A Sondagem Industrial do RS, pesquisa da FIERGS, apontou nova desaceleração da atividade industrial gaúcha em junho, com queda na produção e no emprego e acúmulo de estoques, impactada, sobretudo, pela demanda interna insuficiente, além dos altos níveis de juros e de carga tributária. Por outro lado, a queda dos preços das matérias-primas foi a boa notícia. Para os próximos seis meses, os empresários gaúchos esperam uma melhora na demanda, mas sem geração de emprego, demonstrando ainda disposição moderada de investir.
Evolução Mensal
Indicador | Mai/23 | Jun/23* | Média Histórica | O que representa (mês de referência) |
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PRODUÇÃO | 48,9 | 44,9 | 49,3 | Queda da produção |
NÚMERO DE EMPREGADOS | 47,2 | 46,4 | 48,9 | Queda do emprego |
UTIL. DA CAP. INSTALADA (UCI) – % | 67,0 | 70,0 | 70,1 | Crescimento da UCI |
UCI EFETIVA-USUAL | 41,7 | 40,7 | 43,8 | UCI abaixo do nível usual |
EVOLUÇÃO DOS ESTOQUES | 53,6 | 52,1 | 50,6 | Crescimento dos estoques |
ESTOQUE EFETIVO-PLANEJADO | 52,6 | 53,2 | 51,7 | Estoques acima do nível planejado |
Condição Financeira no Trimestre
Indicador | 1°/23 | 2°/23 | Média Histórica | O que representa (período de referência) |
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MARGEM DE LUCRO OPERACIONAL | 43,6 | 44,1 | 41,9 | Margem de lucro insatisfatória |
PREÇO MÉDIO DAS MATÉRIAS-PRIMAS | 55,9 | 46,7 | 65,1 | Queda dos preços |
SITUAÇÃO FINANCEIRA | 49,7 | 50,1 | 48,0 | Situação financeira satisfatória |
ACESSO AO CRÉDITO | 35,7 | 40,5 | 41,1 | Acesso ao crédito difícil |
Expectativas – Próximos Seis Meses
Indicador | Jun/23 | Jul/23* | Média Histórica | O que representa (mês de referência) |
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DEMANDA | 52,6 | 52,9 | 55,3 | Expectativa de crescimento |
NÚMERO DE EMPREGADOS | 48,0 | 48,6 | 50,3 | Expectativa de queda |
COMPRAS DE MATÉRIAS PRIMAS | 49,1 | 49,4 | 53,5 | Expectativa de queda |
QUANTIDADE EXPORTADA | 49,5 | 49,4 | 52,5 | Expectativa de queda |
INTENÇÃO DE INVESTIR | 51,7 | 51,2 | 51,2 | Menor intenção de investir |
O índice de evolução da produção atingiu 44,9 pontos em junho, na terceira queda consecutiva da produção. Nos últimos dez meses, a produção cresceu (índice acima de 50 pontos) apenas em março de 2023. O valor mostrou também que a queda foi mais intensa que o padrão histórico do mês de junho (média de 47,8 pontos). O emprego caiu pela nona vez seguida, em ritmo também mais intenso que o padrão do mês: o índice do número de empregados foi de 46,4 pontos em junho (média de 47,1). Os dois índices variam de 0 a 100, com linha de corte em 50 pontos, os dados acima desse valor indicam crescimento e abaixo, queda na comparação com o mês anterior.
Volume de Produção no mês
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 representam alta em relação ao mês anterior e abaixo, queda.
Número de empregados no mês
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima de 50 representam alta em relação ao mês anterior e abaixo, queda.
A utilização da capacidade instalada (UCI) divergiu do cenário negativo e cresceu de 67,0% para 70,0%, ficando também acima da média histórica de 68,9% do mês de junho. Os empresários, porém, a consideraram bem abaixo do nível normal para o mês, pois o índice de UCI em relação a usual atingiu 40,7 pontos em junho, um valor bem inferior a 50 (nível usual).
Utilização da capacidade instalada – Grau médio no mês
(Em %)
Utilização da capacidade instalada (UCI) em relação à usual no mês
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam utilização acima (abaixo) do usual do para o mês.
Os estoques de produtos finais continuaram crescendo e acima do nível desejado em junho, apesar da contração sistemática da produção. O índice de evolução de estoques registrou 52,1 pontos e o índice que leva em consideração o nível planejado pelas empresas, 53,2 pontos no mês. Acima dos 50 pontos, mostram, respectivamente, que os estoques cresceram em relação a maio e ficaram em patamar superior ao esperado pelos empresários em junho. A indústria acumula estoques desde setembro de 2021.
Evolução de estoques de produto final no mês
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100 pontos, sendo que valores acima (abaixo) de 50 indicam aumento (queda) dos estoques.
Índice de estoque efetivo em relação ao planejado
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam que os estoques estão acima (abaixo) do planejado no mês.
O bloco da Sondagem de periodicidade trimestral apontou que o empresário gaúcho se mostrava satisfeito com a situação financeira, mas insatisfeito com relação às suas margens de lucro no segundo trimestre de 2023. Os dois índices oscilaram para cima entre o primeiro e o segundo trimestre: o índice de satisfação com a situação financeira, de 49,7 para 50,1, com a margem de lucro, de 43,6 para 44,1.
O acesso ao crédito apresentou uma melhora relativa no segundo trimestre, com aumento do índice em 4,8 pontos em relação ao primeiro, para 40,5 pontos. Apesar disso, o índice segue bem abaixo de 50, indicando que as empresas ainda enfrentam muita dificuldade para acessar o crédito.
Outro elemento que determinou a melhora relativa da situação financeira das empresas foi a redução nos preços das matérias-primas na passagem do primeiro para o segundo trimestre. O índice de preços das matérias-primas registrou 46,7 pontos, pela primeira vez, desde primeiro trimestre de 2012, início da série histórica, o índice ficou abaixo dos 50 pontos.
Índice de satisfação com a situação financeira
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam indicam satisfação (insatisfação) no trimestre.
Índice de satisfação com a margem de lucro
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam indicam satisfação (insatisfação) no trimestre.
Índice de facilidade para acessar o crédito
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos facilidade (dificuldade) para acessar o crédito no trimestre.
Índice de evolução do preço da matéria-prima
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos aumento (queda) de preços no trimestre.
A demanda interna insuficiente, a alta taxa de juros e a elevada carga tributária foram os principais problemas enfrentados pela indústria no segundo trimestre de 2023. As assinalações em relação à demanda perderam força frente ao primeiro trimestre, de 45,5% para 42,7%, enquanto aumentaram as assinalações sobre a carga tributária e os juros, ambos com 34,4% no segundo trimestre, vindos, respectivamente, de 28,6% e de 33,3% do trimestre anterior.
A falta de trabalhador qualificado foi o quarto problema mais importante com 17,7% das assinalações, seguido pela falta de capital de giro (14,6%), que diminuiu 4,5 p.p. em relação ao primeiro trimestre.
Vale destacar, por fim, a aumento de relevância da taxa de câmbio, de 5,8% no primeiro trimestre para 13,0% das respostas no segundo (da 13ª para 8ª posição no ranking) e as quedas da falta ou alto custo da matéria-prima, de 17,5% para 8,9%, o 12º colocado (foi o 1º do terceiro trimestre de 2020 ao terceiro trimestre de 2022), e da competição desleal (informalidade, contrabando, dumping, etc.), de 15,3% para 10,4% no período.
Principais problemas enfrentados no trimestre
(Percentual de respostas)
Trimestre | ||
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1°/2023 | 2°/2023 | |
Demanda interna insuficiente | 45,5% | 42,7% |
Taxas de juros elevadas | 33,3% | 34,4% |
Elevada carga tributária | 28,6% | 34,4% |
Falta ou alto custo de trabalhador qualificado | 17,5% | 17,7% |
Falta de capital de giro | 19,1% | 14,6% |
Demanda externa insuficiente | 13,8% | 13,5% |
Insegurança jurídica | 14,8% | 13,0% |
Taxa de câmbio | 5,8% | 13,0% |
Burocracia excessiva | 13,8% | 12,5% |
Inadimplência dos clientes | 13,8% | 12,0% |
Competição desleal | 15,3% | 10,4% |
Falta ou alto custo da matéria-prima | 17,5% | 8,9% |
Falta de financiamento de longo prazo | 9,5% | 8,9% |
Competição com importados | 5,3% | 7,8% |
Nenhum | 3,2% | 6,3% |
Falta ou alto custo de energia | 3,7% | 4,2% |
Dificuldade na logística de transporte | 4,8% | 3,7% |
Outros | 2,7% | 2,6% |
Os índices de expectativas oscilaram para cima de junho para julho, porém, os empresários projetam crescimento (bem moderado) apenas para a demanda: o índice cresceu de 52,6 para 52,9 pontos no período. O emprego (de 48,0 para 48,6 pontos), as compras de matérias-primas (de 49,1 para 49,4 pontos) e as exportações (de 49,5 para 49,4 pontos) seguem projetando pequenas quedas. Os índices variam de 0 a 100 pontos, sendo que resultados abaixo de 50 pontos indicam expectativas de queda nos próximos seis meses, e acima desse valor, crescimento.
Índice de expectativas de demanda
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda)
Índice de expectativas de emprego
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda).
Índice de expectativas de compras de matérias-primas
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda).
Índice de expectativas de exportações
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Valores acima (abaixo) de 50 pontos indicam expectativas de crescimento (queda).
Por fim, a Sondagem mostrou que a disposição de investir da indústria gaúcha pouco se alterou no início do segundo semestre, com a redução do índice de intenção de investimentos de 51,7 de junho para 51,2 pontos em julho, um patamar moderado (mesmo valor da média histórica). Quanto menor o índice, que varia de 0 a 100 pontos, menor é a propensão para o investimento. Em julho, 53,4% das empresas demonstravam intenção de investir nos próximos seis meses e 46,6%, não.
Intenção de Investir
(Em pontos)
Fonte: UEE/FIERGS. O índice varia de 0 a 100. Quanto maior o índice, maior a propensão a investir.
Perfil da Amostra: 192 empresas, sendo 45 pequenas, 60 médias e 87 grandes.
Período de Coleta: 03 a 11/07/2023.
A Sondagem Industrial do RS é elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos (FIERGS) em conjunto com Unidade de Política Econômica da CNI. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas frequências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos índices dos grupos de empresas “Pequenas” (entre 10 a 49 empregados), “Médias” (entre 50 e 249 empregados) e “Grandes” (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a EE/TEM competência 2009. A metodologia de geração das amostras é a Amostragem Probabilística de Proporções. O tamanho da amostra do RS baseou-se no critério de porte das empresas com margem de erro de 10% e Nível de confiança de 90%.
Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul
Unidade de Estudos Econômicos
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