O cenário de calamidade pública gerado pelas enchentes que devastaram grande parte do Rio Grande do Sul levou o Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS) em maio à maior queda desde novembro de 2022 e ao menor nível desde junho de 2020: 44,4 pontos, 6,1 a menos que em abril (50,5 pontos). O ICEI/RS varia de zero a 100 pontos, abaixo dos 50 indica falta de confiança.
Desde 2005, em 191 edições do ICEI/RS, essa foi a sétima redução mensal mais intensa, superada pela primeira onda da pandemia (-28,3 pontos em abril de 2020), pelo resultado das eleições de 2022 (-10,4 em novembro do mesmo ano), pela segunda onda da pandemia (-8,7 em março de 2021), pelo pior momento da crise histórica de 2014/2016 (-7,1 em fevereiro de 2015), pela crise financeira global (-6,3 em julho de 2008) e pela paralisação dos caminhoneiros (-6,2 em junho de 2018).
O ICEI/RS é composto por dois índices: o Índice de Condições Atuais, que é formado pela percepção dos empresários sobre a economia brasileira e sobre a própria empresa em relação aos últimos seis meses, e o Índice de Expectativas, para o semestre seguinte.
Na pesquisa atual, dado o âmbito regional da tragédia, os componentes que avaliam as empresas – condições atuais e, sobretudo expectativas – foram os mais atingidos, embora os relacionados à economia brasileira também tenham se deteriorado. Vale ressaltar ainda que os índices gerados especificamente para a economia gaúcha, que não entram no cálculo do ICEI/RS, também foram bem mais impactados que os da economia nacional.
Índice de Confiança do Empresário Industrial – RS
O índice varia de 0 a 100. Valores acima de 50 pontos indicam confiança do empresário e quanto mais acima, maior e mais disseminada é a confiança. Abaixo de 50, os valores indicam falta de confiança e quanto mais abaixo, maior e mais disseminada é a falta de confiança. |
O Índice de Condições Atuais recuou de 45,2 pontos em abril para 41,9 em maio. Abaixo de 50, o índice denota piora e a queda demonstra que a percepção negativa ficou mais forte e disseminada entre as empresas. O Índice de Condições da Economia Brasileira, que recuou de 39,4 para 38,5 pontos no período, registrou o menor patamar entre todos os índices de confiança, refletindo a grande diferença entre o percentual de empresários que perceberam piora (42,2%) e melhora (3,1%). As condições das empresas também se agravaram, com o índice baixando de 48,1 pontos em abril para 43,6 pontos em maio.
Já o Índice de Condições da Economia Gaúcha, que não é computado no índice agregado e, normalmente, pouco difere do análogo nacional, mostrou uma contração bem maior, de 6,3 pontos, e um nível bem menor, de 34,1 pontos em maio. Pouco mais da metade dos empresários (51,6%) percebem piora nas condições da economia regional em maio ante apenas 1,9% que vê melhora.
Condições Atuais
(Em relação aos últimos seis meses)
Índice de Condições Atuais da Economia brasileira, gaúcha e da própria empresa
Abr/24 | Mai/24 | Média Hist. | ||
---|---|---|---|---|
Economia Brasileira | 39,4 | 39,5 | 43,7 | |
Economia do Estado | 40,2 | 34,1 | 42,5 | |
Empresa | 48,1 | 43,6 | 49,3 |
Apesar da deterioração generalizada na situação atual dos negócios, foram nas perspectivas dos empresários para os próximos seis meses que a tragédia climática mostrou as maiores consequências. O Índice de Expectativas recuou 7,5 pontos, de 53,2 em abril para 45,7 em maio, saindo da região de otimismo (acima de 50) para o terreno pessimista (abaixo de 50). O pessimismo em maio de 2024 é somente menor que o de maio de 2020 e que os patamares mais baixos da longa crise econômica de 2015/2016. O Índice de Expectativas da Economia Brasileira caiu de 44,2 para 41,6 pontos e, dado o caráter local dos problemas, o Índice de Expectativas da Economia Gaúcha recuou com muito mais força, de 43,6 para 33,7 pontos. Entre abril e maio, a parcela de empresários pessimistas com a economia brasileira aumentou de 32,2% para 34,8% (de 32,8% para 54,7% no caso da economia do RS) e o de otimistas diminuiu de 13,7% para 8,7% (de 12,0% para 8,1% no caso da economia gaúcha).
As expectativas com relação ao futuro das empresas, que até então sustentavam o otimismo e a confiança da indústria gaúcha, foram as mais impactadas. De fato, o Índice de Expectativas das Empresas desabou 10,0 pontos, de 57,7 para 47,7, menor valor desde maio de 2020, voltando ao campo pessimista pela primeira vez desde novembro de 2022.
Expectativas
(Em relação aos próximos seis meses)
Expectativas com relação à economia brasileira, gaúcha e a própria empresa
Abr/23 | Mai/24 | Média Hist. | ||
---|---|---|---|---|
Economia Brasileira | 44,2 | 41,6 | 51,2 | |
Economia do Estado | 43,6 | 33,7 | 49,6 | |
Empresa | 57,7 | 47,7 | 59,8 |
Perfil da Amostra: 161 empresas, sendo 33 pequenas, 60 médias e 68 grandes.
Período de Coleta: 2 a 16 de maio de 2024.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial é elaborado mensalmente pela FIERGS em conjunto com a CNI e mais 23 federações de indústrias. São consultadas empresas de todo o estado. O Índice é baseado em quatro questões: duas referentes às condições atuais e duas referentes às expectativas para os próximos seis meses com relação à economia brasileira e à própria empresa. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75, 100. Os resultados gerais de cada pergunta são obtidos mediante a ponderação dos indicadores dos grupos “Pequenas” (10 a 49 empregados), “Médias” (50 a 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando como peso a variável “pessoal ocupado, segundo CEE/MTE. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os Índices de Condições Atuais e Expectativas foram obtidos a partir da ponderação das perguntas relativas a economia brasileira e a própria empresa utilizando-se pesos 1 e 2, respectivamente. O Índice de Confiança foi obtido a partir da ponderação dos resultados referentes a Condições Atuais e Expectativas utilizando os pesos 1 e 2, respectivamente.
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