Ano 25 – Número 34 – 28 de agosto de 2023

Informe Econômico

Arrecadação federal cai 2,5% nos primeiros sete meses do ano

Entre janeiro e julho de 2023, a arrecadação federal alcançou R$ 1.018,5 bilhões, uma retração de 2,5% em termos reais em relação ao mesmo período de 2022, quando as receitas chegaram a R$ 1.045,2 bilhões. Nesse resultado, foram excluídas as receitas previdenciárias, que alcançaram R$ 337,3 bilhões nos sete primeiros meses de 2023 (+6,8% ante jan-jul/2022).

De maneira geral, a redução das receitas do governo se sucedeu, sobremaneira, por mudanças na legislação que ocorreram ao longo do ano, dentre elas, as reduções das alíquotas de IPI e de PIS/COFINS sobre os combustíveis. A queda na arrecadação desses tributos – os quais representam quase 28% das receitas do Governo Federal – foi na ordem dos 3,2% em termos reais (R$ -9,0 bilhões). Além disso, em 2022, houve pagamentos atípicos no IRPJ e CSLL que fez a base subir e, consequentemente, se observar uma retração nesse ano. Segundo as estimativas da Receita Federal, caso não houvesse esses movimentos atípicos, haveria um crescimento real de 4,7% na arrecadação do período.

Arrecadação federal entre janeiro e julho de cada ano

(Excluídas as receitas previdenciárias | R$ bilhões | a preços de jul/2023)

Fonte: Receita Federal. Elaboração: UEE/FIERGS

Por outro lado, o Imposto sobre a renda retido na fonte cresceu 13,2% (R$ 222,4 bi ante R$ 196,4 bi em 2022), resultado do desempenho da arrecadação sobre os rendimentos de capital, que cresceu 28,1% entre janeiro e julho/2023 (+R$ 14,6 bi). Esses números são reflexo do patamar da Selic no Brasil, que elevou os juros reais da economia brasileira, tornando atrativo os investimentos brasileiros. Segundo a Receita Federal, a arrecadação do item “Aplicação de Renda Fixa (PF e PJ)” cresceu 65,7% em termos nominais em 2023.

Daqui para frente esperamos a continuidade das retrações no caixa do Governo Federal. Principalmente, pela queda na atividade daqueles setores que possuem alto consumo intermediário, como é o caso da indústria. Além disso, os números do mercado de trabalho, ainda que estejam em patamares altos, mês a mês vêm demonstrando reduções no ímpeto de crescimento. Nesse sentido, toda arrecadação indexada à massa salarial – como é o caso, da receita previdenciária.

O que está por trás da deflação nos preços dos alimentos?

Os alimentos na mesa dos brasileiros ficaram mais baratos em 2023. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o IPCA Alimentos apresentou deflação de 0,6%, o menor patamar desde 2017 (deflação de 1,9% entre jan-jul/2017). Como ponto de comparação, em 2022, devido à ocorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a inflação da Alimentação no domicílio foi de 11,8%.

A inflação de Alimentos é composta por 16 itens e 159 subitens, que vão desde cereais, leguminosas, frutas, até as carnes, ovos, açúcares, leites e derivados. Quase 23,0% das variações do componente é resultado das oscilações dos preços do Pão Francês, Leite Longa Vida, Frango em pedaços, Arroz e Queijo.

IPCA e inflação de alimentos

(Em % | Acumulado em 12 meses)

Fonte: IBGE. Banco Central. Elaboração: UEE/FIERGS

No acumulado de 2023 (jan-jul), os subitens com maior deflação estavam agrupados em Óleos e Gorduras, o qual apresentou retração de 17,0% no ano, puxado pela queda acentuada nos preços do Óleo de soja (-28,2%). Outro destaque no ano foi a redução em 7,9% dos preços das Carnes, com destaques para as quedas da Alcatra (-11,5%), Contrafilé (-10,2%) e Filé-mignon (-10,2%). Além disso, vale mencionar a queda de 3,8% dos itens de Aves e ovos, resultado do desempenho da carne de Frango em pedaços (-9,4%) e Frango inteiro (-7,9%). Os Ovos, por sua vez, acumularam alta de 16,6% no ano. A principal explicação para a redução dos preços desses itens, principalmente as de carnes, está relacionada à queda dos preços das commodities, como o milho e o farelo de soja, que compõem a ração dos animais de corte. A queda dos itens ligados à soja, está relacionada à safra recorde no Brasil, vista no início do ano.

As pressões altistas no ano (acumulado de janeiro a julho), ficaram por conta dos grupos de Hortaliças e verduras (+16,1%) e dos itens de Leite e derivados (+4,5%), com destaque para o aumento dos preços do Repolho (+27,7%), Alface (+18,9%), Leite fermentado (+11,2%), Leite longa vida (+7,1%) e Iogurte e bebidas (+4,9%).

De forma geral, esperamos que os alimentos continuem a tendência de baixa, fechando o ano com inflação de 0,7%. A baixa perspectiva de crescimento das principais economias mundiais deve continuar empurrando os preços das commodities para baixo. Além disso, a boa perspectiva sobre a safra de inverno deve atenuar qualquer pressão de preços que possa surgir.

Cenário econômico ameniza e índice de confiança da indústria gaúcha cresce pelo terceiro mês seguido

O Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI/RS) manteve a trajetória de recuperação em agosto e mostrou pequeno avanço, de 0,9 ponto, em relação a julho, para 49,9 pontos. Com isso, o índice ficou praticamente sobre a marca de 50, na margem neutra, que não indica a falta nem a presença de confiança. Nos últimos três meses, o ICEI/RS cresceu 3,7 pontos e atingiu o maior nível desde outubro de 2022, no entanto, distante de recuperar a queda acumulada dos últimos dez meses, que ainda é de 13,0 pontos.

Índice de Confiança do Empresário Industrial do RS

Fonte: UEE/FIERGS

A expansão do ICEI/RS de julho para agosto ocorreu, do ponto de vista de seus componentes, devido à melhora relativa nas avaliações dos empresários sobre as condições atuais, que ficaram menos desfavoráveis.

O Índice de Condições Atuais atingiu 44,8 pontos em agosto, 2,3 acima do mês anterior e o maior valor desde janeiro desse ano. Porém, o índice, que varia de zero a 100, continuou abaixo de 50 no oitavo mês do ano, denotando piora nas condições atuais dos negócios, ainda que menos intensa e disseminada entre as empresas. Os empresários gaúchos avaliam negativamente as condições atuais desde dezembro de 2022. Entre os componentes, o maior crescimento, de agosto em relação a julho, ocorreu no Índice de Condições da Economia Brasileira, que subiu 4,0 pontos e atingiu 41,9, o que também expressa uma atenuação no quadro adverso, que vem ocorrendo nos últimos três meses. De fato, a parcela de empresários gaúchos que percebem um agravamento do cenário econômico brasileiro caiu de 50,0% em julho para 39,7% em agosto (eram 59,5% em maio), ante um aumento dos percentuais das empresas que percebem melhora ou não vêm mudanças, respectivamente, de 7,9% para 12,6% (eram 5,3% em maio) e de 42,1% para 47,7% (35,3% em maio). Da mesma forma, as condições atuais das empresas ficaram menos desfavoráveis: o índice aumentou de 44,8 em julho para 46,4 pontos em agosto.

Condições Atuais

(Em relação aos últimos seis meses)

Fonte: UEE/FIERGS

As perspectivas dos empresários gaúchos para os próximos seis seguem moderadamente otimistas e pouco se alteraram entre julho e agosto. O Índice de Expectativa oscilou de 52,3 para 52,5 pontos, o que indica um otimismo contido (acima, mas perto dos 50 pontos e abaixo da média histórica de 57,1 pontos). As expectativas positivas seguem restritas ao componente que avalia o futuro próximo da empresa: o Índice de Expectativas da Empresa variou de 55,8 para 55,2 pontos. Já o pessimismo, ainda que menor, persiste com relação à economia doméstica. O Índice de Expectativas da Economia Brasileira cresceu de 45,4 em julho para 47,2 pontos em agosto, mas continuou abaixo de 50, pois a parcela de empresários pessimistas diminuiu de 31,6% para 25,6%, mas ainda supera a de otimistas, que cresceu de 12,6% para 19,1%, juntamente com a maioria que não espera alterações, de 51,6% para 55,3%.  

Expectativas

(Para os próximos seis meses)

Fonte: UEE/FIERGS

Após o estresse gerado pelas eleições no ano passado, a confiança da indústria gaúcha caiu intensamente até atingir a mínima em fevereiro de 2023, quando iniciou um processo mais de acomodação do que de recuperação, relacionado ao alívio do cenário com a queda da inflação, a menor incerteza, e, mais recentemente, a redução da taxa de juros e a tendência de continuidade o ciclo de cortes. Apesar disso, o ICEI/RS continua em patamar baixo em agosto, associado à conjuntura desfavorável que combina baixos níveis de demanda doméstica e externa, bem como níveis ainda elevados de juros e de incerteza.

Portanto, os resultados indicam que a indústria gaúcha não deve alterar, nos próximos meses, o comportamento observado atualmente, de alta volatilidade e baixo dinamismo. O componente que mede as expectativas dos empresários, apesar da melhora recente, também tem se mantido em patamares modestos.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20192020202120222023*
Agropecuária0,44,20,3-1,711,0
Indústria-0,7-3,04,81,60,8
Serviços1,5-3,75,24,21,4
TOTAL1,2-3,35,02,92,0
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$7,3897,6108,8999,91510,599
Em US$21,8731,4761,6491,9202,119
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS.

Inflação (% a.a.)

20192020202120222023*
IGP-M 7,323,117,85,5-2,7
INPC4,55,410,25,94,6
IPCA4,34,510,15,84,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Extrativa Mineral-9,7-3,41,0-3,24,6
Transformação0,2-4,64,3-0,40,0
Indústria Total3-1,1-4,53,9-0,70,5
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária13371466435
Indústria97149719442299
Indústria de Transformação1348439215147
Construção7197245193134
Extrativa e SIUP4133363519
Serviços534-3781.9121.515941
TOTAL644-1932.7782.0211.276
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano11,114,211,17,97,3
Média do ano12,013,89,37,97,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações221,1209,2280,8334,5304,0
Importações185,9158,8219,4272,7239,5
Balança Comercial35,250,461,461,864,5
*Projeção UEE/FIERGS.

Moeda e Juros

20192020202120222023*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)4,502,009,2513,7512,00
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)54,028,97,4-6,5-5,2
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)4,035,205,585,224,95
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS.

Setor Público (% do PIB)

20192020202120222023*
Resultado Primário-0,8-9,20,71,3-1,2
Juros Nominais-5,0-4,1-5,0-5,9-6,0
Resultado Nominal-5,8-13,3-4,3-4,6-7,2
Dívida Líquida do Setor Público54,761,455,857,161,0
Dívida Bruta do Governo Geral74,486,978,372,374,3
*Projeção UEE/FIERGS.

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20192020202120222023*
Agropecuária3,0-29,560,2-45,619,8
Indústria0,2-6,111,22,2-2,0
Serviços0,8-5,04,23,72,0
TOTAL1,1-7,210,6-5,12,5
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS.

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$482,464470,942584,602594,055638,133
Em US$2122,28291,317108,362115,018127,599
*Projeção UEE/FIERGS.

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária01732
Indústria-60472912
Indústria de Transformação-20432210
Construção-40572
Extrativa e SIUP700-100
Serviços26-43906840
TOTAL20-4214410054
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS.

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano7,38,68,14,64,6
Média do ano8,19,38,76,15,0
*Projeção UEE/FIERGS.

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações17,314,121,122,619,7
Industriais12,510,414,117,216,1
Importações10,37,611,716,014,6
Balança Comercial6,96,59,46,65,2
*Projeção UEE/FIERGS.

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20192020202120222023*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)35,736,245,743,344,6
*Projeção UEE/FIERGS.

Indicadores Industriais (% a.a.)

20192020202120222023*
Faturamento real3,0-3,18,95,9-3,7
Compras industriais-2,7-5,531,2-0,5-8,9
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)0,7-4,55,7-0,7-3,0
Massa salarial real-0,8-9,05,310,93,9
Emprego0,0-1,96,75,9-0,2
Horas trabalhadas na produção-0,9-5,515,28,4-1,0
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS0,1-4,712,94,1-3,8
*Projeção UEE/FIERGS.

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)2,5-5,59,01,1-3,3
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS.
Informações sobre as atualizações das projeções:
Economia Brasileira: Não houve alterações
Economia Gaúcha: Não houve alterações.
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