Ano 24 – Número 38 – 19 de setembro de 2022

Informe Econômico

Melhora da economia impulsiona a confiança do industrial gaúcho

O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS), divulgado pela FIERGS, atingiu 62,9 pontos em setembro, registrando o maior avanço (+3,3 pontos ante agosto) e nível desde abril e agosto de 2021, respectivamente. O ICEI/RS, que varia de 0 a 100, cresceu 7,1 pontos nos últimos cinco meses, mostrando que a confiança está cada vez mais disseminada entre as empresas. O índice é composto pelos índices de condições atuais e expectativas.

Na terceira alta seguida, o Índice de Condições Atuais aumentou 3,2 pontos em setembro ante agosto, para 58,2 pontos, indicando, acima de 50, condições melhores. Esse é o maior patamar do índice desde agosto de 2021, puxado pelo Índice de Condições Atuais da Economia Brasileira, que atingiu 59,0 pontos, (+5,1 ante agosto), a maior pontuação desde dezembro de 2020. De fato, o percentual de empresários que percebem melhora nas condições da economia da economia brasileira passou de 33,2% em agosto para 42,9% em setembro (eram 23,3% em julho) enquanto a parcela que enxerga uma deterioração diminuiu de 16,8% para 9,0% (eram 30,6% em julho). As condições das empresas também evoluíram positivamente em setembro: o índice foi de 57,8 pontos, 55,6 em agosto.

O quadro econômico melhor afeta positivamente as perspectivas dos empresários para os próximos seis meses: o Índice de Expectativas foi de 65,3 pontos em setembro (61,9 em agosto), sendo que valores acima de 50 indicam otimismo. O Índice de Expectativas para a Economia Brasileira alcançou 63,0 pontos em setembro (58,1 em agosto), valor que reflete a grande diferença entre os percentuais de empresários otimistas e pessimistas: 56,7% (eram 42,1% em agosto) e 6,2% (eram 10,4% em agosto), respectivamente. O otimismo com relação ao futuro das empresas também é grande e aumentou em setembro, com o índice de Expectativas das Empresas atingindo 66,5 pontos (63,8 em agosto).

A percepção positiva – corrente e futura – da economia brasileira nos últimos meses impulsiona a confiança do industrial gaúcho, que se beneficia, além da recuperação econômica, dos menores gargalos nas cadeias de suprimentos e dos estímulos fiscais, sobretudo da desoneração dos combustíveis e da energia. Os resultados também sinalizam crescimento da atividade industrial no estado nos próximos meses.

Índice de Confiança do Empresário Industrial do RS
(Em pontos)

Fonte: FIERGS.

Perspectivas para a semana decisiva na política monetária dos EUA e BR

Na semana passada, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA, que apresentou uma elevação de 0,1% em relação a agosto, veio acima do esperado: -0,1%. Porém, a frustração ficou por conta do avanço de 0,3% no núcleo do índice, o qual exclui as variações de energia e alimentos, frente a uma expectativa de -0,3%. Assim, o CPI, no acumulado em 12 meses para todos os itens, mostra um avanço de 8,3%. Por sua vez, o núcleo da inflação, referência pra o FED, avança ao ritmo de 6,3%, desconfortavelmente acima da meta perseguida que está em 2% a.a..

Esse resultado, somado aos números do mercado de trabalho, que permanecem fortes, criam o ambiente para que o FED acelere o ritmo de aperto monetário para 0,75 p.p. na reunião dessa quarta-feira. Uma elevação menos intensa desmancharia o discurso construído por Jerome Powell desde o encontro dos banqueiros centrais em Jackson Hole. Assim esperamos que a taxa dos Fed Funds seja fixada em 3,25% a.a.. Nas duas reuniões restantes para o ano esperamos mais elevações de magnitude ainda incerta, porém, é possível acreditar com segurança que o mercado já espera uma taxa de final de ano em 4,00% a.a., pelo menos. Um valor abaixo disso seria uma surpresa positiva.

No mesmo dia, o COPOM decidirá a taxa Selic, que na nossa projeção ficará estável em 13,75% a.a. A economia brasileira, por sua vez, é uma das economias do G-20 mais adiantadas no ciclo de aperto monetário, a inflação acumulado parece já ter feito o pico e começa a mostrar desaceleração. As projeções de mercado, contidas no relatório FOCUS dessa semana, apontam para um IPCA de 6,00% no final desse ano e de 5,01% para o final de 2023.

Outra informação sobre a visão do mercado diz respeito à projeção de um início de ciclo de redução de Selic, que atualmente está para a quarta reunião do ano que vem, que ocorrerá em junho. Na nossa visão, o COPOM terá espaço para agir antes, na reunião de maio, ou até mesmo na reunião de março. O ciclo de aperto monetário tem ocorrido em âmbito global, tendo em vista que a inflação não é um problema localizado. Assim, os efeitos da desaceleração da demanda vai ajudar a descomprimir cadeias e preços de matérias-primas, o que deve gerar uma surpresa desinflacionária que ainda não está nas expectativas dos agentes.

O nosso cenário tem como principal risco o pós-eleições. A condução da política fiscal a partir de 2023 será determinante para o nível de risco percebido pelos investidores, o que terá impactos diretos sobre taxa de câmbio e de juros.

Impulsionadas pelo setor de Alimentos, exportações avançam 9,4%

As exportações da Indústria de transformação do RS totalizaram, no mês de agosto, US$ 1,5 bilhão, um incremento de US$ 127,1 milhões (+9,4%), com relação a agosto de 2021. A Indústria do Rio Grande do Sul atinge, com esse resultado, a vigésima alta consecutiva em suas vendas para o exterior. Comparando-se com agosto de 2019 (nível pré-pandemia), há um crescimento de US$ 371,0 milhões (+33,3%). No acumulado do ano, até agosto, as exportações somaram US$ 11,3 bilhões, crescimento de 27,4% comparando-se com o acumulado do ano anterior. Com os resultados obtidos nesse mês, o RS tem mostrado desempenho superior ao observado na Indústria de transformação brasileira, que registrou incremento, no acumulado do ano, de US$ 223,0 bilhões, avanço de 18,2%, no mesmo período.

Os resultados setoriais de agosto, comparados ao mesmo mês de 2021, apontam que treze dos vinte e três segmentos exportadores da Indústria de transformação gaúcha apresentaram crescimento. O setor de Alimentos (+US$ 156,9 milhões | +48,4%) apresentou o maior aumento, tendo as exportações de Carne de frango in natura (+US$ 32,2 milhões), Farelo de Soja (+US$ 63,3 milhões) e Óleo de soja (+US$ 14,6 milhões) como principais responsáveis pelo incremento. Comparando-se o acumulado de janeiro a agosto de 2022 com o acumulado de 2021, verifica-se que houve incremento de US$ 1,0 bilhão nas exportações do setor de Alimentos (+37,1%) sendo que a quantidade vendida (em kg líquidos) aumentou em 24,5% (os preços dos produtos vendidos contribuíram com um aumento de 6,6%).

As exportações de Tabaco, comparando-se com agosto de 2021, apresentaram amento de US$ 86,7 milhões (+105,1%). No acumulado até agosto isso representa um incremento de US$ 377,4 milhões (+48,2%), com relação ao mesmo período do ano passado, sendo que a quantidade exportada (em kg líquidos) aumentou em 21,6% e os preços de venda aumentaram 25,0%.

O aumento da renda dos mercados consumidores explica a maior demanda pelos bens produzidos pelo setor de Alimentos (dado que a receita com as vendas aumentou mais pelo aumento da quantidade exportada do que pelo aumento dos preços dos produtos exportados). Para o setor de Tabaco, no entanto, o aumento dos preços dos produtos exportados foi mais relevante do que a quantidade de produtos exportados para explicar a receita das exportações do setor (isso se deve às características especiais dos tipos de bens que o setor exporta).

No geral espera-se, para os próximos meses, que as  exportações da Indústria de transformação continuem avançando, na esteira do mercado externo ainda aquecido.

Setor de Alimentos tem Índia como principal destino

A Indústria de transformação do RS teve como principais destinos, no acumulado até agosto de 2022, Estados Unidos (12%), China (10%), Argentina (8%) e Índia (4%). Comparando-se com o acumulado até agosto de 2021, a participação dos Estados Unidos, na pauta de exportações do RS permaneceu a mesma. A participação chinesa, no entanto, apresentou retração de 5,5 pontos percentuais.

O setor de Alimentos, comparando-se o acumulado de janeiro a agosto de 2022 contra o de 2021, teve como principal destino a Índia (+US$ 311,2 milhões), a Espanha (+US$ 188,5 milhões), os Estados Unidos (+US$ 86,0 milhões) e os Emirados Árabes Unidos (+US$ 92,7 milhões). O setor apresentou queda nas exportações para China (-US$ 141,8 milhões), Coreia do Sul (-US$ 70,0 milhões) e Tailândia (-US$ 46,4 milhões). As exportações do setor se mantiveram estáveis devido principalmente ao aumento da renda na economia indiana (o setor tende a ser mais sensível a aumentos da renda dos compradores) e dos Emirados Árabes Unidos (que tem se beneficiado com o aumento dos preços do petróleo, que, por sua vez, tem aumentado devido ao conflito armado entre Ucrânia e Rússia). O setor de Veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou, comparando-se os primeiros 8 meses de 2022 com os de 2021, incremento de US$ 85,9 milhões nas exportações para a Argentina, um dos principais consumidores das exportações gaúchas. A explicação para esse aumento da demanda argentina deve-se principalmente à melhora do Produto Interno Bruto argentino que, em maio, registrou sua quinta alta consecutiva.

 A melhora da demanda dos Estados Unidos, da Índia, da Argentina e dos Emirados Árabes Unidos tem se mostrado boas alternativas para mitigar a desaceleração da demanda chinesa (que vem demandando menos produtos da Indústria de transformação do RS nos últimos meses), permitindo, portanto, que as exportações gaúchas se expandam mesmo com a desaceleração de um de nossos principais compradores.

Se os preços do petróleo continuarem a subir nos próximos meses espera-se que as exportações para os países do Oriente Médio (que tem o petróleo como principalmente fonte de renda) aumentem, visto que esses países são grandes mercados consumidores do setor de Alimentos, em especial de Carne de frango in natura.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20182019202020212022*
Agropecuária1,30,43,8-0,21,3
Indústria0,7-0,7-3,44,51,0
Serviços2,11,5-4,34,73,6
TOTAL1,81,2-3,94,62,8
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20182019202020212022*
Em R$7,0047,3897,4688,6799,536
Em US$21,9161,8731,4481,6091,847
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS

Inflação (% a.a.)

20182019202020212022*
IGP-M 7,67,323,117,810,4
INPC3,44,55,410,26,3
IPCA3,74,34,510,16,0
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20182019202020212022*
Extrativa Mineral0,0-9,7-3,41,11,2
Transformação1,10,2-4,64,31,9
Indústria Total31,0-1,1-4,53,91,5
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20182019202020212022
Agropecuária2,213,036,5146,161,0
Indústria23,997,2148,7721,2478,9
Indústria de Transformação1,213,248,0439,7256,3
Construção11,470,797,3245,0194,6
Extrativa e SIUP411,213,33,536,528,0
Serviços520,2533,8-378,01.904,41.527,2
TOTAL546,4644,1-192,72.771,62.067,1
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20182019202020212022*
Fim do ano11,711,114,211,18,0
Média do ano12,412,013,813,29,3
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20182019202020212022*
Exportações231,9221,1209,2280,4295,9
Importações185,3185,9158,8219,4226,4
Balança Comercial46,635,250,461,069,5
*Projeção UEE/FIERGS

Moeda e Juros

20182019202020212022*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)6,504,502,009,2513,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)517,14,028,97,4-7,7
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)3,854,035,205,585,15
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS

Setor Público (% do PIB)

20182019202020212022*
Resultado Primário-1,6-0,8-9,40,8-1,0
Juros Nominais-5,4-5,0-4,2-5,2-6,5
Resultado Nominal-7,0-5,8-13,6-4,4-7,5
Dívida Líquida do Setor Público52,854,762,557,362,3
Dívida Bruta do Governo Geral75,374,488,680,383,1
*Projeção UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20182019202020212022*
Agropecuária-7,13,0-29,567,5-40,0
Indústria2,80,2-5,69,7-1,4
Serviços2,60,8-4,64,10,5
TOTAL2,01,1-6,810,4-4,0
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20182019202020212022*
Em R$457,294482,464480,173582,968599,384
Em US$2125,108122,28293,107108,059114,249
*Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20182019202020212022*
Agropecuária-1,4-0,10,53,71,9
Indústria1,5-5,5-0,247,534,7
Indústria de Transformação0,9-1,50,142,927,7
Construção0,9-4,0-0,35,37,5
Extrativa e SIUP7-0,20,00,0-0,6-0,5
Serviços20,426,0-42,989,767,2
TOTAL20,520,4-42,6141,0103,8
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20182019202020212022*
Fim do ano7,57,38,68,15,7
Média do ano8,28,19,38,76,3
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20182019202020212022*
Exportações21,017,314,121,122,4
Industriais15,112,510,514,115,1
Importações11,310,37,611,712,8
Balança Comercial9,86,96,59,49,6
*Projeção UEE/FIERGS

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20182019202020212022*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)34,835,736,245,749,5
*Projeção UEE/FIERGS

Indicadores Industriais (% a.a.)

20182019202020212022*
Faturamento real2,73,0-3,18,71,6
Compras industriais10,0-2,7-5,531,04,2
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)1,60,7-4,65,70,3
Massa salarial real-1,3-0,8-9,34,60,4
Emprego0,90,0-1,96,71,4
Horas trabalhadas na produção0,0-1,0-5,715,13,3
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS2,60,1-4,812,81,7
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20182019202020212022*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)5,92,5-5,58,81,0
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Informações sobre as atualizações das projeções:

No cenário nacional foi atualizada a projeção para o IPCA

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos

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