171.570268.908214.208930.6401.015.362
Não informado0314293
TOTAL DA ECONOMIA306.111252.487474.614342.5091.602.9651.834.670
*Ajustado com as declarações enviadas fora do prazo. ** SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública (eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana).
Fonte: Novo CAGED/Ministério do Trabalho e Previdência.
 

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20202021202220232024*
Agropecuária4,20,0-1,115,10,5
Indústria-3,05,01,51,61,3
Serviços-3,74,84,32,41,7
Total-3,34,83,02,91,5
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20202021202220232024*
Em R$7,6109,0129,91510,85611,482
Em US$21,4761,6701,9202,1702,295
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20202021202220232024*
IGP-M 23,117,85,5-3,24,0
INPC5,410,25,93,74,1
IPCA4,510,15,84,64,1
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20202021202220232024*
Extrativa Mineral-3,41,0-3,27,01,7
Transformação-4,64,3-0,4-1,01,1
Indústria Total3-4,53,9-0,70,21,4
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20202021202220232024*
Agropecuária37146643530
Indústria143720441286221
Indústria de Transformação45439214103109
Construção9524519315999
Extrativa e SIUP4436352413
Serviços-3721.9141.5081.163706
Total-1922.7802.0131.484956
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20202021202220232024*
Fim do ano14,211,17,97,47,6
Média do ano13,813,29,38,07,9
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20202021202220232024*
Exportações209,2280,8334,1339,7336,8
Importações158,8219,4272,6240,8241,6
Balança Comercial50,461,461,598,895,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20202021202220232024*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)2,009,2513,7511,759,50
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)5,205,585,225,005,08
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

20202021202220232024*
Resultado Primário-9,20,71,3-2,3-1,2
Juros Nominais-4,1-5,0-5,9-6,6-6,3
Resultado Nominal-13,3-4,3-4,6-8,9-7,5
Dívida Líquida do Setor Público61,455,857,160,564,5
Dívida Bruta do Governo Geral86,978,372,974,979,2
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20202021202220232024*
Agropecuária-29,653,0-45,616,337,1
Indústria-6,18,11,9-4,01,8
Serviços-5,04,43,62,71,5
Total-7,29,3-5,21,74,7
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20202021202220232024*
Em R$470,942581,284592,683640,299697,880
Em US$291,317107,747114,752128,189140,983
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20202021202220232024*
Agropecuária27311
Indústria-14729-96
Indústria de Transformação04322-65
Construção-157-21
Extrativa e SIUP30-11-10
Serviços-4290685514
Total-411441004721
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20202021202220232024*
Fim do ano8,68,14,65,25,0
Média do ano9,38,76,15,35,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20202021202220232024*
Exportações14,121,122,622,323,0
Indústria de Transformação10,414,417,716,817,1
Importações7,611,716,013,815,4
Balança Comercial6,59,46,68,57,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20202021202220232024*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)36,245,743,344,746,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20202021202220232024*
Faturamento real-3,18,95,9-7,22,1
Compras industriais-5,531,2-0,5-14,87,5
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)-4,55,7-0,7-3,31,0
Massa salarial real-9,05,310,92,80,6
Emprego-1,96,75,9-0,80,2
Horas trabalhadas na produção-5,515,28,4-3,51,5
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS-4,712,94,1-5,62,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20202021202220232024*
Produção Física Industrial4 (% a.a.)-5,59,01,1-4,72,3
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações nos valores de 2023. Não houve alterações nas projeções de 2024.
Economia Gaúcha: Foram atualizados os valores observados do PIB de 2023. Não houve alterações nas projeções de 2024.

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