O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI/RS), divulgado pela FIERGS, que mede a evolução da atividade do setor no estado, caiu 0,5% em dezembro ante novembro, com ajuste sazonal. A queda – terceira em quatro meses – devolveu parte da alta de novembro (+1,4%), deixando o índice 12,5% acima do pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Em termos anuais, o IDI/RS segue no terreno positivo. Em relação a dezembro de 2021, a alta, 28ª seguida, foi de 2,8%. Com isso, o índice de atividade encerrou ano com um avanço acumulado de 4,7% em relação ao anterior, segundo crescimento seguido (+12,9% em 2021), após a queda de 4,7% em 2020.
Acima do nível pré-pandemia também em termos anuais (+12,6% ante 2019), a atividade industrial gaúcha em 2022 continuou distante de outras referências importantes do passado: 5,3% abaixo de 2013 e 8,6% abaixo do pico histórico de 2008.
A atividade industrial gaúcha cresceu em 2022 relativamente a 2021 puxada pelas horas trabalhadas na produção (+8,4%) e pelo faturamento real (+6,0%), além das compras industriais (+2,8%). A UCI foi o único componente que caiu: -0,8 p.p. (81,9% em 2022 ante 82,7% em 2021). A expansão da atividade repercutiu positivamente no mercado de trabalho: o emprego cresceu 5,9% e a massa salarial real aumentou 10,8%.
O desempenho da atividade industrial mostrou elevada dispersão entre os setores em 2022: 9 cresceram e 7 caíram na comparação com 2021. Veículos automotores (+19,3%), Couros e calçados (+12,8%) e Máquinas e equipamentos (+9,2%) deram as maiores contribuições, enquanto, os impactos negativos mais importantes vieram de Químicos (-4,2%), Produtos de metal (-3,0%) e Móveis (-5,0%).
Os resultados positivos dos Indicadores Industriais do RS em 2022 repercutiram a consolidação do processo de reabertura econômica no pós-pandemia e o alívio dos problemas na cadeia de suprimentos, com contribuições do setor externo e do agronegócio. Também ajudaram os estímulos governamentais – como as desonerações dos combustíveis e da energia –, e as recuperações da economia brasileira e do emprego. Pesaram, por outro lado, os gargalos remanescentes nas cadeias produtivas, agravados pelo conflito na Ucrânia, que aumentaram os custos de produção e a inflação, além da alta dos juros e a estiagem no estado.
Para 2023, a atividade industrial gaúcha deve ter um ano de crescimento baixo: 2,0%. A economia brasileira e a mundial devem desacelerar, a confiança do industrial acabou, a incerteza aumentou e a política monetária segue restritiva, num quadro fiscal desafiador. O agronegócio e as exportações devem contribuir pouco para o desempenho da indústria gaúcha em 2023, que também terá a normalização da cadeia de suprimentos como ponto positivo.
Indicadores Industriais do Rio Grande do Sul
(Dezembro de 2022)
Variação % | |||
---|---|---|---|
Mês anterior* | Mês ano anterior | Ac.ano | |
Índice de desesmpenho industrial | -0,5 | 2,8 | 4,7 |
Faturamento real | 3,3 | 9,4 | 6,0 |
Horas trabalhadas na produção | -0,3 | 2,4 | 8,4 |
Emprego | -0,4 | 3,9 | 5,9 |
Massa salarial real | 0,4 | 12,3 | 10,8 |
UCI (em p.p.) | -0,7 | -1,8 | -0,8 |
Compras industriais | -5,2 | -4,6 | 2,8 |
Índice de Desempenho Industrial – RS
(Índice base fixa anual: 2008=100)

Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS – Setorial
(Variação jan-dez 2022/21 – %)

O ano de 2022 foi de números positivos para as contas públicas – BR
Pelo segundo ano consecutivo, o Setor Público Consolidado obteve superávit primário. Enquanto em 2021 o montante total foi de R$ 64,7 bilhões (0,7% do PIB), em 2022 se somou R$ 126,0 bilhões (1,3% do PIB). A última vez que as contas públicas fecharam acima dos R$ 100 bi positivos foi em 2012, ou seja, há 10 anos.
Em 2021, os Entes responsáveis por deixar as contas em terreno positivo foram os governos regionais, que findaram o ano com superávit de R$ 97,7 bi (1,1% do PIB), compensando o déficit de R$ 35,9 bi (0,4% do PIB) do Governo Central. No ano passado, no entanto, a surpresa positiva veio dos números desse último Ente: após 87 meses consecutivos (quase 8 anos) em déficit primário, no acumulado em 12 meses, desde junho de 2022 vêm gerando sucessivos superávits. Em um curto espaço de tempo, o Governo Central saiu de um déficit de R$ 745,3 bi (9,8% do PIB), ocorrido em 2020, para um superávit de R$ 54,9 bi (0,6% do PIB) dois anos depois.
Quais foram os canais indutores da melhora das contas do Governo Central? Primeiramente, as receitas líquidas cresceram 7,7%, atingindo R$ 1,9 tri em 2022. Ao longo da série histórica, iniciada em 1997, nunca havia atingido patamares tão altos ao longo dos doze meses do ano. Veja que todo o impulso da receita veio em um contexto em que ocorreram sucessivas desonerações fiscais ao longo do ano. No entanto, a expansão da atividade econômica – em especial o volume de serviços –, as surpresas vindas do mercado de trabalho – que fizeram a massa salarial se expandir –, a inflação que ficou acima de dois dígitos em parte do ano, a taxa de câmbio – que se manteve em níveis elevados – e a evolução dos preços do barril de petróleo, foram os principais responsáveis por impulsionar a arrecadação no ano e compensar as reduções de impostos.
Vale destacar que entre os componentes da Receita Central, as administradas pela Receita Federal aumentaram 6,5% em termos reais em 2022, sendo que o total arrecadado foi de R$ 1,4 tri. Por outro lado, as receitas não administradas, aquelas que envolvem, principalmente, os dividendos das estatais, aumentaram 29,4% no período. Os Dividendos e Participações saltaram de R$ 7,9 bilhões e R$ 47,5 bilhões em 2020 e 2021, respectivamente, para um valor total de R$ 87,9 bilhões em 2022.
Como toda ação tem uma reação, a alta da receita foi a justificativa utilizada para a expansão do gasto público em 2,1%, em termos reais, em relação a 2021. Resultado, sobremaneira, da reestruturação do programa Auxílio Brasil, o qual expandiu-se tanto em valores monetários (a parcela média saiu de um patamar de R$ 120 para R$ 600 em 2022), quanto em número de famílias beneficiadas (passou de 14,7 milhões em out/2021 para 21,6 milhões em dez/2022). Na outra ponta da balança, houve redução em 6,1% das despesas com Pessoal, rubrica que representa quase 20% dos gastos totais do Governo Central. De modo geral, o aumento da despesa em 2022 foi menor do que a elevação da arrecadação, explicando o resultado primário positivo do Governo Central.
Por fim, vale destacar os números do endividamento público. Em 2022, a dívida bruta atingiu 73,5%, após ter ficado 17 meses (jun/20 a out/21) acima de 80% do PIB. Em 14 meses, a razão declinou 6,9 p.p.. Alguns fatores explicam essa retração. O primeiro deles foi o alto valor do PIB nominal, que fez a razão DBGG/PIB cair 7,5 p.p.. Além disso, o superávit primário reduziu a necessidade de emissão de dívida, diminuindo a dívida em 4,5 p.p.. Por outro lado, o pagamento de juros foi o principal componente de aumento do endividamento, responsável pela expansão de 7,5 p.p. no ano, anulando os ganhos com o crescimento do PIB.
Para 2023, não projetamos a continuidade dos bons números do fiscal. Primeiro, porque o déficit primário deve ser de 1,4% do PIB, resultado do adicional de quase R$ 170 bi da PEC da Transição. Além disso, a Selic deve permanecer em 13,75% a.a., o que deve impulsionar o numerador da razão DBGG/PIB. O PIB, no que lhe concerne, deve crescer apenas 1,0% em 2023. Ou seja, os ventos de 2022 não jogarão mais a favor do fiscal.
Resultado Primário do Setor Público Consolidado
(Acumulado em 12 meses | Em % do PIB)

Dívida Pública
(Em % do PIB)

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
Produto Interno Bruto1
2019 | 2020 | 2021 | 2022* | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0,4 | 4,2 | 0,3 | -1,3 | 3,0 |
Indústria | -0,7 | -3,0 | 4,8 | 1,5 | 1,0 |
Serviços | 1,5 | -3,7 | 5,2 | 4,0 | 0,8 |
TOTAL | 1,2 | -3,3 | 5,0 | 3,1 | 1,0 |
Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022* | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 7,389 | 7,610 | 8,899 | 9,708 | 10,314 |
Em US$2 | 1,873 | 1,476 | 1,649 | 1,879 | 1,965 |
Inflação (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
IGP-M | 7,3 | 23,1 | 17,8 | 5,5 | 4,7 |
INPC | 4,5 | 5,4 | 10,2 | 5,9 | 5,7 |
IPCA | 4,3 | 4,5 | 10,1 | 5,8 | 5,6 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Extrativa Mineral | -9,7 | -3,4 | 1,0 | -3,2 | -0,1 |
Transformação | 0,2 | -4,6 | 4,3 | -0,4 | 1,2 |
Indústria Total3 | -1,1 | -4,5 | 3,9 | -0,7 | 1,1 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 13 | 37 | 146 | 65 | 15 |
Indústria | 97 | 149 | 721 | 446 | 129 |
Indústria de Transformação | 13 | 48 | 440 | 217 | 63 |
Construção | 71 | 97 | 245 | 194 | 58 |
Extrativa e SIUP4 | 13 | 3 | 37 | 35 | 8 |
Serviços | 534 | -378 | 1.909 | 1.527 | 406 |
TOTAL | 644 | -193 | 2.777 | 2.038 | 550 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022* | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 11,1 | 14,2 | 11,1 | 8,0 | 8,5 |
Média do ano | 12,0 | 13,8 | 13,2 | 9,3 | 8,8 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 221,1 | 209,2 | 280,8 | 334,5 | 276,0 |
Importações | 185,9 | 158,8 | 219,4 | 272,7 | 220,0 |
Balança Comercial | 35,2 | 50,4 | 61,4 | 61,8 | 56,0 |
Moeda e Juros
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.) | 4,50 | 2,00 | 9,25 | 13,75 | 13,75 |
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)5 | 4,0 | 28,9 | 7,4 | -6,5 | 2,5 |
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$) | 4,03 | 5,20 | 5,58 | 5,22 | 5,35 |
Setor Público (% do PIB)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Resultado Primário | -0,8 | -9,4 | 0,8 | 1,3 | -1,4 |
Juros Nominais | -5,0 | -4,2 | -5,2 | -6,0 | -6,6 |
Resultado Nominal | -5,8 | -13,6 | -4,4 | -4,7 | -8,0 |
Dívida Líquida do Setor Público | 54,7 | 62,5 | 57,3 | 57,5 | 61,0 |
Dívida Bruta do Governo Geral | 74,4 | 88,6 | 80,3 | 73,5 | 79,9 |
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA
Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6
2019 | 2020 | 2021 | 2022* | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 3,0 | -29,5 | 67,0 | -33,5 | 38,7 |
Indústria | 0,2 | -5,6 | 9,7 | 2,5 | 1,2 |
Serviços | 0,8 | -4,6 | 4,1 | 4,0 | 1,5 |
TOTAL | 1,1 | -6,8 | 10,4 | -2,5 | 5,0 |
Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)
2019 | 2020 | 2021 | 2022* | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 482,464 | 480,173 | 576,979 | 595,135 | 657,560 |
Em US$2 | 122,282 | 93,107 | 106,959 | 115,216 | 125,299 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 0 | 1 | 4 | 4 | 1 |
Indústria | -6 | 0 | 48 | 29 | 12 |
Indústria de Transformação | -2 | 0 | 43 | 22 | 10 |
Construção | -4 | 0 | 5 | 7 | 3 |
Extrativa e SIUP7 | 0 | 0 | -1 | 1 | 0 |
Serviços | 26 | -43 | 90 | 68 | 24 |
TOTAL | 20 | -43 | 141 | 101 | 38 |
Taxa de desemprego (%)
2019 | 2020 | 2021 | 2022* | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 7,3 | 8,6 | 8,1 | 5,7 | 6,0 |
Média do ano | 8,1 | 9,3 | 8,7 | 6,4 | 6,2 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 17,3 | 14,1 | 21,1 | 22,4 | 18,7 |
Industriais | 12,5 | 10,4 | 14,1 | 17,2 | 16,1 |
Importações | 10,3 | 7,6 | 11,7 | 16,0 | 13,5 |
Balança Comercial | 6,9 | 6,5 | 9,4 | 6,4 | 5,2 |
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões) | 35,7 | 36,2 | 45,7 | 43,3 | 45,0 |
Indicadores Industriais (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Faturamento real | 3,0 | -3,1 | 8,9 | 6,1 | 3,4 |
Compras industriais | -2,7 | -5,5 | 31,2 | 2,7 | 2,1 |
Utilização da capacidade instalada (em p.p.) | 0,7 | -4,6 | 5,7 | -1,1 | 0,7 |
Massa salarial real | -0,8 | -9,3 | 5,3 | 10,8 | 3,3 |
Emprego | 0,0 | -1,9 | 6,7 | 5,9 | 1,6 |
Horas trabalhadas na produção | -1,0 | -5,7 | 15,2 | 8,3 | 2,5 |
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS | 0,1 | -4,8 | 12,9 | 4,7 | 2,1 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023* | |
---|---|---|---|---|---|
Produção Física Industrial8 (% a.a.) | 2,5 | -5,5 | 9,0 | 1,1 | 1,4 |
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Atualização dos valores fechados de 2022 da Produção Física Industrial. Não houve alterações nas projeções.
Economia Gaúcha: Atualização dos valores fechados de 2022 da Produção Física Industrial e dos Indicadores Industriais. Não houve alterações nas projeções
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