Pesquisa de Investimento

Investimentos em 2022 – Maior patamar de investimentos desde 2014 – Metade das empresas realizou os investimentos como planejado – Incerteza econômica e custos dos insumos foram os maiores obstáculos – Valor dos investimentos foram financiados na maior parte com recursos próprios – Aquisição de máquinas e equipamentos continuam sendo o principal tipo de investimento

Investimentos Previstos para 2023 – Investimentos devem cair intensamente em 2023 – Melhoria do processo produtivo é o propósito principal – Principal investimento deverá ser em máquinas e equipamentos – Capital próprio deverá ser a principal fonte de recursos – Mercado interno segue como alvo prioritário

Resumo dos Resultados

O desempenho positivo da indústria gaúcha e a confiança empresarial em patamares elevados na maior parte do ano repercutiram nos investimentos do setor em 2022. De fato, a proporção de empresas que investiram cresceu pelo segundo ano seguido, para 75,0%, 2,5 p.p. acima de 2021 e 11,2 p.p. maior que 2020. Foi o percentual mais alto desde 2014 (77,3%) e confirmou, também pelo segundo ano consecutivo, o percentual de empresas que tinham intenção de investir no início do ano passado (74,7%).

Apesar do elevado percentual de realização de investimentos em 2022, somente 48,6% das empresas investiram tal como planejado, o restante executou apenas parcialmente, adiou ou cancelou os investimentos previstos para o ano.

Na avaliação dos empresários gaúchos, as incertezas da economia brasileira e o aumento dos custos dos insumos foram os maiores obstáculos aos investimentos em 2022, itens que receberam, respectivamente, 88,3% e 81,3% das respostas. Também foram entraves relevantes, as incertezas do contexto setorial ou do ramo de atuação (77,3% das empresas), a expectativa de demanda insuficiente (66,4%) e as dificuldades com a mão de obra (62,5%).

Os investimentos de 2022 tiveram como principal fonte de financiamento, como sempre, os recursos próprios, ainda que em patamar bem menor do que em 2021 (em média 57,0% ante 70,0% do total investido). Os bancos comerciais privados participaram com 14,0% do total investido, os bancos oficiais de desenvolvimento, com 8,0% e os bancos comerciais públicos, com 4,0%.

A aquisição de máquinas ou equipamentos novos (82,8% das empresas que investiram), a manutenção ou atualização de máquinas ou equipamentos (74,2%) e o investimento nas instalações – construção, manutenção, modernização ou aquisição – (70,3%) foram os três principais tipos de investimentos realizados em 2022.

 A pesquisa, porém, sinaliza um quadro bastante desfavorável para os investimentos em 2023, que se confirmado, devem registrar a maior contração e o menor patamar da série histórica iniciada em 2010. De fato, somente 54,0% das indústrias gaúchas pretendem investir em 2023, 21,0 p.p. abaixo do percentual de empresas que investiram em 2022 e 8,2 p.p. menor que o recorde negativo atual, de 62,2% em 2016. O resultado é consistente com as fortes quedas e os baixos níveis de confiança que os empresários gaúchos demonstram desde outubro de 2022.

Os investimentos previstos para 2023 têm como principal objetivo a melhoria do processo produtivo atual, com quase a metade das assinalações (46,2%) das empresas dispostas a investir. O segundo foi a manutenção da capacidade produtiva, propósito de 22,0% das empresas.

Os principais tipos de investimentos previstos pela indústria gaúcha para 2023 são os mesmos dos realizados em 2022. A compra de máquinas e equipamentos novos será o principal, previsto por 76,9% das empresas que têm a intenção de investir, seguido pela manutenção ou atualização de máquinas ou equipamentos (58,2%) e pela construção/ manutenção/ modernização/aquisição de instalações (52,7%).

O investimento da indústria gaúcha em 2023 deverá ser, mais uma vez, voltado prioritariamente ao mercado interno.

Investimentos Realizados em 2022

Maior investimento desde 2014

O desempenho positivo da indústria gaúcha e a confiança empresarial em patamares elevados na maior parte do ano passado repercutiram nos investimentos do setor em 2022. Três em cada quatro empresas investiu em 2022, é o maior percentual desde 2014 (77,3%), 2,5 p.p. acima de 2021 e muito próximo (+0,3 p.p. acima) do que a indústria pretendia investir no início do ano passado.

Realização de investimentos
(RS em % de respostas)

Quase metade das empresas realizou os investimentos como planejado

Apesar do elevado patamar de investimentos em 2022, apenas 48,6% das empresas que tinham planos de investir conseguiram realizá-lo integralmente.

Portanto, considerando as empresas que planejaram investir em 2022, mais da metade delas efetivou seus planos de investimentos apenas parcialmente (41,0%), adiou (9,1%) ou cancelou (1,4%).

Realização dos planos de investimentos
(RS – Total das empresas que tinham planos de investir em 2022 – em % de respostas)

A incerteza econômica e os custos dos insumos foram os maiores obstáculos

Dos muitos fatores que restringiram a execução dos investimentos em 2023, dois se destacaram. O maior foi a incerteza do cenário econômico nacional, assinalado por quase nove entre dez empresas gaúchas (88,3%). Para quase metade (48,4%) foi um grande obstáculo.

O aumento dos insumos foi o segundo obstáculo mais assinalado, por 81,3% das empresas, sendo um grande entrave para 44,5%.

As incertezas do contexto setorial ou do ramo de atuação ficou em terceiro lugar entre os obstáculos mais assinalados, com 77,3% (grande entrave para 25,0% e pequeno para 52,3% das empresas).

Dois terços das empresas gaúchas (66,4%) assinalaram a expectativa de demanda insuficiente, sendo o quarto maior entrave para a realização de investimentos no ano. Para 28,1%, foi um obstáculo importante. Pouco abaixo, marcado por 62,5% das empresas, a mão de obra também foi um entrave relevante, sendo para 24,2% das empresas um grande problema.

Por fim, vale destacar, a instabilidade e insegurança jurídica escolhida por pouco mais de seis em cada dez empresas, considerada, por 23,4% das empresas, um obstáculo difícil. Na Sondagem Industrial do RS do quarto trimestre de 2022, a insegurança jurídica atingiu patamar recorde de assinalações (17,3% das empresas) e era o quinto maior problema do setor no final do ano passado.

  Obstáculos para realizar investimentos em 2022
(RS – Total das empresas – em % de respostas)

57,0% do valor dos investimentos foram de recursos próprios 

A maior parte dos investimentos da indústria gaúcha em 2022 foi, como sempre, financiada com recursos próprios (da empresa ou dos sócios). Em média, 57,0% do valor, proporção, porém, bem abaixo dos 76,0% utilizados nos investimentos em 2021. 

Entre os recursos para investimentos provenientes de terceiros, os bancos comerciais privados continuaram sendo a maior fonte de recursos, fornecendo 14,0% do total investido pela indústria gaúcha em 2022, nível próximo de 2021 (12,0%).

A participação dos recursos oriundos dos bancos oficiais de desenvolvimento no total investido também pouco se alterou, passando de 7,0% em 2021 para 8,0% em 2022. Os bancos comerciais públicos financiaram, em média, 4,0% dos investimentos em 2022, percentual menor do que no ano anterior (7,0%).

Embora menos citados, as empresas que investiram em 2022 também utilizaram como fonte de financiamento adiamentos, antecipações ou créditos junto a fornecedores ou clientes (2,0% do total investido), instituições financeiras não-bancárias (1,0%) e bancos de investimento (1,0%).

Do total de empresas que investiram em 2022, 13,0% não souberam responder à questão.

Fonte dos recursos nos investimentos realizados em 2022
(RS – Total das empresas que investiram – % médio das fontes utilizadas)

Aquisição de máquinas e equipamentos continuam sendo o principal tipo de investimento

O investimento mais frequente realizado pela indústria gaúcha em 2022 foi a aquisição de máquinas ou equipamentos novos: 82,8% das empresas que investiram. Na pesquisa anterior, referente aos investimentos de 2021, também foi a principal categoria, mas o percentual de empresas foi bem menor, de 69,6%.

Em 2022, a manutenção ou atualização de máquinas ou equipamento foi o segundo tipo de investimento, realizado por 74,2% das empresas, mantendo a segunda posição entre os investimentos de 2021, quando recebeu 62,2% das respostas.

Da mesma forma, os investimentos nas instalações – construção, manutenção, modernização ou aquisição – manteve-se como o terceiro tipo de investimento mais frequente, assinalado por 70,3% das empresas (58,1% em 2021).  

A capacitação de pessoal, com 50,8% das citações, foi o quarto investimento mais realizado pelas empresas em 2022, superando bastante o resultado de 2021, quando 27,0% das empresas executaram esse tipo de investimento.

 Por fim, com patamares similares de relevância, vale destacar ainda os investimentos na aquisição ou licenciamento de softwares aplicados na produção, efetivado por 36,7% das empresas que investiram (não havia essa opção em 2021), em projetos de inovação, pesquisa ou desenvolvimento (P&D), por 34,4% (31,1% em 2021), na melhoria da gestão do negócio, por 32,0% (21,6% em 2021) e em infraestrutura de tecnologias da comunicação & informação (TICs), por 30,5% (não havia essa opção em 2021).

Tipos dos investimentos realizados em 2022
(RS – Total das empresas que investiram – em % de respostas)

Uma em cada dez empresas financiou o investimento com fontes estrangeiras

Apenas 10,5 % das empresas buscou fontes estrangeiras de financiamento para os investimentos realizados em 2022.

Fontes estrangeiras de financiamento para os investimentos realizados em 2022 
(RS – Total das empresas que investiram – % de respostas)

Nove em cada dez empresas realizou o investimento no Brasil

Do total de empresas que investiram em 2022, 89,5% realizaram os investimentos integralmente no Brasil, enquanto 4,8% o efetivaram no Brasil e no exterior.

Localização dos investimentos realizados em 2022 
(RS – Total das empresas que investiram – % de respostas)

Previsão para Investimentos de 2023

Investimentos devem cair intensamente em 2023

Se confirmadas as perspectivas dos empresários gaúchos, os investimentos da indústria gaúcha devem registrar a maior contração e o menor patamar da série histórica iniciada em 2010. De fato, somente 54,0% das indústrias gaúchas pretendem investir nesse ano, 21,0 p.p. abaixo do percentual de empresas que investiram em 2022 e 8,2 p.p. menor que o recorde negativo atual, de 62,2% em 2016.

O resultado é consistente com as fortes quedas e os baixos níveis de confiança dos empresários gaúchos desde outubro de 2022.

 Investimentos efetivos e intenção de investimentos
(RS – Total das empresas – % de respostas)

A melhoria do processo produtivo é o objetivo principal do investimento previsto

O principal propósito do investimento previsto pela indústria gaúcha para 2023 é a melhoria do processo produtivo atual. O item obteve quase a metade das assinalações das empresas (46,2%) que pretendem investir.

Em segundo lugar, com menos da metade das citações do item anterior, a manutenção capacidade produtiva é a razão do investimento de 22,0% das empresas.

Para 12,1% das empresas que pretendem investir em 2023, a finalidade é aumentar a capacidade atual, e, para 11,0%, é introduzir novos produtos no mesmo mercado e na mesma região.

Objetivo do investimento previsto para o ano seguinte
(RS – Total das empresas que pretendiam investir em 2023 – em % de respostas)

O principal investimento deverá ser em máquinas e equipamentos

Os principais tipos de investimentos previstos pela indústria gaúcha para 2023 são os mesmos executados em 2022.

A compra de máquinas e equipamentos será o principal investimento, previsto por 76,9% das empresas que planejam investir nesse ano (82,8% das empresas em 2022).

O segundo maior tipo de investimento para 2023, previsto por 58,2% das empresas, é na manutenção ou atualização de máquinas ou equipamentos. Em 2022, 74,2% das empresas que investiram o fizeram nesse tipo.

Previsto por pouco mais da metade (52,7%) das empresas que pretendem investir em 2023, o investimento em instalações (construção, manutenção, modernização ou aquisição) deverá ser o terceiro tipo mais executado, repetindo a posição de 2022 (70,3% das empresas).

Por fim, quatro em cada dez empresas (39,6%) têm a intenção de investir na capacitação de pessoal (50,8% em 2022) e um terço querem investir em projetos de inovação, pesquisa ou desenvolvimento (P&D) (34,4% em 2022).

Tipos dos investimentos realizados em 2022 e previstos para 2023
(RS – Total das empresas que investiram em 2022 e pretendem investir em 2023 – em % de respostas)

O capital próprio deve continuar sendo a principal fonte de recursos para os investimentos planejados

Pouco mais da metade das empresas pretendem financiar os investimentos previstos para 2023 com capital próprio: 26,4%, exclusivamente e o mesmo percentual, majoritariamente.

Já os capitais de terceiros, como fonte para o financiamento para 2023, devem ser utilizados por pouco mais de quatro em cada dez empresas: 38,5%, majoritariamente e 2,2% exclusivamente.

Empresas não devem utilizar fontes externas de financiamento

Somente 9,0% das empresas gaúchas que planejam investir em 2023 pretendem usar fontes externas de financiamento. A grande maioria (três quartos) não mostraram tal pretensão e 16,0% não souberam responder.  

Pretensão de usar fontes externas de financiamentos dos investimentos para 2023
(RS – Total das empresas que pretendem investir em 2023 – em % de respostas)

O Brasil deve receber quase todo o investimento em 2023

O investimento da indústria gaúcha em 2023 deverá ser, novamente, na sua grande maioria, realizado no País. De fato, 84,6% das empresas que pretendem investir, o farão no Brasil (foram 89,5% em 2022).

A localização do investimento de 8,8% das empresas deverá ser o Brasil e o exterior. Somente 1,1% pretendem investir somente no exterior.

Localização dos investimentos em 2022 e dos previstos para 2023
(RS – Total das empresas que pretendem investir em 2023 – em % de respostas)

O mercado interno segue como alvo prioritário

Em termos de mercado alvo, os investimentos previstos para 2023 pela indústria gaúcha, terá como foco principal o mercado interno: prioritariamente, para 34,5% (37,3% em 2022) das empresas e exclusivamente, para 28,7% (21,8% em 2022).

Quase um terço (32,2%) das empresas têm como orientação do investimento o mercado externo e interno igualmente (33,8% em 2022).

Já 4,6% pretendem investir para atender principalmente o mercado externo e nenhuma empresa reportou a previsão de investir exclusivamente com o foco voltado ao mercado externo.

Foco de mercado para o investimento previsto
(Total de empresas que pretendiam investir em 2022 e em 2023 – em % de respostas)

O mercado interno sempre foi o principal foco dos investimentos previstos pela indústria gaúcha nos últimos treze anos da pesquisa. De fato, o Índice de dispersão do mercado alvo da intenção de investimento pouco mudou nesse período, mas a queda de 31,9 em 2022 para 28,2 pontos em 2023 sugere um foco maior no mercado interno em 2023 ante 2022. O índice varia de 0 a 100 pontos, abaixo dos 50 pontos indica investimentos voltados para atender o mercado interno.

Ficha Técnica

Abrangência da pesquisa: Estadual. População objetivo: Empresas da indústria de transformação e extrativa com 10 ou mais empregados. Método de amostragem: Amostragem probabilística. Período de Coleta: 2 a 13 de janeiro de 2023. Perfil da amostra: 180 empresas, sendo 43 pequenas, 55 médias e 82 grandes.

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos | economia@fiergs.org.br