A Sondagem Industrial do RS de abril trouxe boas notícias com relação à atividade industrial em abril, em especial, o bom desempenho da produção. Contudo, o cenário positivo não deve permanecer nos próximos meses, pois as expectativas dos empresários com relação à demanda, diante da calamidade climática, voltaram ao terreno negativo.
O índice de produção industrial de abril registrou 52,0 pontos, sendo que valores acima de 50 representam aumento da produção em relação ao mês anterior. Esse foi o terceiro avanço consecutivo, fato que não ocorria desde agosto de 2022, ressaltando que o resultado é ainda mais positivo se considerado que a produção tende a cair no período (média histórica do índice é de 45,5 pontos em abril).
O desempenho positivo da produção não impediu que houvesse uma ligeira redução de postos de trabalho na passagem de março para abril, após dois meses seguidos de expansão. Porém, o índice de emprego, em 49,6 pontos no quarto mês do ano, mostrou que a contração foi menos intensa que a esperada pela média histórica do mês (47,8 pontos). Valores abaixo de 50 pontos indicam queda do emprego frente ao mês anterior.
Volume de Produção no mês
(Em pontos)
Número de empregados no mês
(Em pontos)
Nota: Os dois índices variam de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima (abaixo) de 50 representam crescimento (queda) em relação ao mês anterior. |
O aumento da produção foi acompanhado do aumento da utilização da capacidade instalada (UCI), cujo nível em abril subiu para 71,0%, 1 p.p. a mais do que março e 1,8 p.p. maior do que a média histórica do mês (69,2%).
O índice de UCI em relação à usual, porém, atingiu 44,2 pontos em abril, revelando, abaixo de 50 pontos, que os empresários consideraram o nível de UCI menor que o normal para o mês.
Utilização da capacidade instalada – Grau médio no mês
(Em %)
Utilização da capacidade instalada (UCI) em relação à usual no mês
(Em pontos)
Já os estoques de produtos finais cresceram pelo terceiro mês seguido e continuaram pouco acima do desejado pelas empresas em abril, conforme demonstrado, respectivamente, pelo índice de evolução mensal, em 51,9 pontos, e pelo índice de estoques em relação ao planejado, em 51,6 pontos, ambos acima da marca dos 50 pontos.
índice de evolução mensal dos estoques
(Em pontos)
Índice de estoque efetivo em relação ao planejado
(Em pontos)
Apesar do quadro favorável descrito pelos empresários gaúchos para a atividade industrial no mês abril, todos os índices de expectativas para os próximos seis meses caíram abaixo de 50 pontos em maio, em virtude das fortes enchentes que atingiram o Estado no início do mês, quando as informações foram coletadas pela Sondagem. As perspectivas dos empresários para a demanda passaram de crescimento em abril (54,7 pontos) para queda em maio (49,2 pontos), o mesmo ocorrendo com as exportações (de 50,3 para 48,2 pontos) e com as compras de matérias-primas (de 52,2 para 47,9 pontos). Leituras acima de 50 pontos denotam perspectivas de aumento e, abaixo, de redução. Para o emprego, as expectativas, que já vinham negativas em abril (49,5 pontos), pioraram, com o índice caindo para 46,3 pontos.
Índice de expectativas de demanda
(Em pontos)
Índice de expectativas de emprego
(Em pontos)
Índice de expectativas de compras de matérias-primas
(Em pontos)
Índice de expectativas de exportações
(Em pontos)
Nota: Os índices variam de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima (abaixo) de 50 indicam expectativas de crescimento (queda). |
Com o retorno do pessimismo ao setor, o índice de intenção de investir da indústria gaúcha também recuou: de 52,5 em abril para 50,3 pontos em maio, ficando abaixo da média histórica de 51,4. Nesse caso, o índice também varia de 0 a 100, porém não tem linha divisória dos 50 pontos. Quanto maior o valor, maior e mais disseminada é a disposição entre as empresas. Em maio, 52,2% das empresas estavam dispostas a realizar investimentos nos seis meses seguintes (eram 55,7% em abril).
Intenção de Investir
(Em pontos)
Evolução Mensal da Indústria | ||||
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Indicador | Mar//24 | Abr/24* | Média Histórica | O que representa (mês de referência) |
PRODUÇÃO | 52,3 | 52,0 | 49,2 | Aumento da produção |
NÚMERO DE EMPREGADOS | 51,4 | 49,6 | 48,8 | Queda do emprego |
UTIL. DA CAP. INSTALADA (UCI) – % | 70,0 | 71,0 | 70,1 | Aumento da UCI |
UCI EFETIVA-USUAL | 44,4 | 44,2 | 43,7 | UCI abaixo do nível usual |
EVOLUÇÃO DOS ESTOQUES | 52,7 | 51,9 | 50,6 | Aumento dos estoques |
ESTOQUE EFETIVO-PLANEJADO | 51,5 | 51,6 | 51,7 | Estoques acima do planejado |
Expectativas – Próximos Seis Meses | ||||
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Indicador | Abr/24 | Mai/24* | Média Histórica | O que representa (mês de referência) |
DEMANDA | 54,7 | 49,2 | 55,1 | Expectativa de queda |
NÚMERO DE EMPREGADOS | 49,5 | 46,3 | 50,3 | Expectativa de queda |
COMPRAS DE MATÉRIAS-PRIMAS | 52,2 | 47,9 | 53,4 | Expectativa de queda |
QUANTIDADE EXPORTADA | 50,3 | 48,2 | 52,4 | Expectativa de queda |
INTENÇÃO DE INVESTIR | 52,5 | 50,3 | 51,4 | Intenção de investir menor |
Perfil da Amostra: 161 empresas, sendo 33 pequenas, 60 médias e 68 grandes.
Período de Coleta: 2 a 16/05/2024.
A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com a Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos índices dos grupos de empresas “Pequenas” (entre 10 a 49 empregados), “Médias” (entre 50 e 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a EE/TEM competência 2009. A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções. O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%.
Unidade de Estudos Econômicos
Contatos: (51) 3347-8731 | [email protected]
Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul | https://observatoriodaindustriars.org.br/