Março de 2023 – 1º Trimestre de 2023

Sondagem Industrial do Rio Grande do Sul

Falta de demanda interna volta a ser o maior obstáculo

A Sondagem Industrial do RS mostrou que a produção industrial voltou a crescer em março de 2023, sem gerar emprego, mas com a fraca demanda doméstica, principal problema do setor, os estoques continuaram em patamares excessivos. A situação financeira das empresas se deteriorou e o acesso ao crédito ficou mais difícil. As expectativas dos empresários continuam pouco otimistas, o que mantém a intenção de investir em nível bastante moderado.  

Evolução Mensal

IndicadorFev/23Mar/23*Média Histórica O que representa
(mês de referência)
PRODUÇÃO46,754,649,4Crescimento da produção
NÚMERO DE EMPREGADOS48,849,648,9Queda do número de empregados
UTIL. DA CAP. INSTALADA (UCI) – %69,071,070,2Crescimento no uso da capacidade
UCI EFETIVA-USUAL41,845,143,9UCI abaixo do nível usual
EVOLUÇÃO DOS ESTOQUES52,951,150,5Crescimento dos estoques
ESTOQUE EFETIVO-PLANEJADO53,353,351,7Estoques acima do nível planejado
Mês de referência – Março de 2023

Condição Financeira no Trimestre

Indicador4°/221°/23Média Histórica O que representa
(Período de referência)
MARGEM DE LUCRO OPERACIONAL47,943,941,9Margem de lucro insatisfatória
PREÇO MÉDIO DAS MATÉRIAS-PRIMAS55,055,965,5Crescimento dos preços
SITUAÇÃO FINANCEIRA52,949,748,0Situação financeira insatisfatória
ACESSO AO CRÉDITO40,535,741,1Acesso ao crédito difícil
Período de referência – Março de 2023

Expectativas – Próximos Seis Meses

IndicadorMar/23Abr/23*Média Histórica O que representa
(mês de referência)
DEMANDA51,452,055,4Crescimento
NÚMERO DE EMPREGADOS50,749,250,4Crescimento
COMPRAS DE MATÉRIAS PRIMAS52,049,253,6Crescimento
QUANTIDADE EXPORTADA51,049,252,5Crescimento
INTENÇÃO DE INVESTIR52,352,951,2Menor intenção de investir
Mês de referência – Março de 2023

Após seis meses entre estabilidades e quedas, a produção industrial voltou a crescer em março. O índice de produção foi de 54,6 pontos, valor acima da média histórica do mês de 51,5 pontos, o que indica um ritmo mais intenso do que a sazonalidade sugere. A alta da produção, porém, não foi acompanhada de geração de emprego, que caiu pelo sexto mês seguido em março. O índice do número de empregados atingiu 49,6 pontos, o maior valor dos últimos seis meses, o que significa que foi a queda menos intensa do período, em linha com o desempenho esperado para o mês. 

Volume de Produção no mês

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 representam alta em relação ao mês anterior e abaixo, queda.

Número de empregados no mês

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 representam alta em relação ao mês anterior e abaixo, queda

Ainda de acordo com a Sondagem, a utilização da capacidade instalada (UCI) cresceu de 69,0% em fevereiro para 71,0% em março, um percentual muito próximo do grau médio histórico do mês (70,8%). Já o índice de UCI em relação a usual subiu de 41,8 para 45,1 pontos no período, ficando mais perto do nível de UCI usual, determinado pela marca dos 50 pontos. Ou seja, na avaliação dos empresários, a UCI continuou abaixo do normal em março, mas ficou mais próxima do que estava em fevereiro. 

Utilização da capacidade instalada – Grau médio no mês

(Em %)

Fonte: UEE/FIERGS.

Utilização da capacidade instalada (UCI) em relação à usual no mês

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam utilização acima (abaixo) do usual do para o mês.

Além do emprego, outra notícia negativa da Sondagem Industrial de março foi o comportamento dos estoques de produtos finais, cujo índice de evolução de 51,1 pontos (acima de 50) revelou expansão em relação a fevereiro, quando também houve avanço (52,9 pontos). Com isso, o índice de estoques em relação ao planejado registrou 53,3 pontos em março (o mesmo valor de fevereiro), o que representa um nível maior que o previsto pelas empresas. Neste caso, valores superiores a 50 denotam acúmulo de estoques. 

Evolução de estoques de produto final no mês

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. Indicador varia de 0 a 100. Valores acima de 50 pontos indicam aumento dos estoques.

Índice de estoque efetivo em relação ao planejado

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. Indicam que os estoques estão acima (abaixo) do planejado no mês. Fonte: UEE/FIERGS.

No bloco da Sondagem de periodicidade trimestral, os empresários revelaram que as condições financeiras das empresas se deterioraram no primeiro trimestre de 2023. O índice de situação financeira recuou de 52,9 pontos no último trimestre de 2022 para 49,7 no primeiro desse ano, enquanto o índice relativo à margem lucro caiu de 47,9 para 43,6 pontos, ambos registrando os piores resultados desde o 1º trimestre 2022. Os índices variam de 0 a 100 pontos, abaixo de 50 refletem insatisfação dos empresários, e, quanto menor for o valor, maior e mais disseminada é a percepção negativa. Paralelamente, as empresas têm mostrado cada vez mais dificuldade para acessar o crédito. De fato, o índice de acesso ao crédito que já vinha caindo nos últimos dois trimestres, intensificou a queda em março (-4,8 pontos) para 35,7 pontos, o menor patamar desde o segundo trimestre de 2020. Quanto menor o valor, maiores as restrições. Em relação ao preço das matérias-primas, o índice do preço médio ficou em 55,9 pontos no primeiro trimestre de 2023, portanto, acima dos 50 pontos, que indica aumento de preços, no mesmo ritmo do trimestre anterior (55,0 pontos). 

Índice de satisfação com a situação financeira

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam indicam satisfação (insatisfação) no trimestre.

Índice de facilidade para acessar o crédito

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos facilidade (dificuldade) para acessar o crédito no trimestre.

Índice de evolução do preço da matéria-prima

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos aumento (queda) de preços no trimestre.

Índice de satisfação com a margem de lucro

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam indicam satisfação (insatisfação) no trimestre.

O principal destaque entre os resultados da pesquisa é a volta da demanda interna insuficiente ao topo do ranking dos problemas enfrentados pela indústria gaúcha no primeiro trimestre de 2023, posto que não ocupava desde o segundo trimestre de 2019. A assinalação aumentou 14,7 p.p., de 30,8% das empresas no trimestre anterior para 45,5%. A taxa de juros elevada, com 33,3% das respostas, passou de terceiro para segundo maior entrave, subindo 3,6 p.p. em relação ao último trimestre de 2022 (29,7%). A elevada carga tributária, principal obstáculo no trimestre anterior (34,1%), foi assinalada por 28,6% das empresas no primeiro trimestre, caindo para a terceira posição. 

A falta de capital de giro também cresceu de importância e foi o quarto (19,1% das citações) maior entrave no primeiro trimestre de 2023, avançando três posições em relação ao trimestre anterior (13,0%). Na sequência, a falta ou alto custo da matéria-prima, maior problema entre os terceiros trimestres de 2020 e de 2022, e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado, ambos com 17,5% das citações, dividiram a quinta posição. Em relação aos percentuais do trimestre anterior, o primeiro caiu de 29,2% (quarto lugar) e o segundo subiu de 13,5% (sexto lugar). 

Principais problemas enfrentados no trimestre

(Percentual de respostas)

Trimestre
4°/20221°/2023
Demanda interna insuficiente30,8%45,5%
Taxas de juros elevadas29,7%33,3%
Elevada carga tributária34,1%28,6%
Falta de capital de giro13,0%19,1%
Falta ou alto custo da matéria-prima29,2%17,5%
Falta ou alto custo de trabalhador qualificado13,5%17,5%
Competição desleal12,4%15,3%
Insegurança jurídica17,3%14,8%
Demanda externa insuficiente10,8%13,8%
Inadimplência dos clientes9,2%13,8%
Burocracia excessiva10,3%13,8%
Falta de financiamento de longo prazo11,9%9,5%
Taxa de câmbio11,4%5,8%
Competição com importados7,0%5,3%
Dificuldade na logística de transporte10,8%4,8%
Falta ou alto custo de energia5,4%3,7%
Nenhum3,8%3,2%
Outros1,6%2,7%
A soma dos percentuais supera 100% devido à possibilidade de múltipla escolha.

Para os próximos seis meses, a Sondagem mostra que as expectativas da indústria gaúcha seguem, de uma forma geral, pouco otimistas. Os empresários esperam crescimento da demanda – o índice passou de 51,4 em março para 52,0 pontos em abril –, mas projetam quedas do emprego (de 50,7 para 49,3 pontos), das compras de matérias-primas (de 52,0 para 49,5 pontos), e das exportações (de 51,0 para 49,2 pontos). Os índices de expectativas variam de 0 a 100 pontos, acima de 50 indicam expectativa de crescimento e abaixo desse valor, expectativa de queda. 

Índice de expectativas de demanda

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda)

Índice de expectativas de emprego

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda).

Índice de expectativas de compras de MP

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda).

Índice de expectativas de exportações

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda).

Por fim, a disposição de investir da indústria gaúcha, conforme a Sondagem, pouco se alterou na passagem de março para abril de 2023. O índice de intenção subiu de 52,3 para 52,9 pontos no período, ficando pouco acima da média histórica de 51,2, o que sugere uma intenção moderada. O índice varia de 0 a 100 pontos. Quanto mais alto, maior a determinação de investir. Em abril, pouco mais da metade das empresas (54,5%) pretendiam realizar investimentos nos próximos seis meses. 

Intenção de Investir

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Quanto maior o índice, maior a propensão a investir.

Perfil da Amostra: 189 empresas, sendo 47 pequenas, 61 médias e 81 grandes

Período de Coleta: 01 a 13/04 de 2023.

A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos índices dos grupos de empresas “Pequenas” (entre 10 a 49 empregados), “Médias” (entre 50 e 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a EE/TEM competência 2009. A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções. O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%.

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos

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