Ano 25 – Número 6 – 13 de fevereiro de 2023

Informe Econômico

Atividade industrial gaúcha cresceu 4,7% em 2022

O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI/RS), divulgado pela FIERGS, que mede a evolução da atividade do setor no estado, caiu 0,5% em dezembro ante novembro, com ajuste sazonal.  A queda – terceira em quatro meses – devolveu parte da alta de novembro (+1,4%), deixando o índice 12,5% acima do pré-pandemia (fevereiro de 2020).

Em termos anuais, o IDI/RS segue no terreno positivo. Em relação a dezembro de 2021, a alta, 28ª seguida, foi de 2,8%. Com isso, o índice de atividade encerrou ano com um avanço acumulado de 4,7% em relação ao anterior, segundo crescimento seguido (+12,9% em 2021), após a queda de 4,7% em 2020.

Acima do nível pré-pandemia também em termos anuais (+12,6% ante 2019), a atividade industrial gaúcha em 2022 continuou distante de outras referências importantes do passado: 5,3% abaixo de 2013 e 8,6% abaixo do pico histórico de 2008.

A atividade industrial gaúcha cresceu em 2022 relativamente a 2021 puxada pelas horas trabalhadas na produção (+8,4%) e pelo faturamento real (+6,0%), além das compras industriais (+2,8%). A UCI foi o único componente que caiu: -0,8 p.p. (81,9% em 2022 ante 82,7% em 2021). A expansão da atividade repercutiu positivamente no mercado de trabalho: o emprego cresceu 5,9% e a massa salarial real aumentou 10,8%.

O desempenho da atividade industrial mostrou elevada dispersão entre os setores em 2022: 9 cresceram e 7 caíram na comparação com 2021. Veículos automotores (+19,3%), Couros e calçados (+12,8%) e Máquinas e equipamentos (+9,2%) deram as maiores contribuições, enquanto, os impactos negativos mais importantes vieram de Químicos (-4,2%), Produtos de metal (-3,0%) e Móveis (-5,0%).

Os resultados positivos dos Indicadores Industriais do RS em 2022 repercutiram a consolidação do processo de reabertura econômica no pós-pandemia e o alívio dos problemas na cadeia de suprimentos, com contribuições do setor externo e do agronegócio. Também ajudaram os estímulos governamentais – como as desonerações dos combustíveis e da energia –, e as recuperações da economia brasileira e do emprego. Pesaram, por outro lado, os gargalos remanescentes nas cadeias produtivas, agravados pelo conflito na Ucrânia, que aumentaram os custos de produção e a inflação, além da alta dos juros e a estiagem no estado.

Para 2023, a atividade industrial gaúcha deve ter um ano de crescimento baixo: 2,0%. A economia brasileira e a mundial devem desacelerar, a confiança do industrial acabou, a incerteza aumentou e a política monetária segue restritiva, num quadro fiscal desafiador. O agronegócio e as exportações devem contribuir pouco para o desempenho da indústria gaúcha em 2023, que também terá a normalização da cadeia de suprimentos como ponto positivo.

Indicadores Industriais do Rio Grande do Sul
(Dezembro de 2022)

Variação %
Mês anterior*Mês ano anteriorAc.ano
Índice de desesmpenho industrial-0,52,84,7
Faturamento real3,39,46,0
Horas trabalhadas na produção-0,32,48,4
Emprego-0,43,95,9
Massa salarial real0,412,310,8
UCI (em p.p.)-0,7-1,8-0,8
Compras industriais-5,2-4,62,8
Fonte: UEE/FIERGS. *Série dessazonalizada

Índice de Desempenho Industrial – RS
(Índice base fixa anual: 2008=100)

Fonte: UEE/FIERGS

Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS – Setorial
(Variação jan-dez 2022/21 – %)

Fonte: UEE/FIERGS

O ano de 2022 foi de números positivos para as contas públicas – BR

Pelo segundo ano consecutivo, o Setor Público Consolidado obteve superávit primário. Enquanto em 2021 o montante total foi de R$ 64,7 bilhões (0,7% do PIB), em 2022 se somou R$ 126,0 bilhões (1,3% do PIB). A última vez que as contas públicas fecharam acima dos R$ 100 bi positivos foi em 2012, ou seja, há 10 anos.

Em 2021, os Entes responsáveis por deixar as contas em terreno positivo foram os governos regionais, que findaram o ano com superávit de R$ 97,7 bi (1,1% do PIB), compensando o déficit de R$ 35,9 bi (0,4% do PIB) do Governo Central. No ano passado, no entanto, a surpresa positiva veio dos números desse último Ente: após 87 meses consecutivos (quase 8 anos) em déficit primário, no acumulado em 12 meses, desde junho de 2022 vêm gerando sucessivos superávits. Em um curto espaço de tempo, o Governo Central saiu de um déficit de R$ 745,3 bi (9,8% do PIB), ocorrido em 2020, para um superávit de R$ 54,9 bi (0,6% do PIB) dois anos depois.

Quais foram os canais indutores da melhora das contas do Governo Central? Primeiramente, as receitas líquidas cresceram 7,7%, atingindo R$ 1,9 tri em 2022. Ao longo da série histórica, iniciada em 1997, nunca havia atingido patamares tão altos ao longo dos doze meses do ano. Veja que todo o impulso da receita veio em um contexto em que ocorreram sucessivas desonerações fiscais ao longo do ano. No entanto, a expansão da atividade econômica – em especial o volume de serviços –, as surpresas vindas do mercado de trabalho – que fizeram a massa salarial se expandir –, a inflação que ficou acima de dois dígitos em parte do ano, a taxa de câmbio – que se manteve em níveis elevados – e a evolução dos preços do barril de petróleo, foram os principais responsáveis por impulsionar a arrecadação no ano e compensar as reduções de impostos.

Vale destacar que entre os componentes da Receita Central, as administradas pela Receita Federal aumentaram 6,5% em termos reais em 2022, sendo que o total arrecadado foi de R$ 1,4 tri. Por outro lado, as receitas não administradas, aquelas que envolvem, principalmente, os dividendos das estatais, aumentaram 29,4% no período. Os Dividendos e Participações saltaram de R$ 7,9 bilhões e R$ 47,5 bilhões em 2020 e 2021, respectivamente, para um valor total de R$ 87,9 bilhões em 2022.

Como toda ação tem uma reação, a alta da receita foi a justificativa utilizada para a expansão do gasto público em 2,1%, em termos reais, em relação a 2021. Resultado, sobremaneira, da reestruturação do programa Auxílio Brasil, o qual expandiu-se tanto em valores monetários (a parcela média saiu de um patamar de R$ 120 para R$ 600 em 2022), quanto em número de famílias beneficiadas (passou de 14,7 milhões em out/2021 para 21,6 milhões em dez/2022). Na outra ponta da balança, houve redução em 6,1% das despesas com Pessoal, rubrica que representa quase 20% dos gastos totais do Governo Central. De modo geral, o aumento da despesa em 2022 foi menor do que a elevação da arrecadação, explicando o resultado primário positivo do Governo Central.

Por fim, vale destacar os números do endividamento público. Em 2022, a dívida bruta atingiu 73,5%, após ter ficado 17 meses (jun/20 a out/21) acima de 80% do PIB. Em 14 meses, a razão declinou 6,9 p.p.. Alguns fatores explicam essa retração. O primeiro deles foi o alto valor do PIB nominal, que fez a razão DBGG/PIB cair 7,5 p.p.. Além disso, o superávit primário reduziu a necessidade de emissão de dívida, diminuindo a dívida em 4,5 p.p.. Por outro lado, o pagamento de juros foi o principal componente de aumento do endividamento, responsável pela expansão de 7,5 p.p. no ano, anulando os ganhos com o crescimento do PIB.

Para 2023, não projetamos a continuidade dos bons números do fiscal. Primeiro, porque o déficit primário deve ser de 1,4% do PIB, resultado do adicional de quase R$ 170 bi da PEC da Transição. Além disso, a Selic deve permanecer em 13,75% a.a., o que deve impulsionar o numerador da razão DBGG/PIB. O PIB, no que lhe concerne, deve crescer apenas 1,0% em 2023. Ou seja, os ventos de 2022 não jogarão mais a favor do fiscal.

Resultado Primário do Setor  Público Consolidado
(Acumulado em 12 meses | Em % do PIB)

Fonte: Banco Central

Dívida Pública
(Em % do PIB)

Fonte: Banco Central

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

2019202020212022*2023*
Agropecuária0,44,20,3-1,33,0
Indústria-0,7-3,04,81,51,0
Serviços1,5-3,75,24,00,8
TOTAL1,2-3,35,03,11,0
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

2019202020212022*2023*
Em R$7,3897,6108,8999,70810,314
Em US$21,8731,4761,6491,8791,965
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS

Inflação (% a.a.)

20192020202120222023*
IGP-M 7,323,117,85,54,7
INPC4,55,410,25,95,7
IPCA4,34,510,15,85,6
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Extrativa Mineral-9,7-3,41,0-3,2-0,1
Transformação0,2-4,64,3-0,41,2
Indústria Total3-1,1-4,53,9-0,71,1
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária13371466515
Indústria97149721446129
Indústria de Transformação134844021763
Construção719724519458
Extrativa e SIUP413337358
Serviços534-3781.9091.527406
TOTAL644-1932.7772.038550
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

2019202020212022*2023*
Fim do ano11,114,211,18,08,5
Média do ano12,013,813,29,38,8
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações221,1209,2280,8334,5276,0
Importações185,9158,8219,4272,7220,0
Balança Comercial35,250,461,461,856,0
*Projeção UEE/FIERGS

Moeda e Juros

20192020202120222023*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)4,502,009,2513,7513,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)54,028,97,4-6,52,5
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)4,035,205,585,225,35
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS

Setor Público (% do PIB)

20192020202120222023*
Resultado Primário-0,8-9,40,81,3-1,4
Juros Nominais-5,0-4,2-5,2-6,0-6,6
Resultado Nominal-5,8-13,6-4,4-4,7-8,0
Dívida Líquida do Setor Público54,762,557,357,561,0
Dívida Bruta do Governo Geral74,488,680,373,579,9
*Projeção UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

2019202020212022*2023*
Agropecuária3,0-29,567,0-33,538,7
Indústria0,2-5,69,72,51,2
Serviços0,8-4,64,14,01,5
TOTAL1,1-6,810,4-2,55,0
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

2019202020212022*2023*
Em R$482,464480,173576,979595,135657,560
Em US$2122,28293,107106,959115,216125,299
*Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária01441
Indústria-60482912
Indústria de Transformação-20432210
Construção-40573
Extrativa e SIUP700-110
Serviços26-43906824
TOTAL20-4314110138
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

2019202020212022*2023*
Fim do ano7,38,68,15,76,0
Média do ano8,19,38,76,46,2
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações17,314,121,122,418,7
Industriais12,510,414,117,216,1
Importações10,37,611,716,013,5
Balança Comercial6,96,59,46,45,2
*Projeção UEE/FIERGS

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20192020202120222023*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)35,736,245,743,345,0
*Projeção UEE/FIERGS

Indicadores Industriais (% a.a.)

20192020202120222023*
Faturamento real3,0-3,18,96,13,4
Compras industriais-2,7-5,531,22,72,1
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)0,7-4,65,7-1,10,7
Massa salarial real-0,8-9,35,310,83,3
Emprego0,0-1,96,75,91,6
Horas trabalhadas na produção-1,0-5,715,28,32,5
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS0,1-4,812,94,72,1
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)2,5-5,59,01,11,4
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Informações sobre as atualizações das projeções:

Economia Brasileira: Atualização dos valores fechados de 2022 da Produção Física Industrial. Não houve alterações nas projeções.

Economia Gaúcha: Atualização dos valores fechados de 2022 da Produção Física Industrial e dos Indicadores Industriais. Não houve alterações nas projeções

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Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

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