Ano 25 – Número 47 – 27 de novembro de 2023

Informe Econômico

Com mais um tombo em setembro, produção industrial do RS apresenta queda expressiva em 2023

A produção industrial gaúcha, divulgada no dia 08/11 pelo IBGE, voltou a cair em setembro: -5,4% em relação a agosto, na série com ajuste sazonal. Foi a oitava queda na margem nos últimos dozes meses, colocando o índice 2,0% abaixo do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020). A produção brasileira ficou praticamente estável (+0,1%) na mesma métrica.

Produção industrial do Rio Grande do Sul

(Índice de base fixa mensal – Mar/13 = 100 – Dessazonalizado)

Fonte: IBGE. Elaboração: UEE/FIERGS.

Na comparação com o mesmo mês de 2022, a produção industrial do RS caiu 6,0% em setembro, a oitava baixa do ano e a décima em doze meses, impactada pelas quedas expressivas de Alimentos (-11,4%), Máquinas e equipamentos (-13,8%) e Produtos de metal (-20,8%). A produção industrial brasileira cresceu 0,6% comparativamente a setembro de 2022. 

Com esse resultado, a produção industrial gaúcha acumulou queda de 5,1% de janeiro a setembro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Bem abaixo da média nacional (-0,2%), a produção gaúcha registrou o segundo pior desempenho entre os 14 estados pesquisados, superando apenas o Ceará (-7,6%). Destaque para os desempenhos da produção de São Paulo (-1,4%), de Santa Catarina (-2,6%), da Bahia (-4,1%), do Paraná (+0,2%), de Minas Gerais (+4,0%) e do Rio de Janeiro (+4,4%).

Dos 14 segmentos pesquisados no RS, 11 apresentaram recuo no acumulado de janeiro a setembro de 2023 ante o mesmo período do ano passado. Os que mais contribuíram para a redução total foram Derivados de petróleo e biocombustíveis (-13,4%), Produtos de metal (-16,1%), Máquinas e equipamentos (-7,1%) e Alimentos (-3,1%). Somente Bebidas (+6,7%), Tabaco (+4,2%) e Químicos (+2,7%) aumentaram a produção em 2023.

Produção industrial do Rio Grande do Sul por segmentos

(Acum. de janeiro a setembro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022)

SegmentosVar. %Influência sobre o resultado (p.p.)
Químicos2,70,3
Bebidas6,70,2
Tabaco4,20,2
Minerais não-metálicos-0,50,0
Celulose e papel-3,2-0,1
Móveis-4,5-0,2
Couro e calçados-2,3-0,2
Veículos-3,2-0,3
Metalurgia-14,3-0,3
Borracha e plástico-9,7-0,4
Alimentos-3,1-0,7
Máquinas e equipamentos-7,1-0,7
Produtos de metal-16,1-0,9
Derivados do petróleo-13,4-1,9
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO-5,1-5,1
Fonte: IBGE. Elaboração: UEE/FIERGS.

Já debilitada por uma conjuntura desafiadora, marcada por elevadas taxas de juros, incertezas, demanda interna enfraquecida e um cenário internacional instável, a indústria gaúcha também enfrentou severos impactos decorrentes dos eventos climáticos adversos que atingiram o Estado em setembro. Em meio a um contexto já permeado por dificuldades, iniciativas como o aumento excessivo do Piso Regional, a proposta de elevação da alíquota básica de ICMS e a reoneração da folha de pagamentos em nada contribuem para impulsionar a retomada do setor industrial do Rio Grande do Sul.

Indústria gaúcha segue sem confiança e pessimista com a economia brasileira

O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS) recuou 0,6 ponto na passagem de outubro para novembro, de 48,5 para 47,9 pontos. É a mais baixa pontuação dos últimos cinco meses, 9,1 abaixo de setembro de 2022, quando iniciou a trajetória de queda em curso, mantendo-se abaixo de 50 pontos, o que denota falta de confiança, pelo décimo terceiro mês consecutivo. A pequena baixa da confiança industrial em novembro foi puxada pela piora das expectativas para os próximos seis meses. 

Índice de Confiança do Empresário Industrial do RS

Fonte: UEE/FIERGS.

O Índice de Condições Atuais oscilou de 43,3 em outubro para 43,6 pontos em novembro, mantendo, abaixo de 50 pontos, a indicação de piora nos últimos seis meses. O Índice de Condições da Economia Brasileira, que passou de 38,5 para 38,0 pontos, mostra que o cenário econômico doméstico segue se deteriorando na avaliação dos empresários gaúchos. No penúltimo mês do ano, a parcela de empresários que percebem piora na economia brasileira (47,1%) é quase dez vezes superior à dos que veem melhora (4,8%). As condições atuais das empresas também continuam piorando em novembro, mesmo com alta de 0,6 ponto em relação a outubro, para 46,4 pontos.

Condições Atuais

(Em relação aos últimos seis meses)

Fonte: UEE/FIERGS.

Já o Índice de Expectativas para os próximos seis meses caiu de 51,1 em outubro para 50,0 pontos em novembro. Portanto, as perspectivas dos empresários gaúchos deixaram de ser otimistas e passam a ser neutras. A neutralidade do índice geral, sobre a marca divisória de 50, reflete os resultados distintos de seus dois componentes: pessimismo com a economia brasileira e otimismo com a própria empresa. No primeiro caso, o pessimismo aumentou: o Índice de Expectativas da Economia Brasileira caiu de 44,4 para 43,6 pontos. Em novembro, 32,1% dos empresários demonstram pessimismo com o cenário econômico nos próximos seis meses ante 12,8% que estão otimistas. Por fim, o Índice de Expectativas das Empresas é, entre todos, o de maior pontuação e o único acima dos 50 pontos, o que revela otimismo. Mas, em novembro, foi o componente que mais influenciou a queda das expectativas e, por consequência, da confiança, ao recuar 1,2 ponto ante outubro, para 53,2.

Expectativas

(Para os próximos seis meses)

Fonte: UEE/FIERGS.

Sem grandes novidades no cenário, que segue bastante desfavorável, o ICEI/RS oscilou nos últimos meses sem apresentar alterações significativas e em patamares muito baixos. A indústria gaúcha ainda sofre os efeitos da incerteza econômica e dos juros elevados sobre a demanda doméstica, em especial os investimentos, e o crédito, além dos eventos climáticos adversos.

De fato, desde o final do ano passado, os empresários gaúchos não demonstram confiança na economia brasileira, o que deve manter o emprego e os investimentos contidos, dificultando a reversão da trajetória de declínio do setor nos próximos meses.

Por fim, cabe mencionar que a pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 13 de novembro, portanto, ainda não contempla os reflexos da elevação do Piso Regional, que ocorreu no dia 14/11, e do anúncio da intenção de elevação das alíquotas de ICMS por parte do Governo Estadual, que ocorreu no dia 16/11.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20192020202120222023*
Agropecuária0,44,20,3-1,713,2
Indústria-0,7-3,04,81,61,3
Serviços1,5-3,75,24,22,4
TOTAL1,2-3,35,02,93,0
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$7,3897,6108,8999,91510,693
Em US$21,8731,4761,6491,9202,137
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20192020202120222023*
IGP-M 7,323,117,85,5-3,7
INPC4,55,410,25,93,9
IPCA4,34,510,15,84,7
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Extrativa Mineral-9,7-3,41,0-3,24,6
Transformação0,2-4,64,3-0,40,0
Indústria Total3-1,1-4,53,9-0,70,5
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária13371466435
Indústria97149719442299
Indústria de Transformação1348439215147
Construção7197245193134
Extrativa e SIUP4133363519
Serviços534-3781.9121.515941
TOTAL644-1932.7782.0211.276
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano11,114,211,17,97,3
Média do ano12,013,89,37,97,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações221,1209,2280,8334,5304,0
Importações185,9158,8219,4272,7239,5
Balança Comercial35,250,461,461,864,5
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20192020202120222023*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)4,502,009,2513,7511,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)54,028,97,4-6,5-3,3
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)4,035,205,585,225,05
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

20192020202120222023*
Resultado Primário-0,8-9,20,71,3-1,2
Juros Nominais-5,0-4,1-5,0-5,9-6,0
Resultado Nominal-5,8-13,3-4,3-4,6-7,2
Dívida Líquida do Setor Público54,761,455,857,161,0
Dívida Bruta do Governo Geral74,486,978,372,374,3
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20192020202120222023*
Agropecuária3,0-29,560,2-45,619,8
Indústria0,2-6,111,22,2-2,0
Serviços0,8-5,04,23,72,0
TOTAL1,1-7,210,6-5,12,5
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$482,464470,942584,602594,055638,133
Em US$2122,28291,317108,362115,018127,599
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária01732
Indústria-60472912
Indústria de Transformação-20432210
Construção-40572
Extrativa e SIUP700-100
Serviços26-43906840
TOTAL20-4214410054
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano7,38,68,14,64,6
Média do ano8,19,38,76,15,0
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações17,314,121,122,619,7
Industriais12,510,414,117,216,1
Importações10,37,611,716,014,6
Balança Comercial6,96,59,46,65,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20192020202120222023*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)35,736,245,743,344,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20192020202120222023*
Faturamento real3,0-3,18,95,9-3,7
Compras industriais-2,7-5,531,2-0,5-8,9
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)0,7-4,55,7-0,7-3,0
Massa salarial real-0,8-9,05,310,93,9
Emprego0,0-1,96,75,9-0,2
Horas trabalhadas na produção-0,9-5,515,28,4-1,0
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS0,1-4,712,94,1-3,3
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)2,5-5,59,01,1-3,3
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações.
Economia Gaúcha: Não houve alterações.
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