Dezembro e 4º trimestre de 2023

Sondagem Industrial da Construção – Rio Grande do Sul

Insatisfação financeira e falta de trabalhadores qualificados marcam o último trimestre do ano

O nível de atividade da Construção gaúcha teve ligeiro crescimento em dezembro de 2023. No último mês do ano, o índice alcançou 50,3 pontos (+1,8). Valores acima de 50 pontos indicam crescimento, e abaixo queda. Porém, ficou abaixo do usual para o mês segundo os industriais da construção, o índice de atividade em relação ao nível usual saiu de 40,2 para 36,7 pontos. O número de empregados diminuiu na comparação com o mês anterior. Como se apresentou durante todo ano, o índice ficou abaixo da linha divisória, registrando 45,1 pontos (-3,3 ante novembro). A utilização da capacidade operacional (UCO) diminuiu em dezembro, com o índice atingindo 62% (-2,0 p.p.).

Para os empresários da construção brasileiros o nível de atividade deve ser menor do que para os gaúchos. Entretanto, em relação ao número de empregados a percepção de queda é a mesma para os dois.

Quanto aos próximos seis meses, os empresários da construção gaúchos, ainda sem otimismo, previram queda nas compras de insumos e matérias-primas, mas há uma maior disposição a investir.

Evolução Mensal
IndicadorNov/23Dez/23*Média Hist.O que representa
(*mês de referência)
Nível de atividade – Mês anterior48,550,346,5Crescimento ante o mês anterior
Nível de atividade – Relação ao usual40,236,740,8Abaixo do usual no mês
Número de empregados48,445,146,1Queda em relação ao mês anterior
Utilização da Capacidade Operacional – %64,062,063,1Queda no uso da capacidade
Fonte: UEE/FIERGS.
Expectativas – Próximos Seis Meses
IndicadorDez/23Jan/24*Média Hist.O que representa
(*mês de referência)
Atividade49,048,552,5Expectativa de queda
Número de empregados49,049,349,9Expectativa de queda
Compras de matérias-primas46,148,251,3Expectativa de queda
Novos empreendimentos50,949,551,8Expectativa de queda
Intenção de investir41,442,036,9Maior intenção de investir
Fonte: UEE/FIERGS.

Nível de atividade comparada ao mês anterior

A atividade caiu no Brasil e cresceu no RS.

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expetativas de crescimento (queda).

Nível de atividade em relação ao usual

O nível de atividade ficou abaixo do usual no Brasil e no RS.

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam crescimento (queda).

Número de empregados

Queda do emprego no Brasil e no RS.

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam crescimento (queda).

Utilização da capacidade operacional (% do mês)

Queda em relação ao mês anterior na UCO no Brasil e no RS.

Fonte: UEE/FIERGS: Indicador varia de 0% a 100% (capacidade operacional máxima).

Condições Financeiras no Trimestre

Os empresários da construção gaúchos seguem, pelo quarto e último trimestre do ano, insatisfeitos com as condições financeiras e com a margem de lucro de suas empresas, também consideraram o acesso ao crédito difícil e que os preços dos insumos e matérias-primas aumentaram em comparação ao trimestre anterior.

O índice de satisfação com a margem de lucro registrou 40,9 pontos, foi uma queda de 4,3 pontos do 3º para o 4º trimestre. O índice da situação financeira baixou de 49,1 para 47,6 pontos (-1,5), e o índice de acesso ao crédito, com uma queda significativa de 6,1 pontos, indo para 32,3. Por último, o Índice de Preços de Insumos e Matérias-primas subiu para 55,8 pontos (+3,0).

Condições financeiras – 4º trimestre
Indicador3ºT/234ºT/23*Média Hist.O que representa
(*mês de referência)
Margem de Lucro45,240,938,1Insatisfeito
Situação Financeira49,147,643,8Insatisfeito
Acesso ao Crédito38,432,335,4Difícil
Preço de Insumos e Matérias-Primas52,855,861,8Aumento em relação ao trimestre anterior
Fonte: UEE/FIERGS.

Margem de lucro

Fonte: UEE/FIERGS.

Situação Financeira

Fonte: UEE/FIERGS.

Acesso ao Crédito

Fonte: UEE/FIERGS.

Preços de Insumos e Matérias-Primas

Fonte: UEE/FIERGS.

Principais problemas enfrentados no trimestre

(Percentual de respostas)

TRIMESTRE
BRRS
Falta ou alto custo de trabalhador qualificado22,0%33,3%
Insegurança jurídica17,0%33,3%
Burocracia excessiva20,9%29,6%
Competição desleal (informalidade, contrabando, etc)13,1%25,9%
Falta ou alto custo da mão de obra não qualificada17,2%25,9%
Falta de capital de giro17,0%22,2%
Taxa de juros elevadas27,1%22,2%
Condições climáticas7,1%22,2%
Elevada carga tributária24,1%22,2%
Demanda interna insuficiente19,3%18,5%
Falta ou alto custo da matéria-prima17,2%11,1%
Falta de financiamento de longo prazo9,9%11,1%
Dificuldades na logística de transporte (estradas, etc)4,1%7,4%
Inadimplência dos clientes11,9%3,7%
Nenhum9,1%0,0%
Falta ou alto custo de energia5,2%0,0%
Falta ou alto custo de equipamentos de apoio1,6%0,0%
Licenciamento ambiental3,3%0,0%
Disponibilidade de terrenos4,3%0,0%
Outros1,7%0,0%
Fonte: UEE/FIERGS. A soma dos percentuais supera 100% devido à possibilidade de múltipla escolha.

Novamente a falta ou alto custo do trabalhador qualificado foi um dos principais entraves no último trimestre do ano, ocupando o 1º lugar. Porém, as assinalações foram menos intensas, passando de 39,4% para 33,3%. Também registrando 33,3% foi a insegurança jurídica, no trimestre anterior havia ficado em 3º lugar com 27,3%.

A burocracia excessiva teve 29,6% das escolhas, ficando em 2º lugar neste trimestre, anteriormente havia ocupado o 5º lugar com 18,2%. A competição desleal e a falta ou alto custo da mão de obra não qualificada ocuparam, juntamente, o 3º lugar, ambos obstáculos tiveram 25,9% das marcações. Sendo que a primeira ocupava do 4º lugar e a segunda do 5º no terceiro trimestre.

Em 4º lugar, com 22,2% das escolhas, ficaram a falta de capital de giro, taxa de juros elevadas, condições climáticas e a elevada carga tributária. Importante salientar que as condições climáticas foram consideras de maior relevância no trimestre anterior, onde ocupou o 1º lugar, e a taxa de juros elevada havia ficado em 2º lugar.

Nacionalmente, a taxa de juros elevada foi o principal estorvo do trimestre (27,1%), seguido pela elevada carga tributária (24,1%) e pela falta ou alto custo do trabalhador qualificado (22,0%). Para os industriais da construção brasileiros, a inadimplência dos clientes foi um problema de maior destaque do que para os gaúchos, com 11,9% das escolhas, para os gaúchos, a opção foi assinalada por 3,7% no último trimestre do ano.

Expectativas para os próximos seis meses

A expectativa dos empresários da construção é que a atividade caia nos próximos meses de uma forma mais acentuada. As compras de insumos e matérias-primas devem diminuir, como os novos empreendimentos. Já o emprego teve pequena queda ante o mês de novembro.

 Os indicadores variam de 0 a 100 pontos; valores acima de 50 pontos revelam expetativas de crescimento e abaixo queda. O índice de expectativas de atividade recuou 0,5 pontos ante o mês anterior, registrando 48,5. Das compras de insumos e matérias-primas de 46,1 para 48,2, e do emprego, que cresceu 0,30 pontos, ficou em 49,3. Todos abaixo da linha divisória dos 50 pontos.

O índice que mede a intenção de investir na Indústria da Construção registrou 42,0 pontos, um aumento de 0,60 se comparado a novembro, acima 5,1 pontos acima da média histórica (36,9). Neste caso, o índice varia de 0 a 100 pontos, e quanto maior, maior a propensão a investir.

Em nível nacional, os industriais da construção esperam um maior crescimento da atividade, no emprego, nas compras, novos empreendimentos, e com mais intenção de investir do que os gaúchos.

Atividade

Fonte: UEE/FIERGS.

Número de Empregados

Fonte: UEE/FIERGS.

Compras de Matérias-Primas

Fonte: UEE/FIERGS.

Novos Empreendimentos

Fonte: UEE/FIERGS.

Intenção de Investir

Fonte: UEE/FIERGS.

Os índices variam de 0 a 100. Valores acima de 50 pontos indicam expectativas de aumento e valores abaixo de 50 pontos expectativas de queda. Para a intenção de investimentos, não há linha divisória, quanto maior o índice, maior a propensão a investir.


Perfil da Amostra: RS: 29 empresas – Brasil: 326 empresas

Período de Coleta: 4 a 16/01/2023.

A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos índices dos grupos de empresas “Pequenas” (entre 10 a 49 empregados), “Médias” (entre 50 e 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a EE/TEM competência 2009. A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções. O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%.

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos

https://observatoriodaindustriars.org.br/

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