Ano 26 – Número 11 – 18 de Março de 2024

Informe Econômico

Economia brasileira encerra 2023 com crescimento de 2,9%, mas Indústria de Transformação fecha o ano em queda

O PIB do Brasil encerrou 2023 com crescimento de 2,9%, totalizando R$ 10,9 trilhões, com altas na Agropecuária (+15,1%), na Indústria (+1,6%) e nos Serviços (+2,4%), conforme divulgou o IBGE no início de março. Esse avanço foi semelhante ao de 2022, quando a economia brasileira cresceu 3,0%. No entanto, a Indústria de Transformação (-1,3%) e a Construção (-0,5%) registraram desempenho negativo no acumulado do ano. Na margem, o PIB do Brasil ficou estável no quarto trimestre de 2023 em relação ao trimestre imediatamente anterior (3ºT/23), na série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o PIB registrou alta de 2,1%, o décimo segundo crescimento consecutivo nessa base de comparação.

PIB – Brasil

(Var. % real)

4ºtrim23/ 3ºtrim23*4ºtrim23/ 4ºtrim22Acum. em 2023
PIB0,02,12,9
OFERTA
Agropecuária-5,30,015,1
Indústria1,32,91,6
Extrativa mineral4,710,88,7
Transformação-0,2-0,5-1,3
Energia e saneamento (SIUP)2,88,76,5
Construção4,20,9-0,5
Serviços0,31,92,4
DEMANDA
Consumo das famílias-0,22,33,1
Consumo do governo0,93,01,7
Formação bruta de capital fixo0,9-4,4-3,0
Exportação de bens e serviços0,17,39,1
Importação de bens e serviços (-)0,9-0,9-1,2
Fonte: IBGE. *Com ajuste sazonal. SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública.

Pelo lado da oferta, seguem os destaques entre os grandes setores no acumulado do ano:

Na Agropecuária (+15,1%), o aumento significativo foi impulsionado principalmente pelo crescimento da produção e da produtividade na atividade agrícola. Os principais destaques positivos foram as altas nas safras de soja (+27,1%) e de milho (+19,0%), que alcançaram recordes históricos. No entanto, algumas lavouras apresentaram queda na produção, como o trigo (-22,8%), a laranja (-7,4%) e o arroz (-3,5%). A pecuária também contribuiu positivamente para o crescimento do valor adicionado.

Na Indústria (+1,6%), os setores que se destacaram positivamente em 2023 foram as Indústrias Extrativas, com crescimento de 8,7%, impulsionado principalmente pela alta na extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro. A atividade de Energia e saneamento também apresentou crescimento de 6,5%, influenciada pela melhora nas condições hídricas em relação a 2022. No entanto, a Indústria de Transformação apresentou um desempenho negativo (-1,3%), puxado principalmente pelas quedas nas fabricações de Químicos, de Máquinas e equipamentos e de Metalurgia. A Construção também registrou queda (-0,5%), decorrente das retrações na produção dos insumos típicos e redução na comercialização de materiais. A Transformação e a Construção foram os únicos subsetores que apresentaram variação negativa no acumulado do ano.

Os Serviços (+2,4%) tiveram impacto importante no crescimento, com alta em todos os seus segmentos. O melhor resultado foi de Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (+6,6%).

PIB e subsetores – Brasil

(Variação % acumulada em 2023)

Fonte: IBGE.

Pela ótica da demanda, ainda na comparação anual, houve alta no Consumo das famílias (+3,1%), influenciada pela melhora no mercado de trabalho, pelos reajustes e pagamentos adicionais de transferências de renda e desaceleração da inflação. O Consumo do governo também cresceu (+1,7%). Os Investimentos (Formação bruta de capital fixo) tiveram contração de 3,0%, com destaque negativo para queda de máquinas e equipamentos (-9,4%). O setor externo, por sua vez, contribuiu positivamente para o resultado, dado que as Exportações (+9,1%) cresceram e as Importações caíram (-1,2%).

O PIB brasileiro em 2023 apresentou resultado surpreendentemente positivo, impulsionado principalmente pelos setores de Serviços e Agropecuária. O setor de Serviços, que tem forte ligação com o consumo das famílias, manteve sua resiliência ao longo do ano. A Agropecuária, embora tenha impulsionado a economia no ano passado, foi beneficiada por uma safra recorde, cujos resultados se concentraram no início do ano. Na Indústria, o destaque positivo ficou por conta do setor extrativo, que impulsionou o crescimento e contribuiu para bons resultados nas exportações. No entanto, a Construção Civil apresentou resultado negativo, influenciando inclusive a redução de novos investimentos.

A grande preocupação reside na queda da Indústria de Transformação, que acumulou a maior retração percentual, em 2023, dentre os subsetores. Impactada pela alta dos juros e pela baixa confiança dos empresários, a Indústria de Transformação teve um desempenho ruim, com reflexos na Formação Bruta de Capital Fixo, que também apresentou forte queda. As taxas de poupança e investimento da economia também caíram, o que é preocupante, pois esses indicadores representam a capacidade do país crescer de forma sustentável no longo prazo.


Agropecuária puxa o resultado recorde na geração de empregos em janeiro/2024 no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul abriu 20,8 mil postos de trabalho em janeiro de 2024, melhor desempenho para o mês desde o ano de 2021. Em janeiro do ano passado, houve criação de 10,8 mil postos, enquanto em 2022 esse número foi de 17,9 mil. Em relação aos outros estados, o Rio Grande do Sul teve a sexta melhor variação percentual em relação ao estoque de empregos, 0,75%, mas abaixo da região Sul (0,81%).

Geração de empregos formais – Rio Grande do Sul

(Saldo líquido em número de vagas)

jan/24jan/23*Acumulado 12 meses*Acumulado fev/22 – jan/23*
Agropecuária10.7006.5535.1882.374
Indústria8.5205.839-6.43826.797
Indústria Extrativa3711-7716
Indústria de Transformação6.8053.413-2.63417.707
SIUP-8147-1.543654
Construção1.6862.268-2.1848.420
Serviços1.590-1.63257.98863.533
Comércio-2.196-3.38013.02417.260
Outros Serviços3.7861.74844.96446.273
Não informado0000
TOTAL DA ECONOMIA20.81010.76056.73892.704
*Ajustado com as declarações enviadas fora do prazo. Fonte: Novo CAGED/Ministério do Trabalho e Previdência.

Entre os setores de atividade, a maior abertura de vagas ocorreu na Agropecuária, com a geração de 10,7 mil empregos, desempenho recorde na série histórica. Seguido da Indústria que abriu 8,5 mil novos postos (Transformação: +6,8 mil; Construção: +1,7 mil; Extrativa: +37; Serviços Industriais de Utilidade Pública: -8). O setor de Serviços gerou 1,6 mil postos de trabalho, em especial pelo desempenho de Outros Serviços (+3,8 mil), enquanto o Comércio fechou 2,2 mil vagas. Dos 24 segmentos da Indústria de Transformação, apenas cinco fecharam vagas de emprego no mês. Os destaques positivos do mês foram:

  • Tabaco (+2,8 mil), com ampliação de postos em todas as atividades relacionadas por motivos sazonais;
  • Couro e calçados (+1,4 mil), com destaque para Fabricação de calçados (+854);
  • Veículos automotores, reboques e carrocerias (+648), sustentado pela fabricação de Caminhões e Ônibus (+242) e de Cabines, Carrocerias e Reboques (+192);
  • Bebidas (+638), sustentado pela fabricação de Bebidas Alcoólicas (+635); e
  • Borracha e plástico (+403).

Já os segmentos que apresentaram saldo negativo da Transformação foram:

  • Alimentos (-526), Fabricação de Conservas de Frutas, Legumes e Outros Vegetais foi o ramo que puxou o resultado negativo no mês, com -504 vagas;
  • Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte, Exceto Veículos Automotores (-170);
  • Metalurgia (-26);
  • Impressão e Reprodução de Gravações (-26); e
  • Máquinas e Equipamentos (-11).

No acumulado em 12 meses, o saldo aponta geração 56,7 mil postos de trabalho no estado, com geração de empregos nos Serviços (+58,0 mil) e na Agropecuária (+5,2 mil), mas queda na Indústria (-6,4 mil).

O Brasil gerou 180,4 mil postos de trabalho em janeiro de 2024. Entre os grandes setores, a Indústria é o maior destaque, com a abertura de 116,1 mil postos de trabalho. Houve bom desempenho em todos os subsetores: Transformação (+65,8 mil), Construção (+49,1 mil), SIUP (+791) e Extrativa (+475). Além disso, os 24 segmentos da Indústria de Transformação geraram empregos. Os maiores saldos da Transformação vieram de Alimentos (+7,1 mil), Manutenção, Reparação e Instalação de Máquinas e Equipamentos (+6,2 mil), Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias (+6,0 mil) e Produtos de Metal (+5,3 mil). Já os menores vieram de Bebidas (+211), Coque, Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis (+235) e Farmoquímicos e Farmacêuticos (+572). O setor de Serviços teve saldo positivo de 42,4 mil novas vagas, com a abertura de 80,6 mil em Outros Serviços, mas 38,2 mil de vagas fechadas no Comércio.  Por fim, a Agropecuária abriu 21,9 mil postos de trabalho no mês. Nos últimos 12 meses, foram geradas 1,6 milhão de vagas: Serviços (+1,2 milhão), Indústria (+327,0 mil) e Agropecuária (+32,3 mil).

Geração de empregos formais – Brasil

(Saldo líquido em número de vagas)

jan/24jan/23*Acumulado 12 meses*Acumulado fev/22 – jan/23*
Agropecuária21.90024.46632.26462.624
Indústria116.12073.844326.980424.955
Indústria Extrativa47538114.25512.465
Indústria de Transformação65.76334.554134.129198.320
SIUP791-15010.33519.582
Construção49.09139.059168.261194.588
Serviços42.375-8.2801.205.0001.448.155
Comércio-38.212-50.922288.702365.830
Outros Serviços80.58742.642916.2981.082.325
Não informado0113-1
TOTAL DA ECONOMIA180.39590.0311.564.2571.935.733
*Ajustado com as declarações enviadas fora do prazo. Fonte: Novo CAGED/Ministério do Trabalho e Previdência.

A safra recorde de grãos projetada para o Rio Grande do Sul está entre os fatores que ajudam a explicar a surpresa positiva no saldo recorde da Agropecuária no estado para o mês de janeiro/2024. Segundo dados da Conab, a produção no Rio Grande do Sul em 2023/2024 deve ser 45,7% maior em relação à safra de 2022/2023. Esse resultado positivo no estado contrasta com o resultado nacional, cuja estimativa de produção em 2023/2024 é de queda de 7,6% em relação ao período anterior. Além disso, as contratações para a colheita nas culturas da uva e da maçã puxaram o resultado para cima.

Apesar de saldo do RS ser puxado pelo Agro, o resultado da Indústria no RS também foi bastante positivo, em especial se comparado ao início do ano passado, com destaque para o segmento de Tabaco. Ainda assim, o saldo acumulado de empregos na Indústria em 12 meses no estado ainda continua negativo e requer atenção.

Produto Interno Bruto1

20202021202220232024*
Agropecuária4,20,0-1,115,10,5
Indústria-3,05,01,51,61,3
Serviços-3,74,84,32,41,7
Total-3,34,83,02,91,5
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

2020202120222023*2024*
Em R$7,6109,0129,91510,85611,482
Em US$21,4761,6701,9202,1702,295
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20202021202220232024*
IGP-M 23,117,85,5-3,24,0
INPC5,410,25,93,74,1
IPCA4,510,15,84,64,1
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20202021202220232024*
Extrativa Mineral-3,41,0-3,27,01,7
Transformação-4,64,3-0,4-1,01,1
Indústria Total3-4,53,9-0,70,21,4
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20202021202220232024*
Agropecuária37146643530
Indústria143720441286221
Indústria de Transformação45439214103109
Construção9524519315999
Extrativa e SIUP4436352413
Serviços-3721.9141.5081.163706
Total-1922.7802.0131.484956
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20202021202220232024*
Fim do ano14,211,17,97,47,6
Média do ano13,813,29,38,07,9
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20202021202220232024*
Exportações209,2280,8334,1339,7336,8
Importações158,8219,4272,6240,8241,6
Balança Comercial50,461,461,598,895,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20202021202220232024*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)2,009,2513,7511,759,50
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)5,205,585,225,005,08
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

2020202120222023*2024*
Resultado Primário-9,20,71,3-2,3-1,2
Juros Nominais-4,1-5,0-5,9-6,6-6,3
Resultado Nominal-13,3-4,3-4,6-8,9-7,5
Dívida Líquida do Setor Público61,455,857,160,564,5
Dívida Bruta do Governo Geral86,978,372,974,979,2
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

2020202120222023*2024*
Agropecuária-29,653,0-45,623,537,1
Indústria-6,18,11,9-4,51,8
Serviços-5,04,43,62,21,5
Total-7,29,3-5,22,54,7
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

2020202120222023*2024*
Em R$470,942581,284594,055636,916694,192
Em US$291,317107,747115,018127,314138,732
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

2020202120222023*2024*
Agropecuária27311
Indústria-14729-96
Indústria de Transformação04322-65
Construção-157-21
Extrativa e SIUP30-11-10
Serviços-4290685514
Total-411441004721
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20202021202220232024*
Fim do ano8,68,14,65,25,0
Média do ano9,38,76,15,35,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20202021202220232024*
Exportações14,121,122,622,323,0
Indústria de Transformação10,414,417,716,817,1
Importações7,611,716,013,815,4
Balança Comercial6,59,46,68,57,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20202021202220232024*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)36,245,743,344,746,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20202021202220232024*
Faturamento real-3,18,95,9-7,22,1
Compras industriais-5,531,2-0,5-14,87,5
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)-4,55,7-0,7-3,31,0
Massa salarial real-9,05,310,92,80,6
Emprego-1,96,75,9-0,80,2
Horas trabalhadas na produção-5,515,28,4-3,51,5
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS-4,712,94,1-5,62,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

2020202120222023*2024*
Produção Física Industrial4 (% a.a.)-5,59,01,1-4,72,3
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações nos valores de 2023. Não houve alterações nas projeções de 2024.
Economia Gaúcha: Não houve alterações nos valores de 2023. Não houve alterações nas projeções de 2024.

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