A Indústria de Transformação do RS apresentou, em maio, faturamento de US$ 1,4 bilhão com as exportações. Comparando-se com o mesmo mês do ano passado, verificou-se avanço nominal de US$ 40,9 milhões, alta de 3,0%. No acumulado do ano, de janeiro a maio, exportou-se US$ 6,8 bilhões em mercadorias, baixa de 0,6% frente aos primeiros cinco meses de 2022.
O efeito preponderante para explicar a variação da receita em maio ficou por conta das quantidades, que apresentaram avanço de 7,7%. Os preços médios, ao contrário, apresentaram retração 4,4% ante maio de 2022. Salienta-se que a média móvel de 12 meses, tanto da receita quanto do índice de quantidades exportadas, continua a apresentar trajetória declinante. Não obstante, dos 23 setores exportadores da Indústria de Transformação, apenas 9 apresentaram avanço na receita de exportações, ante o mesmo mês de 2022. Embora tenha havido um pequeno avanço, na comparação interanual, o cenário externo é desafiador, visto os efeitos colaterais do combate à inflação nos mercados internacionais. Na comparação interanual, para termos uma ideia, as importações chinesas encolheram em 4,5%. Adicionalmente, um de nossos principais parceiros comerciais, a Argentina, passa por um período conturbado com relação a sua balança de pagamentos, novamente o país não está entre os dez principais destinos das exportações do Estado, algo que acontecia recorrentemente no ano passado.
O setor com maior faturamento, o de Alimentos, apresentou receita de US$ 565,6 milhões em maio (+US$ 147,1 milhões | +35,2%). Sendo que China (US$ 64,0 milhões | +US$ 14,2 milhões), Tailândia (US$ 57,8 milhões | +US$ 55,9 milhões) e Índia (US$ 56,1 milhões | +US$ 32,9 milhões) foram os principais mercados consumidores. O produto mais embarcado do setor foi farelo de soja (US$ 203,2 milhões, no total), o qual apresentou avanço de 220,7% em relação a maio do ano anterior. De maneira semelhante, carne de frango in natura (US$ 68,8 milhões, no total), o segundo produto com maior faturamento de exportação do setor, apresentou retração de 57,0%. Enquanto a demanda chinesa focou-se principalmente em carne de suíno in natura (US$ 33,3 milhões), as compras tailandesas centraram-se em farelo de soja (US$ 57,6 milhões) e a indiana em óleo de soja em bruto (US$ 55,7 milhões). É interessante destacar que, em maio de 2022, não se exportou farelo de soja para a Tailândia, a demanda atual deve-se à recente onda de calor e período de estiagem que afeta o país. De maneira geral, em maio, exportou-se 386,8 mil toneladas de farelo de soja e 35,8 mil toneladas de carne de frango in natura
O efeito preponderante, para explicar o avanço da receita do setor de Alimentos, foi o aumento de 37,9% nas quantidades exportadas, visto o índice de preços das exportações ter apresentado retração de somente 2,0%. O peso relativo do setor dentro da Indústria de Transformação gaúcha situa-se em 39,6%. Os principais locais de escoamento foram os portos de Rio Grande (US$ 398,4 milhões, no total), de Itajaí (US$ 77,9 milhões) e de São Francisco do Sul (US$ 34,8 milhões).
Em segundo lugar, o setor de Tabaco apresentou faturamento de US$ 148,2 milhões (+US$ 41,0 milhões | +38,3%). Bélgica (US$ 55,0 milhões | +US$ 37,5 milhões), Estados Unidos (US$ 20,7milhões | +US$ 11,4 milhões) e Emirados Árabes Unidos (US$ 7,1 milhões | +US$ 2,8 milhões), foram os principais destinos dos embarques, juntos somaram demanda de US$ 82,8 milhões. Em termos de quantidades, exportou-se 25,1 mil toneladas de Tabaco em folhas (queda de 13,3% ante maio de 2022). O principal local de escoamento da produção do setor foi o porto de Rio Grande, com 24,7 mil toneladas embarcadas. O efeito dominante para explicar a variação da receita é devido aos preçosdos produtos exportados, que apresentaram avanço de 38,7% frente ao mesmo mês de 2022; o índice de quantum das exportações desse setor, porém, apresentou retração moderada de 0,3%. O peso relativo do setor dentro da Indústria de Transformação gaúcha situa-se em 10,4%.
O terceiro setor com maior destaque, o de Máquinas e equipamentos apresentou faturamento de US$ 111,0 milhões (-US$ 8,3 milhões | -6,9%). A Argentina (US$ 19,8 milhões | -US$ 0,8 milhões) foi o principal comprador dos produtos do setor, seguido do Paraguai (US$ 19,6 milhões | -US$ 4,5 milhões), em terceiro lugar ficou os Estados Unidos (US$ 11,5 milhões | -US$ 9,7 milhões). Os principais produtos demandados foram máquinas e aparelhos de uso agrícola (US$ 27,9 milhões, no total), 126 mil unidades a mais do que no mesmo período do ano passado, e Tratores (US$ 20,5 milhões, no total), 187 unidades a menos do que em maio de 2022. O escoamento ocorreu primordialmente pelo porto de Rio Grande (US$ 33,4 milhões). O peso relativo do setor dentro da Indústria de Transformação gaúcha situa-se em 7,8%. O quantum dos produtos exportados foi preponderante para explicar a retração da receita, queda de 19,1%; o índice de preços apresentou avanço 15,0%.
Quanto às exportações municipais da Indústria de Transformação do Rio Grande do Sul, verifica-se que Rio Grande (US$ 399,4 milhões) foi o município com maior receita de exportação, seguido de Santa Cruz do Sul (US$ 114,1 milhões), Porto Alegre (US$ 111,1 milhões), Cruz Alta (US$ 88,9 milhões) e Triunfo (US$ 87,6 milhões).
O Rio Grande do Sul, por outro lado, importou US$ 1,3 bilhão em produtos estrangeiros em maio, redução nominal de US$ 94,2 milhões frente ao mesmo mês de 2022. Os preços médios dos produtos importados pelo Estado apresentaram retração de 3,5% enquanto o quantum das importações apresentou queda de 3,3%. Os produtos mais demandados do mercado externo foram: óleos brutos de petróleo (US$ 323,9 milhões), adubos ou fertilizantes contendo nitrogênio, fósforo e potássio (US$ 121,1 milhões), veículos de carga (US$ 88,2 milhões), cloreto de potássio (US$ 71,2 milhões) e ureia (US$ 51,0 milhões). Os aumentos de demanda de cloreto de potássio, ureia e adubos devem-se principalmente para a utilização na agricultura. Os países de origem dos produtos mais demandados foram Argélia (US$ 241,4 milhões), Argentina (US$ 212,1 milhões), China (US$ 154,0 milhões) e Estados Unidos (US$ 148,0 milhões). Do total de produtos importados, 72,8% pertencem à Indústria de Transformação. A maioria das mercadorias importadas teve o porto de Rio Grande (US$ 520,4 milhões) como porta de entrada.
Anexo Estatístico
Exportações da Indústria de Transformação do RS – CNAE 2.0
(US$ milhões)
Resultado Mensal
mai/22 | mai/22 | Var.% | Var.US$ | |
---|---|---|---|---|
Alimentos | 418,5 | 565,6 | 35,2 | 147,1 |
Tabaco | 107,1 | 148,2 | 38,3 | 41,0 |
Máquinas e equipamentos | 119,2 | 111,0 | -6,9 | -8,3 |
Veículos automotores | 108,9 | 110,7 | 1,6 | 1,8 |
Químicos | 156,4 | 108,7 | -30,5 | -47,6 |
Couro e calçados | 83,5 | 72,1 | -13,6 | -11,4 |
Produtos de metal | 68,1 | 64,6 | -5,0 | -3,4 |
Celulose e papel | 112,8 | 64,0 | -43,3 | -48,8 |
Borracha e plástico | 31,6 | 32,9 | 4,4 | 1,4 |
Madeira | 47,0 | 30,9 | -34,2 | -16,1 |
Outros | 135,5 | 120,7 | -10,9 | -14,8 |
Indústria de Transformação | 1.388,5 | 1.429,4 | 3,0 | 40,9 |
Resultado Acumulado
jan-mai/22 | jan-mai/23 | Var.% | Var.US$ | |
---|---|---|---|---|
Alimentos | 2.258,4 | 2.397,4 | 6,2 | 139,0 |
Tabaco | 728,3 | 853,0 | 17,1 | 124,7 |
Máquinas e equipamentos | 510,5 | 545,1 | 6,8 | 34,7 |
Químicos | 776,3 | 525,5 | -32,3 | -250,8 |
Celulose e papel | 493,6 | 478,1 | -3,1 | -15,5 |
Veículos automotores | 417,5 | 463,4 | 11,0 | 46,0 |
Couro e calçados | 436,2 | 390,1 | -10,6 | -46,1 |
Produtos de metal | 306,1 | 288,6 | -5,7 | -17,5 |
Madeira | 172,3 | 153,3 | -11,1 | -19,1 |
Borracha e plástico | 145,3 | 149,5 | 2,9 | 4,2 |
Outros | 613,7 | 570,9 | -7,0 | -42,8 |
Indústria de Transformação | 6.858,0 | 6.814,8 | -0,6 | -43,3 |
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Boletim da Balança Comercial
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