Nos meses de abril e maio de 2024, o estado do Rio Grande do Sul foi severamente afetado por intensas chuvas, resultando em inundações súbitas de grande magnitude. Essas enchentes causaram destruição significativa na infraestrutura física e social, comprometendo redes de transporte, ativos e outros elementos essenciais para o bem-estar da sociedade.
A FIERGS, em trabalho coordenado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE), elaborou uma Consulta às Indústrias Gaúchas para melhor compreender os impactos das enchentes ocorridas em abril e maio de 2024. O trabalho contou com o apoio na divulgação por parte da Unidade de Desenvolvimento Sindical (Unisind), dos sindicatos filiados à instituição, do Conselho de Articulação Sindical e Empresarial (Conase), da Gerência Técnica e de Suporte aos Conselhos Temáticos (Getec) e do SESI-RS.
Essa consulta tem como objetivo entender o perfil das empresas mais afetadas, avaliar a extensão e os tipos de prejuízos sofridos por essas indústrias, e captar as perspectivas das empresas para o futuro. Ao coletar e analisar essas informações, a FIERGS busca fornecer uma base sólida para direcionar esforços de recuperação e suporte, garantindo que os recursos e as políticas públicas sejam adequados às necessidades específicas das indústrias do RS. Abaixo são discorridos os principais resultados da consultada.
Características gerais da pesquisa
Entre os dias 23 de maio e 10 de junho, 220 indústrias gaúchas responderam ao questionário elaborado pela FIERGS. A pesquisa não seguiu uma amostragem aleatória, uma vez que o questionário online esteve disponível para todas as empresas interessadas em participar.
Entre os 220 respondentes da pesquisa, 65,5% estão localizados no Vale dos Sinos, na região Metropolitana e na Serra. Sendo que, 55,0% atuam nos setores de Borracha e Plástico, Máquinas e Equipamentos, Alimentos, Couro e Calçados, e Metalurgia. Quanto ao porte, 64,1% das empresas são classificadas como de médio ou grande porte, baseado em seu faturamento. Além disso, 48,6% dos estabelecimentos empregam 100 ou mais funcionários
Impactos das Enchentes
A pesquisa revelou que 81% das indústrias respondentes foram afetadas pelas enchentes de maio de 2024. Destas, 63% sofreram paralisação total ou parcial de suas atividades, com 95% das paralisações durando até 30 dias. A média de suspensão das atividades foi de 14 dias. Mais da metade das empresas com atividades paralisadas (60%) conseguiram retomar as operações dentro de um mês. Dentre as empresas que ficaram fechadas por mais de 15 dias, a maioria tinha um faturamento anual superior a R$ 30 milhões. Além disso, 50% das empresas que reportaram a retomada das atividades em um mês ou mais possuem 100 ou mais funcionários.
Dos 220 respondentes, 174 informaram algum valor de prejuízo, enquanto 51 reportaram prejuízo patrimonial zero. O valor máximo registrado foi de R$ 100 milhões, com uma média geral de R$ 3,1 milhões. Metade das empresas relataram perdas de até R$ 50 mil, e dois terços das respondentes tiveram prejuízos de até R$ 216 mil. As micro e pequenas empresas tiveram um prejuízo médio de R$ 117 mil, enquanto as médias e grandes empresas relataram um prejuízo médio significativamente maior, de R$ 4,5 milhões.
Os principais prejuízos relatados pelas empresas incluem problemas logísticos para escoamento da produção ou recebimento de insumos, questões com pessoal/colaboradores e dificuldades com fornecedores também afetados pelas enchentes. Dentre as respondentes muito afetadas, os danos físicos como as perdas de estoques, máquinas e equipamentos e estabelecimentos foram mais representativos para essa subamostra. Um dado preocupante é que 52% das empresas não possuíam cobertura de seguro contra perdas e danos decorrentes das enchentes. Entre as micro, pequenas e médias empresas, 63,4% estavam sem seguro, enquanto cerca de 70% das grandes empresas estavam seguradas.
Perspectivas para o Futuro
Quanto ao futuro, 64,2% das empresas pretendem permanecer no mesmo local onde estão instaladas, enquanto 20,1% ainda não decidiram o que farão com o negócio. Entre as empresas sem seguro, 16,0% optaram por fechar seus negócios ou mudar de localização, em comparação com 13,0% das empresas seguradas que tomaram decisões semelhantes.
Além disso, 60,0% das empresas planejam alocar recursos para a recuperação dos negócios dentro de um mês. As principais medidas que incentivariam as empresas a retomar suas atividades incluem a melhoria da infraestrutura local, postergação ou anistia de pagamento de tributos, e concessão de crédito subsidiado. As grandes empresas destacaram a necessidade de melhorias na infraestrutura e medidas específicas para prevenir novos alagamentos como ações governamentais prioritárias para retomada das atividades. Por outro lado, as pequenas e médias empresas e as industriais mais afetadas apontaram a necessidade de subsídios financeiros e postergação ou anistia de tributos.
Para aqueles interessados em explorar mais a fundo os resultados e análises deste estudo, disponibilizamos um PDF completo com informações detalhadas e dados complementares. Encorajamos todos os leitores a acessar o documento abaixo para obter uma compreensão mais ampla das conclusões e metodologias aplicadas.
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