Segundo a avaliação dos empresários, na Sondagem Industrial do RS de julho, a indústria gaúcha iniciou o segundo semestre mantendo os sinais de desaquecimento que predominam desde o final do ano passado. A produção e o emprego caíram muito além do normal para o mês, estoques ficaram acima do planejado e a ociosidade acima do normal. Para os próximos seis meses, os empresários gaúchos esperam avanço modesto da demanda e queda do emprego, demonstrando também um cenário bastante moderado para os investimentos.
O índice de produção registrou 46,3 pontos em julho. O valor é 5,5 pontos menor do que a média história do mês (51,8) e, para um mês de julho, é o mais baixo desde 2015 e o terceiro menor em 14 anos (só perde para os julhos de 2014 e 2015). Tudo isso significa que o desempenho da produção foi particularmente negativo em julho de 2023: queda da produção em relação a junho (índice abaixo de 50 pontos) e o pior resultado para o mês desde 2015, num período em que o normal é crescer (média do mês acima de 50 pontos). Além disso, nos últimos onze meses, a produção industrial gaúcha cresceu apenas em março último.
Da mesma forma, o emprego da indústria gaúcha caiu em julho na comparação com junho. O índice do número de empregados registrou 44,8 pontos, ficando abaixo dos 50 pontos e da média histórica do mês de 48,2 pontos, que indica retração além do normal. Vale ressaltar ainda que o emprego não cresce há dez meses e o ritmo de queda em julho foi o mais intenso desse período.
Volume de Produção no mês
(Em pontos)
Número de empregados no mês
(Em pontos)
Confirmando o desaquecimento da atividade industrial em julho, a Sondagem mostrou que os empresários gaúchos consideraram a utilização da capacidade instalada (UCI), de 70,0% em julho, bem abaixo do normal. O índice de UCI efetiva em relação à usual, que considera a UCI comum para o mês, registrou 40,7 pontos em julho, evidenciando uma elevada ociosidade no mês, pois ficou distante dos 50 pontos, que representam o normal para cada período.
Utilização da capacidade instalada – Grau médio no mês
(Em %)
Utilização da capacidade instalada (UCI) em relação à usual no mês
(Em pontos)
A redução da produção não foi suficiente para reduzir o acúmulo de estoques de produtos finais, num claro indício de demanda fraca e de dificuldades futuras para a produção. O índice de evolução de estoques marcou 52,9 pontos em julho, sendo que acima de 50 denota crescimento ante o mês anterior. Já o índice de estoque efetivo em relação ao planejado pelas empresas não apenas se manteve superior aos 50 pontos em julho, como cresceu 1,4 ponto, para 54,6. Nesse caso, quanto mais acima de 50, maior e mais disseminado o acúmulo de estoques entre as empresas.
Índice de evolução mensal dos estoques(pontos)
(Em pontos)
Índice de estoque efetivo em relação ao planejado
(Em pontos)
Para os próximos seis meses, a percepção dos empresários gaúchos para a demanda ainda é positiva em agosto, porém o otimismo diminuiu. O índice de expectativas de demanda atingiu 51,4 pontos no mês ante 52,9 em julho. Valores acima de 50 mostram que os empresários projetam crescimento da demanda, porém, esperam queda do emprego (47,7 pontos), das compras de matérias-primas (49,2) e das exportações (47,1).
Índice de expectativas de demanda
(Em pontos)
Índice de expectativas de emprego
(Em pontos)
Índice de expectativas de compras de MP
(Em pontos)
Índice de expectativas de exportações
(Em pontos)
Por fim, a Sondagem mostrou que o índice de intenção de investimento do setor nos próximos seis meses pouco se alterou em agosto. O índice, que varia de 0 a 100 pontos, reflete a disposição de investir em máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento e inovação de produto ou processo, ficando em 51,8 pontos nesse mês, 0,6 a mais que julho. Quanto mais alto, maior e mais disseminada a determinação de investir. Como o índice está num nível similar à média histórica (51,2), a disposição em agosto é moderada. De fato, a proporção de indústrias gaúchas com intenção de investir atingiu 53,4% do total no mês.
Intenção de Investir
(Em pontos)
Evolução mensal da indústria | ||||
---|---|---|---|---|
Indicador | Jun/23 | Jul/23* | Média histórica | O que representa (*período de referência) |
Produção | 44,9 | 46,3 | 49,2 | Queda da produção |
Número de empregados | 46,4 | 44,8 | 48,8 | Queda do emprego |
Utiliz. da capacidade instalada (UCI) – % | 70,0 | 70,0 | 70,1 | Estabilidade da UCI |
UCI – efetiva- usual | 40,7 | 40,7 | 43,8 | UCI abaixo do nível usual |
Evolução dos estoques | 52,1 | 52,9 | 50,6 | Crescimento dos estoques |
Estoques efetivos/planejados | 53,2 | 54,6 | 51,8 | Estoques acima do planejado |
Expectativas | ||||
---|---|---|---|---|
Indicador | Jul/23 | Ago/23* | Média histórica | O que representa (*período de referência) |
Demanda | 52,9 | 51,4 | 55,3 | Expectativa de crescimento |
Número de empregados | 48,6 | 47,7 | 50,3 | Expectativa de queda |
Compras de matérias-primas | 49,4 | 49,2 | 53,5 | Expectativa de queda |
Quantidade exportada | 49,4 | 47,1 | 52,5 | Expectativa de queda |
Intenção de investir | 51,2 | 51,8 | 51,2 | Maior intenção de investir |
Perfil da Amostra: 200 empresas, sendo 45 pequenas, 66 médias e 89 grandes.
Período de Coleta: 01 a 09/08/2023.
A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos índices dos grupos de empresas “Pequenas” (entre 10 a 49 empregados), “Médias” (entre 50 e 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a EE/TEM competência 2009. A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções. O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%. |
Unidade de Estudos Econômicos
Contatos: (51) 3347-8731 | [email protected]
Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul | https://observatoriodaindustriars.org.br/