Ano 24 – Número 49 – 5 de dezembro de 2022

Informe Econômico

PIB cresce 0,4% no 3° tri./2022, mostrando desaceleração na margem

O PIB do Brasil cresceu 0,4% no 3° tri/2022 em relação ao trimestre imediatamente anterior, mostrando desaceleração no ritmo de crescimento em relação ao último trimestre, quando a alta foi de 1,0%. Com esse resultado, o PIB alcança o maior patamar da série histórica iniciada em 1996, ficando 1,4% acima do último pico da série (1ºT/14) e 4,5% acima do patamar pré-pandemia (4ºT/19).

 A alta desse trimestre é consequência da melhora das condições de renda da população, principalmente, pela expansão da renda disponível, resultado do aumento do Auxílio Brasil e dos inúmeros Benefícios Sociais promulgados nesses três últimos meses. Além disso, o corte de impostos sobre Combustíveis, Energia e Comunicação, que resultaram em três meses de desinflação seguidas, e a continuidade na geração de postos de trabalho, geraram maior impulso de demanda nesse período.

Como resultado da expansão da renda disponível das famílias, o setor de Serviços continuou seu ciclo de recuperação, crescendo 1,1% no 3º tri/2022 com relação ao trimestre imediatamente anterior, ficando 6,0% acima do nível pré-pandemia. A Indústria, por sua vez, apresentou redução no seu ímpeto de crescimento ao apresentar alta de 0,8%, frente aos 1,7% do 2° tri/2022. A Agropecuária recuou 0,9%.

Para o próximo trimestre esperamos um resultado negativo, queda de 0,2% do PIB na comparação trimestre contra trimestre anterior. O número vem na esteira de condições financeiras mais apertadas, dado o efeito de uma taxa de juros mais elevada e maior inadimplência das famílias. Adicionalmente, o ambiente externo mais adverso, movido por economias em desaceleração e juros em alta, deve afetar os setores produtivos. Os ruídos após o período eleitoral, que trouxeram impactos sobre a curva de juros e risco-país, devem trazer alguma redução nos níveis de investimento do país. Levando tudo isso em conta, nossa projeção de PIB para o final de 2022 é de crescimento de 3,1%, enquanto para 2023 esperamos alta de 1,0%.

Produto Interno Bruto
(Var. % em relação ao trimestre imediatamente anterior)

Fonte: IBGE. Elaboração: UEE/FIERGS.

Os números da taxa de investimento do Brasil

A Formação bruta de capital fixo (FBCF) cresceu 2,8% no 3º tri/2022 na comparação com o trimestre anterior. Demonstrando uma pequena desaceleração em relação ao 3º tri/2022, quando o crescimento na margem foi de 3,8%. Com relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a alta foi de 5,0%. Vale destacar que a FBCF corresponde à quantidade de bens de capital (máquinas, equipamentos, materiais de construção) que são adquiridos pelo setor produtivo. Atualmente, os investimentos estão 20,2% acima do nível pré-pandemia (4º tri/19).

A taxa de investimento trimestral, que nada mais é do que a razão entre a FBCF e os valores do PIB, está a oito trimestre girando em torno de 18,0%. Quando observamos o acumulado em quadro trimestre (vide Gráfico ao lado), é visto avanço nesses últimos quatro anos, a taxa que em 2018 era de 15,8%, atualmente está em 18,8% (acumulado em quatro trimestre até o 3º tri/2022).

Mas o que impulsionou esses números? Primeiramente, é preciso destacar o papel do setor da Construção, que responde ao ciclo de alta da Selic de forma mais lenta (devido ao ciclo de obras) do que o restante dos setores. A Construção está no oitavo trimestre consecutivo apresentando altas na comparação trimestre contra mesmo trimestre do ano anterior. Além disso, os efeitos do processo de reabertura, somados a uma economia que, até 2020, convivia com taxas básica de juros de 2,0%, impulsionaram as decisões de investimentos.

Daqui para frente, o cenário de juros altos e a previsão de desaquecimento das economias avançadas, moldam um ambiente adverso para o ano que vem. No entanto, pelo lado positivo, nos próximos 10 anos estão contratados cerca de R$ 2,7 trilhões em investimentos (30,7% do PIB) de infraestrutura, via privatizações ou concessões, o que deve sustentar a razão FBCF/PIB.

Taxa de Investimento
(Em % do PIB │ Acumulado em 4 trimestres)

Fonte: IBGE. Elaboração: UEE/FIERGS.

Atividade industrial gaúcha recua pelo segundo mês seguido

Desde maio de 2021, a atividade não recuava dois meses seguidos, mas, apesar disso, segue em nível elevado.

O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI/RS), divulgado pela FIERGS, sofreu a segunda queda consecutiva em outubro, -1,6% em relação a setembro, quando havia recuado 1,8% ante agosto, devolvendo grande parte da alta acumulada (+5,6%) na sequência positiva dos três meses anteriores. Todas as comparações na série com ajuste sazonal. Desde maio de 2021, a atividade industrial do RS não recuava dois meses seguidos. Apesar disso, mantém-se em patamar elevado: 11,0% acima do pré-pandemia.

Dos seis componentes do IDI/RS, os quatro diretamente associados à produção apresentaram recuo entre setembro e outubro: compras industriais (-4,8%),  horas trabalhadas na produção (-2,1%), faturamento real (-2,0%) – esses caíram pelo segundo mês seguido – e  utilização da capacidade instalada-UCI (-1,5 p.p.). Entre os indicadores de mercado de trabalho do setor, o emprego ficou praticamente estável, caindo 0,1%, e a massa salarial real cresceu 0,8% no período.

No confronto com o ano passado, o quadro segue positivo, mas mostrou desaceleração. Com relação ao mesmo mês de 2021, o IDI/RS cresceu 2,2% em outubro, na 26ª alta seguida, mas a menor taxa das últimas 24. No acumulado de 2022, frente aos primeiros dez meses de 2021, a alta atingiu 4,9% (era 5,3% em setembro), crescimento compartilhado pelas horas trabalhadas na produção (+9,4%), pelo faturamento real (+5,8%), pelas compras industriais (+3,6%), pelo emprego (+6,3%) e pela massa salarial real (+10,3%). A exceção foi a UCI, cujo grau médio dos dez meses do ano recuou de 83,0% em 2021 para 81,9% em 2022.

No âmbito setorial, Veículos automotores (+17,7%), Máquinas e equipamentos (+10,2%), Couros e calçados (+14,2%), Alimentos (+2,8%) e Tabaco (+21,2%) deram as maiores contribuições para o resultado global entre os 10 (de 16 setores pesquisados) que registraram aumento da atividade. Por outro lado, Químicos e refino de petróleo (-4,1%), Produtos de metal (-2,8%) e Móveis (-5,9%) foram os impactos negativos mais relevantes.

A atividade industrial gaúcha passa por um período de acomodação na margem, mantendo-se em patamar elevado como consequência das medidas de estímulos à demanda, do aumento das exportações e do agronegócio e das menores dificuldades nas cadeias de suprimentos.

Mas a incerteza aumentou muito desde as eleições. A confiança dos empresários gaúchos desabou, com as expectativas passando para o campo pessimista, sobretudo com relação ao futuro da economia brasileira, o que pode impactar os investimentos.

Diante disso, a perspectiva para os próximos meses é de desaceleração da atividade industrial, que deve crescer de forma lenta e gradual, contida também pelos juros elevados e pelo fim do ciclo deflacionário, mas contando com a normalização da cadeia de suprimentos e a redução de custos como fatores de sustentação.

Indicadores Industriais do Rio Grande do Sul
(Outubro de 2022)

Variação %
Mês anterior*Mês ano anteriorAc. ano
Índice de desempenho industrial-1,62,24,9
Faturamento real-2,02,15,8
Horas trabalhadas na produção-2,15,79,4
Emprego-0,15,26,3
Massa salarial real0,816,110,3
UCI (em p.p.)-1,5-2,3-1,1
Compras Industriais-4,8-2,63,6
Fonte: UEE/FIERGS. *Série dessazonalida.

Índice de Desempenho e Emprego Industrial – RS
(Índice base fixa mensal: 2006=100*)

Fonte: UEE/FIERGS

Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS – Setorial
(Variação jan-out 2022/21 – %)

Fonte: UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20182019202020212022*
Agropecuária1,30,43,8-0,21,3
Indústria0,7-0,7-3,44,51,0
Serviços2,11,5-4,34,73,6
TOTAL1,81,2-3,94,62,8
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20182019202020212022*
Em R$7,0047,3897,4688,6799,536
Em US$21,9161,8731,4481,6091,847
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS

Inflação (% a.a.)

20182019202020212022*
IGP-M 7,67,323,117,86,7
INPC3,44,55,410,26,8
IPCA3,74,34,510,15,8
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20182019202020212022*
Extrativa Mineral0,0-9,7-3,41,11,2
Transformação1,10,2-4,64,31,9
Indústria Total31,0-1,1-4,53,91,5
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20182019202020212022
Agropecuária2,213,036,5146,161,0
Indústria23,997,2148,7721,2478,9
Indústria de Transformação1,213,248,0439,7256,3
Construção11,470,797,3245,0194,6
Extrativa e SIUP411,213,33,536,528,0
Serviços520,2533,8-378,01.904,41.527,2
TOTAL546,4644,1-192,72.771,62.067,1
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20182019202020212022*
Fim do ano11,711,114,211,18,0
Média do ano12,412,013,813,29,3
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20182019202020212022*
Exportações231,9221,1209,2280,4295,9
Importações185,3185,9158,8219,4226,4
Balança Comercial46,635,250,461,069,5
*Projeção UEE/FIERGS

Moeda e Juros

20182019202020212022*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)6,504,502,009,2513,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)517,14,028,97,4-7,7
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)3,854,035,205,585,15
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS

Setor Público (% do PIB)

20182019202020212022*
Resultado Primário-1,6-0,8-9,40,81,0
Juros Nominais-5,4-5,0-4,2-5,2-7,0
Resultado Nominal-7,0-5,8-13,6-4,4-6,0
Dívida Líquida do Setor Público52,854,762,557,359,1
Dívida Bruta do Governo Geral75,374,488,680,378,2
*Projeção UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20182019202020212022*
Agropecuária-7,13,0-29,567,5-40,9
Indústria2,80,2-5,69,71,4
Serviços2,60,8-4,64,12,2
TOTAL2,01,1-6,810,4-2,2
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20182019202020212022*
Em R$457,294482,464480,173576,979598,164
Em US$2125,108122,28293,107106,959116,147
*Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20182019202020212022*
Agropecuária-1,4-0,10,53,71,9
Indústria1,5-5,5-0,247,534,7
Indústria de Transformação0,9-1,50,142,927,7
Construção0,9-4,0-0,35,37,5
Extrativa e SIUP7-0,20,00,0-0,6-0,5
Serviços20,426,0-42,989,767,2
TOTAL20,520,4-42,6141,0103,8
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20182019202020212022*
Fim do ano7,57,38,68,15,7
Média do ano8,28,19,38,76,3
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20182019202020212022*
Exportações21,017,314,121,122,4
Industriais15,112,510,514,115,1
Importações11,310,37,611,712,8
Balança Comercial9,86,96,59,49,6
*Projeção UEE/FIERGS

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20182019202020212022*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)34,835,736,245,749,5
*Projeção UEE/FIERGS

Indicadores Industriais (% a.a.)

20182019202020212022*
Faturamento real2,73,0-3,18,71,6
Compras industriais10,0-2,7-5,531,04,2
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)1,60,7-4,65,70,3
Massa salarial real-1,3-0,8-9,34,60,4
Emprego0,90,0-1,96,71,4
Horas trabalhadas na produção0,0-1,0-5,715,13,3
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS2,60,1-4,812,81,7
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20182019202020212022*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)5,92,5-5,58,81,0
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Informações sobre as atualizações das projeções:

Não houve alterações.

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