Ano 24 – Número 45 – 07 de Novembro de 2022

Informe Econômico

Atividade industrial gaúcha recua após três meses de alta

A queda pode ser interpretada como uma acomodação, sem alterar a tendência positiva em curso.

Após três meses seguidos de alta, a atividade industrial gaúcha voltou a cair em setembro.  Segundo a FIERGS, o Índice de Desempenho Industrial (IDI/RS) recuou 1,7% em relação a agosto, com ajuste sazonal. É a 3ª contração nos nove meses do ano nessa base, fazendo com que o IDI/RS se encontre 4,8% acima do patamar em que iniciou o ano e 13,4% além do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020).

Os componentes mostraram evoluções distintas na métrica mensal, sendo que, entre os mais diretamente associados à atividade, apenas a utilização da capacidade instalada (UCI) subiu (+0,9 p.p. para 82,4%), enquanto o faturamento real (-5,5%), as horas trabalhadas na produção (-2,3%) e as compras industriais (-1,8%) recuaram. Já os componentes relacionados ao mercado de trabalho seguiram em alta. O emprego (+0,5%) não cai desde maio de 2020 e a massa salarial cresceu 1,6%, na 6ª alta seguida e na 11ª em doze meses.

Nas comparações anuais, porém, os resultados seguem majoritariamente positivos. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IDI/RS cresceu 5,6% e completou o 25o avanço consecutivo. No acumulado do ano – janeiro a setembro de 2022 frente ao período equivalente de 2021 –, o IDI/RS cresceu 5,3% e apenas a UCI, entre seus componentes, caiu (-1,0 p.p.), de uma ocupação média de 82,8% em 2021 para 81,8% em 2022. Os demais deram contribuições positivas ao índice: faturamento real (+6,3%), horas trabalhadas na produção (+9,8%), emprego (+6,4%), massa salarial real (+9,8%) e compras industriais (+4,4%).

Sob a ótica setorial, dos 16 pesquisados, 10 apresentaram crescimento da atividade nos primeiros nove meses de 2022 ante o mesmo período de 2021. Os destaques positivos, pela contribuição ao desempenho global, foram Veículos automotores (+17,7%), Máquinas e equipamentos (+11,1%), Couros e calçados (+15,0%) e Tabaco (+21,2%). Do lado negativo, os mais importantes foram Químicos e refino de petróleo (-3,4%), Móveis (-5,8%), Produtos de metal (-2,6%) e Metalurgia (-10,8%).

A queda da atividade industrial gaúcha na margem em setembro pode ser interpretada como acomodação em patamar elevado, após uma sequência de três altas expressivas, o que não deve alterar a tendência positiva em curso. Esse cenário favorável, observado também nas comparações anuais, é consequência das medidas de estímulos à demanda, do aumento das exportações de manufaturados, do desempenho do agronegócio brasileiro, das menores dificuldades nas cadeias de suprimentos e da redução nos custos de produção. A perspectiva para os próximos meses é de manutenção desse quadro, que ganha, porém, maior incerteza diante dos resultados das eleições, e possíveis mudanças nos rumos da política econômica, além dos efeitos defasados da política monetária e da perspectiva de desaceleração da economia mundial.

Indicadores Industriais do Rio Grande do Sul
(Setembro de 2022)

Variação %
Mês anterior*Mês ano anteriorAc. ano
Índice de desempenho industrial-1,75,65,3
Faturamento real-5,59,06,3
Horas trabalhadas na produção-2,39,79,8
Emprego0,56,46,4
Massa salarial real1,617,09,8
UCI (em p.p)0,9-1,1-1,0
Compras Industriais-1,81,44,4
*Série dessazonalizada

Índice de Desempenho Industrial – RS
(Índice base fixa mensal: 2006=100*)

Fonte: UEE/FIERGS. *Série dessazonalizada

Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS – Setorial
(Variação jan-set 2022/21 – %)

Fonte: UEE/FIERGS

2023 impõe um cenário desafiador para as contas públicas do RS

Durante o decorrer de 2022, as contas públicas gaúchas apresentaram um bom desempenho, seguindo a mesma tendência vista no âmbito nacional. Como já discorrido em Informes anteriores, grande parte desse resultado foi consequência da inflação alta que ajudou pelo lado das Receitas, no entanto, também é preciso descartar o esforço do Estado na contenção do gasto público, consequência das sucessivas reformas realizadas nos últimos 4 anos.

Até o oitavo mês de 2022, a diferença entre receitas e despesas totais (chamado de resultado orçamentário) foi positiva em R$ 4,3 bi, enquanto no mesmo período de 2021, esse valor havia sido de R$ 1,7 bi. O número do ano já é superior ao previsto na Lei Orçamentário Anual, que previa um déficit de R$ 3,2 bi.

Com relação ao Primário, o Estado apresentou superávit de R$ 3,5 bi no acumulado de janeiro a agosto. Dentre os 26 Estados + DF, o RS ocupa a sétima colocação entre as UFs que apresentaram o maior superávit primário nessa mesma base de comparação, perdendo somente para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Pernambuco. Percebe-se que os bons números ocorreram em meio às perdas de arrecadação decorrentes da redução das alíquotas de ICMS de Energia, Combustíveis e Comunicação (redução real de 27,0% em agosto e 18,4% em setembro).

Daqui para frente, o que podemos esperar das contas públicas do RS? Vamos nos embasar na PLOA 2023 para responder esse questionamento. No orçamento de 2023 está projetado um déficit orçamentário de R$ 3,8 bi, parte do valor negativo se refere a perda (estimada) de R$ 4,4 bi na arrecadação de ICMS (R$ 3,3 bi ao Estado e R$ 1,1 bi aos municípios) e o pagamento das parcelas da dívida com a União, o qual em 2023 será pago o equivalente a 1/9 da prestação anual devida. Sobre os Investimentos para o próximo ano, está previsto um gasto total de R$ 1,7 bi, valor 19,4% menor do que o orçado em 2022. Com relação às despesas com pessoal, o montante planejado para o ano é de R$ 35,5 bi, R$ 3,1 bi a mais do que o previsto para 2022.

O desafio do Governo do Estado no próximo ano é tentar equilibrar três pilares: receitas, que não virão em magnitude igual ao observado nos últimos dois anos, demandas da população, em especial de reajuste de pessoal e, principalmente, o pagamento das parcelas da dívida firmados no RRF.

Vale destacar que esse também é o desafio de outros entes da federação. A queda na inflação esperada para 2023 deve trazer outra realidade para as receitas dos Estados, enquanto as despesas devem crescer. A nossa aposta é que o aumento de carga tributária será discutida em 2023 para vigorar em 2024 e a Reforma Tributária deverá ser o ambiente utilizado para isso.

FED não encerrará ciclo de alta e juros serão os maiores em 15 anos

Na quarta-feira da semana passada, o FED anunciou o aumento taxa básica de juros americana em 0,75 ponto percentual, configurando a sexta elevação consecutiva e a quarta sob essa magnitude. Com a decisão, o intervalo da taxa dos Fed Funds aumentou para 3,75% e 4,00%, configurando o ciclo de alta mais rápido das últimas 4 décadas.

A elevação já era amplamente esperada pelos mercados, dado as últimas leituras da inflação e mercado de trabalho que mostraram um cenário de demanda ainda pressionada. Os números referentes ao mês de setembro do índice de preços ao consumidor superaram novamente as expectativas, permanecendo 8,2% no acumulado em 12 meses e núcleo em 6,6% (0,3 p.p maior do que o visto em agosto). A taxa de desemprego, por sua vez, permaneceu próxima a mínima histórica (3,5%).

Durante a coletiva de imprensa após a decisão do FOMC na quarta-feira (2/11), o presidente do FED, Jerome Powell, confirmou a redução do ritmo de aceleração da taxa de juros na última reunião do ano, o qual já havia sido antecipado durante o comunicado escrito. Powell reiterou, no entanto, que o encerramento do ciclo de alta da taxa de juros ainda não está no horizonte do comitê e que, portanto, os juros devem ficar em patamar mais restritivo do que o esperado anteriormente.

Os números do Payroll divulgados na sexta-feira (4/11) reforçaram a tese de uma economia ainda muito aquecida. No mês de setembro, a economia americana criou 261 mil empregos, acima do consenso de mercado que esperava 200 mil. A taxa de desemprego, por sua vez, apresentou pequena elevação de 3,5% para 3,7%, o que nos remete a um mercado de trabalho ainda resiliente. Acreditamos que o FED deve anunciar um aumento de 0,50 p.p. na taxa de juros em dezembro e, nesse momento, estimamos que o fim do ciclo de aperto monetário deve ocorrer com taxas acima de 5,25%.

Inflação ao Consumidor e Taxa de Juros
(Em %)

Fonte: FRED/USA

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20182019202020212022*
Agropecuária1,30,43,8-0,21,3
Indústria0,7-0,7-3,44,51,0
Serviços2,11,5-4,34,73,6
TOTAL1,81,2-3,94,62,8
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20182019202020212022*
Em R$7,0047,3897,4688,6799,536
Em US$21,9161,8731,4481,6091,847
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS

Inflação (% a.a.)

20182019202020212022*
IGP-M 7,67,323,117,87,5
INPC3,44,55,410,25,7
IPCA3,74,34,510,15,5
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20182019202020212022*
Extrativa Mineral0,0-9,7-3,41,11,2
Transformação1,10,2-4,64,31,9
Indústria Total31,0-1,1-4,53,91,5
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20182019202020212022
Agropecuária2,213,036,5146,161,0
Indústria23,997,2148,7721,2478,9
Indústria de Transformação1,213,248,0439,7256,3
Construção11,470,797,3245,0194,6
Extrativa e SIUP411,213,33,536,528,0
Serviços520,2533,8-378,01.904,41.527,2
TOTAL546,4644,1-192,72.771,62.067,1
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20182019202020212022*
Fim do ano11,711,114,211,18,0
Média do ano12,412,013,813,29,3
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20182019202020212022*
Exportações231,9221,1209,2280,4295,9
Importações185,3185,9158,8219,4226,4
Balança Comercial46,635,250,461,069,5
*Projeção UEE/FIERGS

Moeda e Juros

20182019202020212022*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)6,504,502,009,2513,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)517,14,028,97,4-7,7
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)3,854,035,205,585,15
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS

Setor Público (% do PIB)

20182019202020212022*
Resultado Primário-1,6-0,8-9,40,81,0
Juros Nominais-5,4-5,0-4,2-5,2-7,0
Resultado Nominal-7,0-5,8-13,6-4,4-6,0
Dívida Líquida do Setor Público52,854,762,557,359,1
Dívida Bruta do Governo Geral75,374,488,680,378,2
*Projeção UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20182019202020212022*
Agropecuária-7,13,0-29,567,5-40,9
Indústria2,80,2-5,69,71,4
Serviços2,60,8-4,64,12,2
TOTAL2,01,1-6,810,4-2,2
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20182019202020212022*
Em R$457,294482,464480,173582,968598,164
Em US$2125,108122,28293,107108,059116,147
*Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20182019202020212022*
Agropecuária-1,4-0,10,53,71,9
Indústria1,5-5,5-0,247,534,7
Indústria de Transformação0,9-1,50,142,927,7
Construção0,9-4,0-0,35,37,5
Extrativa e SIUP7-0,20,00,0-0,6-0,5
Serviços20,426,0-42,989,767,2
TOTAL20,520,4-42,6141,0103,8
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20182019202020212022*
Fim do ano7,57,38,68,15,7
Média do ano8,28,19,38,76,3
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20182019202020212022*
Exportações21,017,314,121,122,4
Industriais15,112,510,514,115,1
Importações11,310,37,611,712,8
Balança Comercial9,86,96,59,49,6
*Projeção UEE/FIERGS

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20182019202020212022*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)34,835,736,245,749,5
*Projeção UEE/FIERGS

Indicadores Industriais (% a.a.)

20182019202020212022*
Faturamento real2,73,0-3,18,71,6
Compras industriais10,0-2,7-5,531,04,2
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)1,60,7-4,65,70,3
Massa salarial real-1,3-0,8-9,34,60,4
Emprego0,90,0-1,96,71,4
Horas trabalhadas na produção0,0-1,0-5,715,13,3
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS2,60,1-4,812,81,7
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20182019202020212022*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)5,92,5-5,58,81,0
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Informações sobre as atualizações das projeções:

Não houve alterações.

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