Julho de 2022

Sondagens Especiais

Falta de trabalhador qualificado afeta quase dois terços das indústrias do RS

A Sondagem Industrial Especial do RS de julho de 2022 procurou mostrar a dimensão da dificuldade enfrentada pela indústria gaúcha com a falta de trabalhadores qualificados.

 Os resultados apontaram que o problema afeta 64,4% das indústrias, principalmente as de pequeno porte, atingindo todas as áreas e categorias profissionais. A área de produção, onde 99,0% das empresas enfrentam dificuldades para encontrar técnicos e 98,1% para contratar operadores, é a mais atingida. Pesquisa e Desenvolvimento e Vendas/Marketing também são áreas com grande dificuldade para encontrar trabalhador capacitado: 95,8% e 90,3% das empresas.

Na avaliação dos empresários gaúchos, os principais impactos negativos da escassez de profissionais qualificados recaem na busca pela eficiência e na redução de desperdícios (aumento da produtividade) –  indicado por sete em cada dez empresas –, na garantia e melhoria dos produtos – assinalado por quase seis em cada dez –, e na expansão da produção (43,5%).

Quase todas em empresas (93,8%) tem mecanismos para contornar esse problema, sendo a capacitação na própria empresa, de longe, o mais utilizado: 86,2% dessas empresas. O fortalecimento da política de retenção do trabalhador (45,4% das respostas) e a capacitação fora da empresa (33,8%) foram a segunda e a terceira medidas mais utilizadas.  

A Sondagem mostrou também que praticamente todas as indústrias gaúchas (97,2%) concordam que precisam investir em qualificação do trabalhador, sendo que 79,6% destas têm dificuldades para efetivar o investimento. O pouco interesse dos trabalhadores, na avaliação de 38,4% das empresas, a má qualidade da educação básica (37,0%) e a alta rotatividade (36,6%) foram os maiores entraves encontrados.  

  • 64,4% das indústrias gaúchas afirmam que a falta de trabalhador qualificado é um problema
  • 99,0% e 98,1% das empresas com o problema têm dificuldade  para encontrar técnicos e operadores para a produção, respectivamente
  • 69,6% das empresas que enfrentam a falta de trabalhador qualificado afirmam que o problema prejudica principalmente a produtividade
  • 93,8% das indústrias que enfrentam o problema têm mecanismos para contorná-lo
  • 81,1% das empresas que têm mecanismos realizam a capacitação dos trabalhadores na própria empresa
  • Praticamente todas (97,2%) indústrias gaúchas concordam que precisam investir em qualificação do trabalhador
  • 79,6% encontram dificuldades para efetivar o investimento
  • O pouco interesse, a má qualidade da educação básica e a alta rotatividade dos trabalhadores são as maiores dificuldades

Falta de trabalhador qualificado afeta quase dois terços das indústrias do RS

Apesar do desemprego elevado, a falta de trabalhador qualificado continua sendo um problema para a indústria gaúcha, afetando 64,4% das empresas em julho de 2022. O problema é maior para as empresas de pequeno porte (77,6%). Entre as empresas de médio e grande porte é um problema para 63,5% e 58,3%, respectivamente.

Comparado a 2019, quando 53,5% das empresas afirmavam possuí-lo, o problema ficou mais disseminado em 2022, sem alcançar, contudo, os patamares de 2010 (70,0% das empresas) e 2013 (74,6%), ápice do problema.

Indústrias que afirmam ter problema com a falta de trabalhador qualificado

(% do total de indústrias)

Fonte: UEE/FIERGS

A escassez é maior na área de produção

As empresas enfrentam muitas dificuldades para encontrar trabalhadores qualificados para as mais diversas áreas e categorias profissionais em julho de 2022. Os resultados levaram em consideração a existência da área na empresa.

O problema é especialmente crítico na área de produção: quase a totalidade das empresas tem dificuldade em encontrar técnicos (99,0%) e operadores (98,1%).

Praticamente todas as empresas também enfrentam a falta de profissionais qualificados para as áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (95,8%) e Vendas/Marketing (nove em cada dez empresas).   

A carência de engenheiros para área de produção e de profissionais qualificados para as áreas administrativa e gerencial também é muito elevada, mas receberam os menores percentuais de assinalação: 86,0%, 83,0% e 76,9%, respectivamente.

Falta de trabalhadores qualificados por área/categoria profissional
(Percentual sobre o total de empresas que têm problemas com a falta de trabalhadores qualificado)

Fonte: UEE/FIERGS. Nota: A soma dos percentuais é maior que 100% devido à possibilidade de múltipla escolha.

Área da produção é a mais impactada

A Sondagem também buscou medir a intensidade do impacto da falta de trabalhador qualificado nas empresas. Para isso, os respondentes atribuíram, para cada área, valores entre 1 (afeta pouco) e 4 (afeta muito), gerando uma nota média, sendo que nenhuma ficou abaixo de 2,0, indicando que em nenhuma área o impacto foi considerado pequeno pelos empresários.

As áreas ligadas à produção foram muito afetadas, sobretudo pela falta de operadores (média de 3,3) e técnicos (3,1), além de engenheiros (2,5). As menores médias foram encontradas nas áreas de Vendas/Marketing (2,2), Pesquisa e Desenvolvimento (2,2), Gerencial (2,1) e Administrativa (2,0).

Na comparação com a pesquisa anterior (em 2019), destaque para a menor intensidade do problema em 2022 nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento e Vendas/Marketing.

Impacto da falta de trabalhadores qualificados nas áreas/categorias profissionais

(Média das notas de 1 (afeta pouco) a 4 (afeta muito))

Fonte: UEE/FIERGS

Principal impacto é na produtividade

Diversas são as consequências da falta de trabalhador qualificado em 2022. O problema atinge, principalmente, a produtividade, opção mais assinalada, por sete em cada dez empresas, 6,8 p.p. abaixo do resultado de 2019.

Atingindo 59,4% das empresas, o problema também afeta a garantia e a melhoria da qualidade dos produtos, sendo o segundo maior prejuízo resultante do problema, ainda que menos intenso do que em 2019 (69,8%).   

A restrição ao aumento da produção, segundo 43,5% das empresas, foi o terceiro dano decorrente da falta de qualificação do trabalhador em 2022, um prejuízo bem maior (o dobro das assinalações) do que 2019 (20,8%).

Com percentuais iguais em 2022 e maiores do que na pesquisa anterior, o problema prejudica ainda as vendas (23,9% das empresas ante 19,8%) e o desenvolvimento de novos produtos (23,9% ante 20,8%).

Prejuízos causados pela falta de trabalhador qualificado

(% do total de indústrias que têm problema)

Fonte: UEE/FIERGS

Empresas gaúchas têm mecanismos para lidar com a falta de trabalhadores qualificados

Entre as indústrias gaúchas que enfrentam a falta de trabalhador qualificado, quase todas, 93,8%, têm mecanismo para lidar com esse problema.

Chama a atenção que o percentual vem caindo ao longo do tempo, sendo o menor entre as quatro Sondagens realizadas.

Empresas que têm mecanismos para lidar com a falta de trabalhador qualificado

(% do total de indústrias que têm o problema)

Fonte: UEE/FIERGS

A capacitação na empresa é o meio mais utilizado

De longe, o mecanismo mais utilizado pelas indústrias gaúchas para lidar com a falta de trabalhadores qualificados é a capacitação dentro da própria empresa, opção assinalada por 86,2% dos respondentes que realizaram ações. Em 2019, eram 81,0%.

O fortalecimento da política de retenção de trabalhadores (salários e benefícios) é a segunda medida mais utilizada para enfrentar o problema: 45,4% das empresas, 6,4 p.p. a mais do que em 2019.

Em 2022, um terço das empresas (33,8% ante 41,0% em 2019) capacitam seus trabalhadores fora da empresa, através de cursos externos, sendo a terceira medida mais tomada frente o problema da falta de qualificação.  

Com o mesmo grau de importância, as empresas gaúchas lidam com a falta de trabalhador qualificado em 2022 realizando investimentos em automação (23,1%), em parcerias com instituições de ensino (23,1%) e em terceirização de etapas do processo de fabricação (22,3%).

Como a indústria lida com a falta de trabalhador qualificado

(% das empresas em que a falta de trabalhador qualificado é um problema e que têm mecanismos para lidar com o problema)

Fonte: UEE/FIERGS.Nota: A soma dos percentuais é maior que 100% devido à possibilidade de múltipla escolha (até 3 opções).

As empresas precisam investir em qualificação, mas têm dificuldades

Praticamente todos (97,2%) respondentes concordam que precisam investir em qualificação do trabalhador. No entanto, oito em cada dez destas empresas (79,6%) encontram dificuldades atualmente para efetivar o investimento, percentual, que subiu na comparação com 2019 (77,2%), mas já foi bem maior (92,5% em 2013).

Empresas que precisam investir em qualificação do trabalhador

(% do total de indústrias)

Fonte: UEE/FIERGS

Empresas que têm dificuldades para investir em qualificação do trabalhador

(% do total de indústrias que precisam investir em qualificação do trabalhador)

Fonte: UEE/FIERGS

Desinteresse dos trabalhadores, má qualidade da educação e alta rotatividade são as maiores  dificuldades

A qualificação da mão de obra pelas empresas enfrenta uma variedade de obstáculos. Com níveis de assinalações semelhantes em 2022, são três os maiores: o pouco interesse dos trabalhadores (38,4% das empresas), a má qualidade da educação básica (37,0%) e a alta rotatividade dos trabalhadores (36,6%). O primeiro e o segundo perderam importância relativa em relação a 2019, quando receberam 42,3% e 44,9% das respostas, respectivamente. Já a rotatividade da mão de obra ganhou relevância, pois tinha sido assinalada por 27,6% em 2019.

Também ganhou importância relativa no período, a perda do trabalhador capacitado para o mercado, que foi o quarto obstáculo mais assinalado pelas empresas em 2022: 28,7% (25,6% em 2019).

Por fim, vale destacar as dificuldades menores que as empresas gaúchas enfrentaram com a falta de cursos adequados (de 28,8% em 2019 para 19,4% em 2022) e seus custos elevados (de 31,4% para 13,4%).

Dificuldades para a empresa investir em qualificação do trabalhador

(% do total das empresas que afirmam haver dificuldades para investir em qualificação

Fonte: UEE/FIERGS

Perfil da Amostra: 219 empresas: 49 pequenas, 74 médias, 96 grandes.
Período de Coleta: 01 a 11 de julho de 2022.

A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. As Sondagens Especiais têm como objetivo avaliar os impactos de políticas ou acontecimentos específicos sobre a indústria, bem como a opinião dos empresários sobre essas questões. Desse modo, os temas são diversos e variam com a conjuntura e a política econômica. As questões das Sondagens Especiais são incluídas no questionário da Sondagem Industrial no fechamento dos trimestres. A forma de apresentação dos resultados varia de tema para tema, mas de uma maneira geral, os resultados são apresentados como percentuais de respostas ou indicadores de difusão.  A base amostral é a mesma da Sondagem Industrial, ou seja, probabilística, a partir de uma população de empresas com 10 empregados ou mais. A forma de divulgação segue o modelo da Sondagem Industrial.  A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções.  O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%.

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos | Sistema FIERGS

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