Ano 26 – Número 16 – 22 de Abril de 2024

Informe Econômico

Fechamento do primeiro trimestre das exportações da Indústria de Transformação gaúcha

Indústria de Transformação gaúcha apresentou, nos primeiros três meses de 2024, faturamento de US$ 3,6 bilhões com as exportações, sinalizando queda de US$ 516,7 milhões (-12,5%) frente ao mesmo período de 2023. Pelo declínio das quantidades (-9,7%) exportadas e dos preços médios (-2,9%), verificamos que há uma menor demanda internacional pelos bens da Indústria de Transformação gaúcha. Dos 23 segmentos exportadores, somente 11 apresentaram aumento de receita na comparação trimestral. A dinâmica mais recente aponta para um cenário ainda de desaceleração no mercado internacional, a trajetório do quantum exportado, assim como a receita, tem sido decrescente. Os preços médios, que até meados de mar/23 apresentava papel benéfico para essas exportações, têm mostrado dinâmica declinante, ainda que com menor intensidade. Abaixo mostra-se o detalhamento dos três segmentos da Indústria de Transformação do Rio Grande do Sul que mais exportaram no primeiro trimestre de 2024.

Receita, Quantum e preços – Indústria de Transformação – RS

(Média Móvel de 12 meses | Índice de base fixa: mar/19 = 100)

Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: UEE/FIERGS.

Alimentos foi o segmento que mais se destacou no trimestre, tendo US$ 1,1 bilhão (-US$ 321,0 milhões | -22,4%) de faturamento com vendas externas. Em linha com o observado na Indústria de Transformação, preços médios (-7,7%) e quantidades (-15,9%) apresentaram retração quando comparados ao mesmo trimestre de 2023, sinalizando uma menor demanda internacional. O ramo alimentício com maior receita foi o de Óleos vegetais em bruto (US$ 339,0 milhões | -US$ 235,8 milhões), que teve suas mercadorias adquiridas pela Coreia do Sul (US$ 83,5 milhões | +US$ 22,4 milhões), seguido dos embarques do ramo de Abate de aves (US$ 312,5 milhões | -US$ 88,3 milhões), cujos principais produtos foram comprados pelos Emirados Árabes Unidos (US$ 43,6 milhões | +US$ 5,2 milhões).

Em segundo lugar, Tabaco apresentou faturamento de US$ 611,6 milhões (+US$ 19,5 milhões | +3,3%) nos primeiros três meses do ano, esse resultado sendo influenciado por preços médios (+17,1%) maiores, visto o quantum (-10,9%) ter diminuído. O ramo que mais se destacou foi o de Processamento industrial do tabaco (US$ 582,6 milhões | +US$ 12,9 milhões), tendo a China (US$ 292,2 milhões | +US$ 60,6 milhões) e a Bélgica (US$ 80,4 milhões | +US$ 24,6 milhões) como destinos principais de seus produtos.

O terceiro segmento com maior receita no primeiro trimestre de 2024, o de Químicos, apresentou faturamento de US$ 323,9 milhões (+US$ 21,8 milhões | +7,2%). Houve um incremento nos preços médios (+11,3%) enquanto o quantum (-3,5%) exportado apresentou retração. O ramo de produção com maior destaque foi o de Resinas termoplásticas (US$ 197,5 milhões | +US$ 26,0 milhões), que teve seus produtos embarcados principalmente para a Bélgica (US$ 28,0 milhões | +US$ 1,9 milhão) e para o Japão (US$ 27,3 milhões | +US$ 13,1 milhões).

Ainda entre os segmentos, na comparação do primeiro trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, vale destacar as quedas expressivas nas exportações de Máquinas e equipamentos (US$ 251,7 milhões | -US$ 73,5 milhões | -22,6%), de Celulose e papel (US$ 239,6 milhões | -US$ 86,2 milhões | -26,5%) e de Veículos automotores (US$ 187,2 milhões | -US$ 73,6 milhões | -28,2%). 

Por fim, as exportações da Indústria de Transformação gaúcha apresentaram fraco desempenho no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período de 2023. A queda no faturamento tem sido acompanhada por uma retração no quantum e nos preços médios dos produtos exportados, um claro sinal de queda na demanda pelos bens industrializados do Rio Grande do Sul. Esses resultados são críticos visto que o Rio Grande do Sul é bastante ligado ao mercado externo, com parte razoável da Receita líquida de vendas sendo dependente do comércio internacional.


Pessimismo aumenta em abril e impacta a confiança da indústria gaúcha

O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS) caiu de 51,6 pontos em março para 50,5 em abril. O índice varia de 0 a 100, tendo na marca de 50 pontos a divisão entre a presença e ausência de confiança. Quanto mais distante, para cima ou para baixo, mais ou menos difundida a confiança ou a falta dela. Nesse mês, a queda do índice para um patamar acima, mas muito próximo de 50 indica um nível de confiança muito baixo.

Índice de Confiança do Empresário Industrial do RS

 
O índice varia de 0 a 100 pontos e acima de 50 indica confiança do empresário e quanto mais acima, maior e mais disseminada é a confiança. Abaixo de 50, o índice indica falta de confiança e quanto mais abaixo, maior e mais disseminada é a falta de confiança.
Fonte: UEE/FIERGS.

O ICEI/RS é composto pelo Índice de Condições Atuais – economia brasileira e da empresa – e pelo Índice de Expectativas – economia brasileira e empresa.  A redução e o baixo nível da confiança em abril refletem, principalmente, a piora nas avaliações dos empresários com relação à economia brasileira.

O Índice de Condições Atuais recuou de 45,7 em março para 45,2 em abril. Abaixo de 50 pontos, o resultado informa que os empresários seguem percebendo deterioração nas condições atuais dos negócios. A percepção negativa é particularmente intensa com as condições da economia brasileira, componente que recuou de 41,2 para 39,4 pontos no período. Em abril, 41,0% dos empresários gaúchos indicam piora da economia brasileira. Somente 5,5% percebem melhora. O restante não vê alteração no cenário. O Índice de Condições das Empresas variou de 48,0 para 48,1 pontos, também denotando piora.

Condições Atuais

(Em relação aos últimos seis meses)

O Índice varia de 0 a 100. A acima de 50 indica que as condições estão melhores e abaixo indica que as condições estão piores.
Fonte: UEE/FIERGS.

O Índice de Expectativa caiu 1,4 ponto em relação a março, para 53,2 em abril. Acima de 50, o índice revela otimismo dos empresários com os próximos seis meses, ainda que menor e menos disseminado do que em março. A perspectiva positiva, porém, se restringe ao futuro da própria empresa. De fato, o Índice de Expectativas das Empresas registrou 57,7 pontos em abril (58,1 em março) e, apesar da queda, segue sendo o componente que mantém a confiança da indústria gaúcha. Já o pessimismo com a economia brasileira cresceu em abril, atingindo 32,2% dos empresários (eram 25,5% em março). O percentual de otimistas diminuiu de 18,0% para 13,7%. Com isso, o Índice de Expectativas da Economia Brasileira recuou de 47,6 em março para 44,2 pontos em abril, a maior queda (-3,4 pontos) entre os todos componentes da confiança no mês.

Expectativas

(Para os próximos seis meses)

O Índice varia no intervalo 0 a 100. Acima de 50 indica expectativa otimista e abaixo indica expectativa pessimista.
Fonte: UEE/FIERGS.

O fator que diminuiu e colocou a confiança do industrial gaúcho em patamar praticamente nulo em abril, é a persistência do cenário de incerteza, cuja principal fonte segue sendo as indefinições no campo fiscal, como o cumprimento das metas do “Novo Arcabouço Fiscal”, além da Reforma Tributária. Esse quadro, à medida que se prolonga, deteriora a percepção dos empresários com relação aos fundamentos da economia, elevando o pessimismo. No âmbito estadual, a questão dos Incentivos fiscais de ICMS também é motivo de preocupação para os empresários gaúchos. Os resultados não capturam a nova proposta do governo estadual de aumento da alíquota de ICMS.

A queda geral dos índices em abril, sobretudo os de expectativas, chancelam a perspectiva de baixo dinamismo para a atividade do setor nos próximos meses, principalmente, para os investimentos, que, na presença de muita incerteza, tendem a ser postergados. Portanto, o resultado do ICEI/RS, como indicador antecedente, ainda não fornece qualquer sinal de reversão das perdas recentes no curto prazo.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20202021202220232024*
Agropecuária4,20,0-1,115,10,5
Indústria-3,05,01,51,61,3
Serviços-3,74,84,32,41,7
Total-3,34,83,02,91,5
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20202021202220232024*
Em R$7,6109,0129,91510,85611,482
Em US$21,4761,6701,9202,1702,295
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20202021202220232024*
IGP-M 23,117,85,5-3,24,0
INPC5,410,25,93,74,1
IPCA4,510,15,84,64,1
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20202021202220232024*
Extrativa Mineral-3,41,0-3,27,01,7
Transformação-4,64,3-0,4-1,01,1
Indústria Total3-4,53,9-0,70,21,4
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20202021202220232024*
Agropecuária37146643530
Indústria143720441286221
Indústria de Transformação45439214103109
Construção9524519315999
Extrativa e SIUP4436352413
Serviços-3721.9141.5081.163706
Total-1922.7802.0131.484956
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20202021202220232024*
Fim do ano14,211,17,97,47,6
Média do ano13,813,29,38,07,9
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20202021202220232024*
Exportações209,2280,8334,1339,7336,8
Importações158,8219,4272,6240,8241,6
Balança Comercial50,461,461,598,895,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20202021202220232024*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)2,009,2513,7511,759,50
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)5,205,585,224,845,08
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

20202021202220232024*
Resultado Primário-9,20,71,3-2,3-1,2
Juros Nominais-4,1-5,0-5,9-6,6-6,3
Resultado Nominal-13,3-4,3-4,6-8,9-7,5
Dívida Líquida do Setor Público61,455,857,160,564,5
Dívida Bruta do Governo Geral86,978,372,974,979,2
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20202021202220232024*
Agropecuária-29,653,0-41,716,337,1
Indústria-6,18,11,6-4,01,8
Serviços-5,04,43,82,71,5
Total-7,29,32,81,74,7
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20202021202220232024*
Em R$470,942581,284592,683640,299697,880
Em US$291,317107,747114,752128,189140,983
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20202021202220232024*
Agropecuária27311
Indústria-14729-96
Indústria de Transformação04322-65
Construção-157-21
Extrativa e SIUP30-11-10
Serviços-4290685514
Total-411441004721
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20202021202220232024*
Fim do ano8,68,14,65,25,0
Média do ano9,38,76,15,35,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20202021202220232024*
Exportações14,121,122,622,323,0
Indústria de Transformação10,414,417,716,817,1
Importações7,611,716,013,815,4
Balança Comercial6,59,46,68,57,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20202021202220232024*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)36,245,743,344,746,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20202021202220232024*
Faturamento real-3,18,95,9-7,22,1
Compras industriais-5,531,2-0,5-14,87,5
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)-4,55,7-0,7-3,31,0
Massa salarial real-9,05,310,92,80,6
Emprego-1,96,75,9-0,80,2
Horas trabalhadas na produção-5,515,28,4-3,51,5
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS-4,712,94,1-5,62,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20202021202220232024*
Produção Física Industrial4 (% a.a.)-5,59,01,1-4,72,3
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações nas projeções de 2024.
Economia Gaúcha: Não houve alterações nas projeções de 2024.

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