A produção industrial gaúcha, divulgada no dia 08/11 pelo IBGE, voltou a cair em setembro: -5,4% em relação a agosto, na série com ajuste sazonal. Foi a oitava queda na margem nos últimos dozes meses, colocando o índice 2,0% abaixo do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020). A produção brasileira ficou praticamente estável (+0,1%) na mesma métrica.
Produção industrial do Rio Grande do Sul
(Índice de base fixa mensal – Mar/13 = 100 – Dessazonalizado)
Na comparação com o mesmo mês de 2022, a produção industrial do RS caiu 6,0% em setembro, a oitava baixa do ano e a décima em doze meses, impactada pelas quedas expressivas de Alimentos (-11,4%), Máquinas e equipamentos (-13,8%) e Produtos de metal (-20,8%). A produção industrial brasileira cresceu 0,6% comparativamente a setembro de 2022.
Com esse resultado, a produção industrial gaúcha acumulou queda de 5,1% de janeiro a setembro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Bem abaixo da média nacional (-0,2%), a produção gaúcha registrou o segundo pior desempenho entre os 14 estados pesquisados, superando apenas o Ceará (-7,6%). Destaque para os desempenhos da produção de São Paulo (-1,4%), de Santa Catarina (-2,6%), da Bahia (-4,1%), do Paraná (+0,2%), de Minas Gerais (+4,0%) e do Rio de Janeiro (+4,4%).
Dos 14 segmentos pesquisados no RS, 11 apresentaram recuo no acumulado de janeiro a setembro de 2023 ante o mesmo período do ano passado. Os que mais contribuíram para a redução total foram Derivados de petróleo e biocombustíveis (-13,4%), Produtos de metal (-16,1%), Máquinas e equipamentos (-7,1%) e Alimentos (-3,1%). Somente Bebidas (+6,7%), Tabaco (+4,2%) e Químicos (+2,7%) aumentaram a produção em 2023.
Produção industrial do Rio Grande do Sul por segmentos
(Acum. de janeiro a setembro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022)
Segmentos | Var. % | Influência sobre o resultado (p.p.) |
---|---|---|
Químicos | 2,7 | 0,3 |
Bebidas | 6,7 | 0,2 |
Tabaco | 4,2 | 0,2 |
Minerais não-metálicos | -0,5 | 0,0 |
Celulose e papel | -3,2 | -0,1 |
Móveis | -4,5 | -0,2 |
Couro e calçados | -2,3 | -0,2 |
Veículos | -3,2 | -0,3 |
Metalurgia | -14,3 | -0,3 |
Borracha e plástico | -9,7 | -0,4 |
Alimentos | -3,1 | -0,7 |
Máquinas e equipamentos | -7,1 | -0,7 |
Produtos de metal | -16,1 | -0,9 |
Derivados do petróleo | -13,4 | -1,9 |
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO | -5,1 | -5,1 |
Já debilitada por uma conjuntura desafiadora, marcada por elevadas taxas de juros, incertezas, demanda interna enfraquecida e um cenário internacional instável, a indústria gaúcha também enfrentou severos impactos decorrentes dos eventos climáticos adversos que atingiram o Estado em setembro. Em meio a um contexto já permeado por dificuldades, iniciativas como o aumento excessivo do Piso Regional, a proposta de elevação da alíquota básica de ICMS e a reoneração da folha de pagamentos em nada contribuem para impulsionar a retomada do setor industrial do Rio Grande do Sul.
Indústria gaúcha segue sem confiança e pessimista com a economia brasileira
O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS) recuou 0,6 ponto na passagem de outubro para novembro, de 48,5 para 47,9 pontos. É a mais baixa pontuação dos últimos cinco meses, 9,1 abaixo de setembro de 2022, quando iniciou a trajetória de queda em curso, mantendo-se abaixo de 50 pontos, o que denota falta de confiança, pelo décimo terceiro mês consecutivo. A pequena baixa da confiança industrial em novembro foi puxada pela piora das expectativas para os próximos seis meses.
Índice de Confiança do Empresário Industrial do RS
O Índice de Condições Atuais oscilou de 43,3 em outubro para 43,6 pontos em novembro, mantendo, abaixo de 50 pontos, a indicação de piora nos últimos seis meses. O Índice de Condições da Economia Brasileira, que passou de 38,5 para 38,0 pontos, mostra que o cenário econômico doméstico segue se deteriorando na avaliação dos empresários gaúchos. No penúltimo mês do ano, a parcela de empresários que percebem piora na economia brasileira (47,1%) é quase dez vezes superior à dos que veem melhora (4,8%). As condições atuais das empresas também continuam piorando em novembro, mesmo com alta de 0,6 ponto em relação a outubro, para 46,4 pontos.
Condições Atuais
(Em relação aos últimos seis meses)
Já o Índice de Expectativas para os próximos seis meses caiu de 51,1 em outubro para 50,0 pontos em novembro. Portanto, as perspectivas dos empresários gaúchos deixaram de ser otimistas e passam a ser neutras. A neutralidade do índice geral, sobre a marca divisória de 50, reflete os resultados distintos de seus dois componentes: pessimismo com a economia brasileira e otimismo com a própria empresa. No primeiro caso, o pessimismo aumentou: o Índice de Expectativas da Economia Brasileira caiu de 44,4 para 43,6 pontos. Em novembro, 32,1% dos empresários demonstram pessimismo com o cenário econômico nos próximos seis meses ante 12,8% que estão otimistas. Por fim, o Índice de Expectativas das Empresas é, entre todos, o de maior pontuação e o único acima dos 50 pontos, o que revela otimismo. Mas, em novembro, foi o componente que mais influenciou a queda das expectativas e, por consequência, da confiança, ao recuar 1,2 ponto ante outubro, para 53,2.
Expectativas
(Para os próximos seis meses)
Sem grandes novidades no cenário, que segue bastante desfavorável, o ICEI/RS oscilou nos últimos meses sem apresentar alterações significativas e em patamares muito baixos. A indústria gaúcha ainda sofre os efeitos da incerteza econômica e dos juros elevados sobre a demanda doméstica, em especial os investimentos, e o crédito, além dos eventos climáticos adversos.
De fato, desde o final do ano passado, os empresários gaúchos não demonstram confiança na economia brasileira, o que deve manter o emprego e os investimentos contidos, dificultando a reversão da trajetória de declínio do setor nos próximos meses.
Por fim, cabe mencionar que a pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 13 de novembro, portanto, ainda não contempla os reflexos da elevação do Piso Regional, que ocorreu no dia 14/11, e do anúncio da intenção de elevação das alíquotas de ICMS por parte do Governo Estadual, que ocorreu no dia 16/11.
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
Produto Interno Bruto1
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0,4 | 4,2 | 0,3 | -1,7 | 13,2 |
Indústria | -0,7 | -3,0 | 4,8 | 1,6 | 1,3 |
Serviços | 1,5 | -3,7 | 5,2 | 4,2 | 2,4 |
TOTAL | 1,2 | -3,3 | 5,0 | 2,9 | 3,0 |
Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 7,389 | 7,610 | 8,899 | 9,915 | 10,693 |
Em US$2 | 1,873 | 1,476 | 1,649 | 1,920 | 2,137 |
Inflação (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
IGP-M | 7,3 | 23,1 | 17,8 | 5,5 | -3,7 |
INPC | 4,5 | 5,4 | 10,2 | 5,9 | 3,9 |
IPCA | 4,3 | 4,5 | 10,1 | 5,8 | 4,7 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Extrativa Mineral | -9,7 | -3,4 | 1,0 | -3,2 | 4,6 |
Transformação | 0,2 | -4,6 | 4,3 | -0,4 | 0,0 |
Indústria Total3 | -1,1 | -4,5 | 3,9 | -0,7 | 0,5 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 13 | 37 | 146 | 64 | 35 |
Indústria | 97 | 149 | 719 | 442 | 299 |
Indústria de Transformação | 13 | 48 | 439 | 215 | 147 |
Construção | 71 | 97 | 245 | 193 | 134 |
Extrativa e SIUP4 | 13 | 3 | 36 | 35 | 19 |
Serviços | 534 | -378 | 1.912 | 1.515 | 941 |
TOTAL | 644 | -193 | 2.778 | 2.021 | 1.276 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 11,1 | 14,2 | 11,1 | 7,9 | 7,3 |
Média do ano | 12,0 | 13,8 | 9,3 | 7,9 | 7,6 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 221,1 | 209,2 | 280,8 | 334,5 | 304,0 |
Importações | 185,9 | 158,8 | 219,4 | 272,7 | 239,5 |
Balança Comercial | 35,2 | 50,4 | 61,4 | 61,8 | 64,5 |
Moeda e Juros
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.) | 4,50 | 2,00 | 9,25 | 13,75 | 11,75 |
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)5 | 4,0 | 28,9 | 7,4 | -6,5 | -3,3 |
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$) | 4,03 | 5,20 | 5,58 | 5,22 | 5,05 |
Setor Público (% do PIB)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Resultado Primário | -0,8 | -9,2 | 0,7 | 1,3 | -1,2 |
Juros Nominais | -5,0 | -4,1 | -5,0 | -5,9 | -6,0 |
Resultado Nominal | -5,8 | -13,3 | -4,3 | -4,6 | -7,2 |
Dívida Líquida do Setor Público | 54,7 | 61,4 | 55,8 | 57,1 | 61,0 |
Dívida Bruta do Governo Geral | 74,4 | 86,9 | 78,3 | 72,3 | 74,3 |
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA
Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 3,0 | -29,5 | 60,2 | -45,6 | 19,8 |
Indústria | 0,2 | -6,1 | 11,2 | 2,2 | -2,0 |
Serviços | 0,8 | -5,0 | 4,2 | 3,7 | 2,0 |
TOTAL | 1,1 | -7,2 | 10,6 | -5,1 | 2,5 |
Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 482,464 | 470,942 | 584,602 | 594,055 | 638,133 |
Em US$2 | 122,282 | 91,317 | 108,362 | 115,018 | 127,599 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0 | 1 | 7 | 3 | 2 |
Indústria | -6 | 0 | 47 | 29 | 12 |
Indústria de Transformação | -2 | 0 | 43 | 22 | 10 |
Construção | -4 | 0 | 5 | 7 | 2 |
Extrativa e SIUP7 | 0 | 0 | -1 | 0 | 0 |
Serviços | 26 | -43 | 90 | 68 | 40 |
TOTAL | 20 | -42 | 144 | 100 | 54 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 7,3 | 8,6 | 8,1 | 4,6 | 4,6 |
Média do ano | 8,1 | 9,3 | 8,7 | 6,1 | 5,0 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 17,3 | 14,1 | 21,1 | 22,6 | 19,7 |
Industriais | 12,5 | 10,4 | 14,1 | 17,2 | 16,1 |
Importações | 10,3 | 7,6 | 11,7 | 16,0 | 14,6 |
Balança Comercial | 6,9 | 6,5 | 9,4 | 6,6 | 5,2 |
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões) | 35,7 | 36,2 | 45,7 | 43,3 | 44,6 |
Indicadores Industriais (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Faturamento real | 3,0 | -3,1 | 8,9 | 5,9 | -3,7 |
Compras industriais | -2,7 | -5,5 | 31,2 | -0,5 | -8,9 |
Utilização da capacidade instalada (em p.p.) | 0,7 | -4,5 | 5,7 | -0,7 | -3,0 |
Massa salarial real | -0,8 | -9,0 | 5,3 | 10,9 | 3,9 |
Emprego | 0,0 | -1,9 | 6,7 | 5,9 | -0,2 |
Horas trabalhadas na produção | -0,9 | -5,5 | 15,2 | 8,4 | -1,0 |
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS | 0,1 | -4,7 | 12,9 | 4,1 | -3,3 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Produção Física Industrial8 (% a.a.) | 2,5 | -5,5 | 9,0 | 1,1 | -3,3 |
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