Ano 25 – Número 21 – 29 de maio de 2023

Informe Econômico

Aumento da população fora da força de trabalho: análise por faixas etárias

Um aspecto do mercado de trabalho brasileiro que chama atenção é o aumento do número de pessoas que deixou a força de trabalho recentemente e, portanto, não entram no cálculo da taxa de desemprego. Conforme abordamos no Informe Econômico nº 15/2023, o movimento iniciou em meados do ano passado e segue ganhando intensidade ao longo de 2023, com os dados de março confirmando a tendência.

Com os dados da PNAD Contínua Trimestral, divulgados no dia 18 de maio pelo IBGE, é possível olhar a composição da população fora da força de trabalho por faixas etárias. O primeiro ponto a considerar é que a maior parte desse contingente está na faixa 60 anos ou mais, conforme o gráfico abaixo, e sempre foi assim, desde o início da série em 2012.

População fora da força de trabalho por faixa etária – BR

(Em milhões de pessoas)

Fonte: PNAD Contínua/IBGE. Elaboração:UEE/FIERGS.

Vale destacar que o número de pessoas nessa faixa aumentou durante a pandemia e não apresentou recuo desde então, ao contrário do que aconteceu nas outras faixas etárias. Com isso, na comparação do momento atual (1ºT/23) com o pré-pandemia (4ºT/19), a parcela de pessoas 60+ no total da população fora da força de trabalho aumentou, como ilustra o segundo gráfico, assim como ocorreu nas faixas de 25 a 39 anos e de 40 a 59 anos, as quais concentram mais de 60% da população brasileira em idade ativa.

Parcela por faixa etária no total da população fora da força de trabalho – BR

(Em % do total)

Fonte: PNAD Contínua/IBGE. Elaboração:UEE/FIERGS.

Contudo, analisando o movimento recente, na comparação entre o 1ºT/23 e o 3ºT/22, a população fora da força de trabalho cresceu 3,5%, o equivalente a 2,2 milhões de pessoas. Os aumentos mais intensos vieram das faixas etárias de 25 a 39 anos (+5,8%) e de 18 a 24 anos (+4,8%), conforme o gráfico abaixo, seguidas de perto pela faixa de 40 a 59 anos (+4,6%). Portanto, evidenciou-se que a elevação ocorreu principalmente em uma parcela relativamente jovem da população.

Crescimento da população fora da força de trabalho, por faixa etária – BR

(Comparação entre o 3ºT/22 e o 1ºT/23 | Variação %)

Fonte: PNAD Contínua/IBGE. Elaboração: UEE/FIERGS.

Conforme mostramos no Informe anterior sobre o tema, com dados até fevereiro, o desalento não parece ser o motivo de as pessoas estarem deixando o mercado de trabalho. Os dados de março mostram que o número de desalentados continuou caindo no Brasil. O aumento nos valores e no número de beneficiários dos programas de assistência social podem estar relacionados com esse fato.

Por fim, atualizando as simulações caso as pessoas retornassem ao mercado de trabalho na condição de desocupados: o número de desempregados saltaria dos atuais 9,4 milhões para 13,0 milhões (+3,4 milhões), com a taxa de desemprego saindo de 8,8% para 11,7% (+2,9 pontos percentuais).

Produção industrial e emprego iniciam o segundo trimestre em queda no RS

A Sondagem Industrial do RS, pesquisa de opinião empresarial, revelou que o setor voltou a perder dinamismo no início do segundo trimestre, com reduções na produção e no emprego além do normal para o período, deterioração nas expectativas e menor intenção de investir. 

O índice de produção registrou 39,1 pontos em abril, 6,8 pontos menor do que a média histórica do mês, o que indica um ritmo de queda bem mais intenso do que o esperado para o período. Nos últimos oito meses, foram apenas uma expansão (em março), três estabilizações e quatro quedas. O índice varia de 0 a 100 pontos e valores abaixo de 50 representam queda ante o mês anterior.

Índice de evolução mensal da produção

(Em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. OBS: Valores acima de 50 indicam aumento frente ao mês anterior. Valores abaixo de 50 pontos indicam queda. Quanto mais distante dos 50 pontos, maior e mais disseminada é a variação.

O índice de número de empregados ficou em 46,2 pontos em abril, ante 49,6 pontos em março, indicando nova retração no emprego, mais intensa do que a do mês anterior e do que a prevista para o mês (média de 47,8 pontos). A marca divisória de 50 pontos, que indica crescimento na comparação com o mês anterior, não é ultrapassada desde setembro de 2022, período em que foram registradas cinco quedas e duas estabilizações.

A utilização da capacidade instalada (UCI) caiu de 71,0% em março para 69,0% em abril, mas ficou dentro da média histórica do mês. Já o índice de UCI em relação à usual fechou abril em 39,2 pontos (45,1 pontos em março), sendo que 50 pontos representam o nível usual para cada mês. Vale destacar que a diferença entre a UCI observada e a considerada usual pelos empresários em abril é a maior desde junho de 2020, num sinal claro de desaquecimento.

Mesmo com a queda intensa da produção, os estoques de produtos finais permaneceram em alta no mês de abril e acima, ainda que mais próximo, do planejado pela indústria gaúcha. De fato, o índice de evolução atingiu 52,5 pontos, revelando, acima de 50, avanço dos estoques em relação a março, enquanto, o índice em relação ao planejado recuou de 53,3 em março para 51,6 pontos em abril, ficando mais perto da marca de 50 pontos, que indica estoques ajustados.

A Sondagem mostrou também que o quadro pouco favorável à atividade industrial afeta as perspectivas dos empresários, que, em maio, projetam redução da demanda e mais demissões nos próximos seis meses. De fato, com exceção das exportações (+0,7 ante abril, para 49,9 pontos em maio), cuja projeção é de estabilidade, todos os índices de expectativas caíram em relação a abril e ficaram na faixa negativa (abaixo de 50 pontos) em maio: demanda (-2,8 pontos, para 49,2 pontos), emprego (-1,9, para 47,4 pontos) e compras de matérias-primas (-1,3, para 48,2 pontos).

Índice de expectativas da demanda

(em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. OBS: Valores acima de 50 indicam expectativa de aumento para os próximos seis meses. Valores abaixo de 50 pontos indicam expectativa de queda. Quanto mais distante dos 50 pontos, maior e mais disseminada a expectativa.

Com a deterioração nas expectativas, os empresários gaúchos se mostram menos dispostos a fazer investimentos nos próximos seis meses. O índice de intenção de investimentos caiu 1,9 ponto na comparação com abril e ficou em 51,0 pontos em maio, na média histórica. O índice varia de 0 a 100 pontos e quanto maior, mais alta é a propensão. Portanto, o resultado mostra que a intenção de investir nos próximos seis meses é baixa. De acordo com a Sondagem, pouco mais da metade das empresas (53,4%) estão dispostas a investir em maio.

Índice de intenção de investimento

(em pontos)

Fonte: UEE/FIERGS. OBS: O índice varia de 0 a 100. Quanto maior o índice, maior a propensão a investir.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20192020202120222023*
Agropecuária0,44,20,3-1,73,0
Indústria-0,7-3,04,81,61,0
Serviços1,5-3,75,24,20,8
TOTAL1,2-3,35,02,91,0
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$7,3897,6108,8999,91510,576
Em US$21,8731,4761,6491,9202,015
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20192020202120222023*
IGP-M 7,323,117,85,51,6
INPC4,55,410,25,95,5
IPCA4,34,510,15,85,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Extrativa Mineral-9,7-3,41,0-3,2-0,1
Transformação0,2-4,64,3-0,41,2
Indústria Total3-1,1-4,53,9-0,71,1
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária13371466515
Indústria97149722446129
Indústria de Transformação134844021763
Construção719724519458
Extrativa e SIUP413337358
Serviços534-3781.9091.527406
TOTAL644-1932.7772.038550
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano11,114,211,17,98,5
Média do ano12,013,813,29,38,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações221,1209,2280,8334,5276,0
Importações185,9158,8219,4272,7220,0
Balança Comercial35,250,461,461,856,0
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20192020202120222023*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)4,502,009,2513,7513,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)54,028,97,4-6,5-2,3
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)4,035,205,585,225,10
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

20192020202120222023*
Resultado Primário-0,8-9,40,81,3-1,4
Juros Nominais-5,0-4,2-5,2-6,0-6,6
Resultado Nominal-5,8-13,6-4,4-4,7-8,0
Dívida Líquida do Setor Público54,762,557,357,561,0
Dívida Bruta do Governo Geral74,488,680,373,579,9
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20192020202120222023*
Agropecuária3,0-29,560,2-45,638,7
Indústria0,2-6,111,22,21,2
Serviços0,8-5,04,13,71,5
TOTAL1,1-7,210,6-5,15,0
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$482,464470,942584,602594,968659,929
Em US$2122,28291,317108,362115,195125,299
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária01441
Indústria-60482912
Indústria de Transformação-20432210
Construção-40573
Extrativa e SIUP700-110
Serviços26-43906824
TOTAL20-4314110138
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano7,38,68,14,66,0
Média do ano8,19,38,76,16,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações17,314,121,122,418,7
Industriais12,510,414,117,216,1
Importações10,37,611,716,013,5
Balança Comercial6,96,59,46,45,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20192020202120222023*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)35,736,245,743,345,0
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20192020202120222023*
Faturamento real3,0-3,18,96,13,4
Compras industriais-2,7-5,531,22,72,1
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)0,7-4,55,6-1,10,7
Massa salarial real-0,8-9,05,310,83,3
Emprego0,0-1,96,75,91,6
Horas trabalhadas na produção-0,9-5,515,28,32,5
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS0,1-4,712,94,72,1
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)2,5-5,59,01,11,4
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações.
Economia Gaúcha: Não houve alterações.
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Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

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