Agosto de 2023

Sondagem Industrial do Rio Grande do Sul

Indústria gaúcha ajusta estoques após quase dois anos de acúmulo

A Sondagem Industrial do RS mostrou um cenário relativamente positivo para a indústria em agosto de 2023 se comparado aos meses anteriores. A produção voltou a crescer e os estoques retornaram aos níveis desejados pelas empresas, após quase dois anos de excesso, enquanto o emprego continuou em queda. As expectativas dos empresários melhoraram, mas o otimismo segue bastante contido, com projeções de aumento da demanda e estabilidade do emprego. A intenção de investir, da mesma forma, aumentou, mas segue bastante moderada.

Após quatro meses de quedas seguidas, a produção industrial gaúcha cresceu em agosto em relação a julho. O índice atingiu 52,4 pontos, acima da linha divisória de 50 que separa queda de alta da produção. É apenas o segundo avanço da produção em um ano e parte disso pode ser atribuída a dois dias úteis a mais.

Já o emprego permaneceu em queda. O índice registrou 47,8 pontos em agosto ante 44,8 pontos em julho, mostrando que o emprego no setor caiu em agosto com menor intensidade do que no mês anterior, visto que ambos os meses ficaram abaixo de 50. A tendência de queda do emprego é longa, pois o índice não supera essa marca desde setembro de 2022.

Volume de Produção no mês

(Em pontos)

Número de empregados no mês

(Em pontos)

Em agosto, a indústria gaúcha utilizou 71,0% da capacidade instalada (UCI), 1,0 p.p. acima de julho. Já o índice de UCI em relação a usual passou de 40,7 para 42,9 pontos, revelando que os empresários consideraram aquele patamar de UCI abaixo do normal, ainda que mais próximo se comparado a julho. A UCI está no nível usual para o mês quando o índice atinge 50 pontos. 

Utilização da capacidade instalada – Grau médio no mês

(Em %)

Utilização da capacidade instalada (UCI) em relação à usual no mês

(Em pontos)

Além da alta da produção, a outra boa notícia da Sondagem de agosto é a regularização dos estoques. O índice de evolução mensal nos 50,0 pontos mostrou estabilidade dos níveis de estoques em relação a julho, enquanto o índice em relação ao planejado pelas empresas nos 49,7 pontos ficou muito próximo de 50, indicando estoques ajustados após 23 meses seguidos de acúmulo. Na comparação com outubro de 2022, que foi momento crítico do excesso de estoques desse período, o índice mostrou queda de 5,5 pontos.

Índice de evolução mensal dos estoques(pontos)

(Em pontos)

Índice de estoque efetivo em relação ao planejado

(Em pontos)

O cenário mais positivo para indústria em agosto animou os empresários, que mostraram maior otimismo com relação aos próximos seis meses. Todos os índices de expectativas em setembro cresceram relativamente a agosto, mas seguiram em patamares modestos (acima, mas muito próximos dos 50 pontos e abaixo de suas médias históricas). De fato, os empresários projetam crescimento da demanda (53,3 pontos em setembro ante 51,4 em agosto), inclusive das exportações (51,8 ante 47,1), e das compras de matérias primas (51,4 ante 49,2). O crescimento da demanda, contudo, não deve ser acompanhado de aumento do emprego, que, nas perspectivas dos empresários, deve ficar estável (49,9 pontos).

Índice de expectativas de demanda

(Em pontos)

Índice de expectativas de emprego

(Em pontos)

Índice de expectativas de compras de MP

(Em pontos)

Índice de expectativas de exportações

(Em pontos)

O maior otimismo impactou positivamente a disposição de investir. O Índice de intenção de investir cresceu de 51,8 de agosto para 52,6 pontos em setembro, mas continua em patamar moderado, pouco acima da média de 51,3 pontos e bem distante dos 62,1 pontos de setembro de 2022, pico mais próximo. Em setembro, 55,6% das empresas mostravam disposição de investir nos seis meses seguintes.

Intenção de Investir

(Em pontos)

Evolução mensal da indústria
IndicadorJul/23Ago/23*Média históricaO que representa (*período de referência)
Produção46,352,449,3Aumento da produção
Número de empregados44,847,848,8Queda do emprego
Utiliz. da capacidade instalada (UCI) – % 70,071,070,1Aumento da UCI
UCI – efetiva- usual40,742,943,8UCI abaixo do nível usual
Evolução dos estoques52,950,050,6Estabilidade dos estoques
Estoques efetivos/planejados54,649,751,7Estoques no nível planejado
Fonte: UEE/FIERGS.
Expectativas
IndicadorAgo/23Set/23*Média históricaO que representa (*período de referência)
Demanda51,453,355,3Expectativa de crescimento
Número de empregados47,749,950,3Expectativa de estabilidade
Compras de matérias-primas49,251,453,5Expectativa de aumento
Quantidade exportada47,151,852,4Expectativa de aumento
Intenção de investir51,852,651,3Maior intenção de investir
Fonte: UEE/FIERGS.

Perfil da Amostra: 196 empresas, sendo 40 pequenas, 69 médias e 87 grandes.

Período de Coleta: 01 a 13/09/2023.

A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos índices dos grupos de empresas “Pequenas” (entre 10 a 49 empregados), “Médias” (entre 50 e 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a EE/TEM competência 2009. A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções. O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%.

Unidade de Estudos Econômicos

Contatos: (51) 3347-8731 | economia@fiergs.org.br

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul | https://observatoriodaindustriars.org.br/

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