junho de 2023

Informe Especial

Comércio Exterior

Indústria de Transformação gaúcha fatura US$ 8,1 bilhões com exportações no primeiro semestre, retração de 4,3%

A Indústria de Transformação do RS apresentou no primeiro semestre de 2023, faturamento de US$ 8,1 bilhões com as exportações. Comparando-se com o mesmo período do ano passado, verificou-se retração nominal de US$ 367,5 milhões, queda de 4,3%. No mês de junho, exportou-se US$ 1,3 bilhão em mercadorias, baixa de 20,6% frente ao mesmo mês de 2022. O efeito preponderante para explicar a variação da receita no primeiro semestre ficou por conta das quantidades, que apresentaram retração de 8,8%. Os preços médios, ao contrário, apresentaram avanço de 5,0% ante o primeiro semestre de 2022. Salienta-se que a média móvel de 12 meses, tanto da receita quanto do índice de quantidades exportadas, continua a apresentar trajetória declinante, com a inclinação da receita mostrando-se mais acentuada na última observação. Não obstante, dos 23 segmentos exportadores da Indústria de Transformação gaúcha, apenas 7 apresentaram avanço na receita de exportações ante o mesmo semestre de 2022.

Exportações da Indústria de Transformação do RS

(Média Móvel de 12 meses | Índice de base fixa jun/19=100)

Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: UEE/FIERGS.

Os primeiros seis meses do ano foram caracterizados pela continuidade do aperto monetário nas principais economias no globo, marcando, assim, um período de desaceleração global. Concomitante a isso, houve o pequeno susto no mercado de proteína animal, em decorrência da doença da Vaca Louca que assolou as exportações brasileiras e gaúchas no início do ano. É importante destacar, também, o período conturbado pelo qual a Argentina passa – historicamente um dos nossos principais parceiros comerciais – assim como a desaceleração e o ritmo de alta das taxas de juros nos Estados Unidos. A média móvel de 12 meses das quantidades exportadas apresenta viés de queda há algum tempo sinalizando menor demanda externa em termos gerais.

O segmento com maior faturamento no primeiro semestre, o de Alimentos, apresentou receita de US$ 2,9 bilhões (-US$ 29,9 milhões | -1,0%). O efeito preponderante para explicar a retração na receita nos primeiros seis meses do ano ficou por conta do quantum exportado que caiu 5,5%, preços avançaram 5,4% em média. O produto mais embarcado do segmento, no primeiro semestre, foi farelo de soja (US$ 878,1 milhões, no total), o qual apresentou avanço de 4,4% em relação ao primeiro semestre do ano anterior. De maneira semelhante, carne de frango in natura (US$ 576,3 milhões, no total), o segundo produto com maior faturamento de exportação do segmento, apresentou retração de 14,9%. Os principais destinos das mercadorias do segmento foram China (US$ 392,9 milhões | +US$ 59,2 milhões), Vietnã (US$ 208,2 milhões | +US$ 88,1 milhões) e Índia (US$ 155,0 milhões | -US$ 128,0 milhões). Enquanto a demanda chinesa focou-se principalmente em carne de suíno in natura (US$ 212,5 milhões), as compras vietnamitas centraram-se em farelo de soja (US$ 188,8 milhões) e a indiana em óleo de soja em bruto (US$ 154,5 milhões).

Em segundo lugar, o segmento de Tabaco apresentou faturamento de US$ 1,1 bilhão (+US$ 181,6 milhões | +20,6%). O efeito dominante para explicar a variação da receita foi devido ao avanço dos preços médiosdos produtos exportados, que apresentaram avanço de 43,0% frente ao mesmo semestre de 2022; o índice de quantum das exportações desse segmento, porém, apresentou retração de 17,2%. China (US$ 234,9 milhões | +US$ 21,4 milhões), Bélgica (US$ 221,0 milhões | -US$ 32,1 milhões) e Estados Unidos (US$ 90,9 milhões | +US$ 36,3 milhões) foram os principais destinos dos embarques. Em termos de quantidades, exportou-se 183,9 mil toneladas de Tabaco em folhas (queda de 22,0% ante o primeiro semestre de 2022).

O terceiro segmento com maior destaque no semestre, o de Máquinas e equipamentos, apresentou faturamento de US$ 632,5 milhões no primeiro semestre do ano (+US$ 21,9 milhões | +3,6%). O índice de preços médios dos produtos exportados foi o preponderante para explicar o avanço na receita, com aumento de 20,9%; o índice de quantidades apresentou queda de 14,1%. O Paraguai (US$ 115,4 milhões | +US$ 5,2 milhões) foi o principal comprador dos produtos do segmento, seguido da Argentina (US$ 95,0 milhões | -US$ 14,9 milhões) e dos Estados Unidos (US$ 92,1 milhões | -US$ 6,6 milhões). Os principais produtos demandados foram máquinas e aparelhos de uso agrícola (US$ 174,1 milhões, no total) e Tratores (US$ 139,0 milhões, no total).

O Rio Grande do Sul, por outro lado, importou US$ 6,9 bilhões em produtos estrangeiros nos primeiros seis meses do ano, avanço nominal de US$ 486,1 milhões frente ao mesmo período de 2022 (+7,6%). Os produtos mais demandados do mercado externo foram: óleos brutos de petróleo (US$ 1,3 bilhão), veículos de carga (US$ 535,3 milhões), adubos ou fertilizantes contendo nitrogênio, fósforo e potássio (US$ 471 milhões), naftas (US$ 466,4 milhões) e cloreto de potássio (US$ 285,2 milhões). Os aumentos de demanda de cloreto de potássio e adubos devem-se principalmente para a utilização na agricultura. Os países de origem dos produtos mais demandados foram Argentina (US$ 1,3 bilhão) e Argélia (US$ 1,0 bilhão). As importações advindas da Argentina centraram-se principalmente em veículos de carga (US$ 535,0 milhões) e as da Argélia em óleos brutos de petróleo (US$ 937,5 milhões).

Anexo Estatístico

Exportações da Indústria de Transformação do RS – CNAE 2.0

(US$ milhões)

Resultado Mensal

jun/22jun/23Var. (%)Var. US$
Alimentos666,0486,4-27,0-179,6
Tabaco152,3209,137,456,9
Químicos144,5104,9-27,4-39,6
Máquinas e equipamentos100,187,4-12,7-12,7
Veículos automotores77,879,92,72,1
Couro e calçados97,573,8-24,3-23,6
Produtos de metal72,460,7-16,2-11,7
Celulose e papel121,537,8-68,9-83,7
Borracha e plástico37,729,0-23,2-8,7
Metalurgia22,920,9-8,6-2,0
Outros136,3104,2-23,6-32,1
Indústria de Transformação1.628,81.294,0-20,6-334,8
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: UEE/FIERGS.

Resultado Acumulado

jan-jun/22jan-jun/23Var. (%)Var. US$
Alimentos2.924,42.894,5-1,0-29,9
Tabaco880,51.062,120,6181,6
Máquinas e equipamentos610,5632,53,621,9
Químicos920,8619,4-32,7-301,4
Veículos automotores, reboques e carrocerias495,3543,39,748,0
Celulose e papel615,0523,0-15,0-92,1
Couro e calçados533,7463,9-13,1-69,8
Produtos de metal378,5349,3-7,7-29,3
Borracha e plástico183,0178,5-2,5-4,6
Madeira194,9174,4-10,5-20,5
Outros750,2678,6-9,6-71,6
Indústria de Transformação8.486,88.119,3-4,3-367,5
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: UEE/FIERGS.

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos | economia@fiergs.org.br

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