Balanço 2024 & Perspectivas 2025

Balanço 2024 & Perspectivas 2025

Sumário Executivo

Cenário Mundial – Em 2024, a economia global apresentou sinais de recuperação moderada, marcada pelo arrefecimento da inflação em diversas economias avançadas e pela estabilização dos preços, resultado direto dos ciclos de aperto monetário conduzidos pelos principais Bancos Centrais. Apesar desse progresso, a inflação média internacional segue acima dos níveis pré-pandemia, o que deve levar os Bancos Centrais a manterem posturas conservadoras em suas políticas monetárias, ainda que em ritmo menos agressivo. Nos Estados Unidos, com um maior dinamismo da economia, o Dólar deve ficar fortalecido. Na China, desafios estruturais, combinados com políticas comerciais mais restritivas, impactaram setores-chave como o de construção, enquanto a Argentina registrou avanços no controle inflacionário e na gestão fiscal, embora a sustentabilidade de sua recuperação dependa de reformas estruturais. No plano geopolítico, tensões tarifárias entre EUA e China podem beneficiar exportadores brasileiros em setores como plásticos e veículos, mas a valorização do Dólar aumenta custos de insumos importados. O cenário global exige desafios e oportunidades, com economias adaptando-se a riscos de preços de commodities e tensões comerciais.

Cenário Nacional – O ano de 2024 apresentou um desempenho econômico surpreendente, mas os desafios estruturais permanecem uma ameaça para os próximos anos. A política fiscal se mostrou insuficiente para lidar com a elevada dívida pública, enquanto o cenário internacional de juros reais altos tornou o financiamento mais oneroso. O governo anunciou cortes de gastos e até reduziu a meta de superávit primário, medidas que foram insuficientes e não evitaram pressões sobre o câmbio e a desancoragem das expectativas, o que dificultou a condução da política monetária no decorrer do ano.

A atividade econômica foi sustentada pela resiliência de setores específicos. A indústria apresentou um desempenho melhor do que o esperado, com destaque para a produção de bens de consumo e de capital. Entretanto, a baixa produtividade e a dependência de insumos importados continuam sendo entraves para a competitividade. O setor de serviços, apoiado pelo consumo das famílias e pela recuperação da renda, foi o principal motor do crescimento. Já a agropecuária enfrentou um ano difícil, mas há expectativa de recuperação e safra recorde para 2025. O PIB deve encerrar o ano com crescimento de 3,2% no PIB, acima das expectativas iniciais. Para 2025, o crescimento econômico deve desacelerar, com projeções de avanço de 2,1% no PIB.

O mercado de trabalho registrou aquecimento em 2024, com a criação de empregos formais e aumento real dos salários. Esse movimento sustentou o consumo e contribuiu para o crescimento da massa salarial, mas também gerou pressões inflacionárias, especialmente nos preços de serviços e alimentos. Para 2025, estima-se a geração de 1,2 milhão de novos postos de trabalho. A taxa de desocupação deve terminar 2024 em 6,0% e 5,9% em 2025.

Essas pressões inflacionárias fizeram com que o IPCA acumulasse alta de 4,8% em 12 meses até outubro, acima da meta do Banco Central. Além disso, as incertezas sobre a condução de uma política fiscal austera e o comprometimento da nova direção do Banco Central, que assumirá em dezembro, elevaram significativamente as expectativas de inflação, especialmente para 2026. Essa situação resultou na reversão do ciclo de cortes da taxa Selic, que deverá encerrar 2024 em 11,75% a.a. Para 2025, espera-se que a inflação fique em 4,3%, enquanto a Selic deve atingir 13%.

O desempenho das exportações foi modesto, impactado pela queda na agropecuária, enquanto as importações cresceram devido à maior demanda por bens de capital. Apesar do saldo comercial positivo, a desvalorização cambial será um desafio par ao próximo ano mantendo seus impactos inflacionários. Em 2025, o saldo comercial deve registrar US$ 78,5 bilhões, com recuperação esperada nas exportações de commodities. Com o cenário internacional desafiador e com pressões internas sobre inflação e juros, nossas estimativas apontam para a taxa de câmbio encerrando 2024 em R$ 5,95/US$ e em R$ 5,90/US$ ao final de 2025.

A sustentabilidade fiscal permanece o maior desafio à economia brasileira. A dívida pública, projetada em 80,6% do PIB, exige superávits primários sem precedentes para estabilização. Sem reformas estruturais, o Brasil pode enfrentar nova deterioração econômica, comprometendo o crescimento e a confiança de investidores. O déficit primário esperado para 2024 é 0,6% do PIB e para 2025 é de 1,1%, reforçando a necessidade de ajustes mais intensos.

Cenário Estadual – O Rio Grande do Sul teve um desempenho econômico resiliente em 2024, apesar das adversidades climáticas. O Produto Interno Bruto (PIB) estadual cresceu 5,4% no primeiro semestre, com destaque para a Agropecuária (+37,6%), Serviços (+2,7%) e um modesto avanço na Indústria (+0,2%). A recuperação agrícola foi determinante, impulsionada por uma safra de verão sólida e perspectivas positivas para o trigo na safra de inverno, apesar das enchentes. Assim, o avanço projetado para o PIB gaúcho em 2024 é de 4,1%, uma redução de 0,6 p.p. em relação à projeção inicial da FIERGS.

O mercado de trabalho gaúcho demonstrou resiliência, assim como o cenário nacional. A população ocupada cresceu no ano, bem como o rendimento médio real habitual dos trabalhadores. Apesar do dinamismo frente às enchentes, houve aumento significativo na informalidade, especialmente dentre os trabalhadores do setor privado. Projetamos a criação de 46,6 mil empregos formais ao longo de 2024 e 40,1 mil empregos em 2025. A taxa de desemprego do estado deve terminar o ano de 2024 em 5,0% e em 2025 deve ficar em 5,3%.

As exportações da Indústria de Transformação somaram US$ 13,2 bilhões até outubro, uma retração de 5,9% ante 2023. A queda foi atribuída à redução no quantum exportado e na demanda externa, especialmente para bens industriais. O segmento de Alimentos liderou a retração, enquanto Tabaco foi destaque positivo. As importações da Transformação caíram 4,1%, afetadas pela menor atividade industrial e problemas logísticos causados pelas enchentes. Para 2025, esperamos que a Balança Comercial gaúcha termine o ano com saldo positivo de US$ 8,3 bilhões.

O Rio Grande do Sul registrou um superávit orçamentário de R$ 7,4 bilhões até outubro, impulsionado pela arrecadação tributária (+6,4% em termos reais). O ICMS teve alta de 7,6%, mesmo com os efeitos adversos das enchentes, compensando a queda nas receitas de capital, afetadas pela ausência de privatizações em 2024. Esperamos que a arrecadação de ICMS termine o ano na ordem de R$ 50,1 bilhões. Para 2025, projetamos uma arrecadação de R$ 53,2 bilhões.

Em 2025, a economia do Rio Grande do Sul deve apresentar crescimento acima do desempenho nacional, na ordem de 3,3%. Destaque para o crescimento da produção industrial, projetado em 3,2%, sustentado pela baixa base de comparação do ano anterior. A Agropecuária será novamente um pilar importante, com previsão de safra recorde de 38,3 milhões de toneladas (+3,3% em relação a 2024), impulsionada por condições climáticas mais favoráveis e melhora da produtividade. O setor de Serviços deverá apresentar bom desempenho, liderando a geração de empregos e contribuindo para a expansão da massa salarial e do consumo interno. No entanto, para o longo prazo, são necessárias políticas eficazes de mitigação de riscos de novos eventos climáticos extremos e de reformas para o aumento da produtividade.

Balanço Econômico 2024 e Perspectivas 2025

Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

Unidade de Estudos Econômicos

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