Atividade industrial gaúcha ficou estável em fevereiro.

Segundo a pesquisa Indicadores Industriais do RS, realizada mensalmente pela FIERGS, o Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI/RS) ficou estável em fevereiro (+0,1%) na comparação ajustada sazonalmente com janeiro. Nos últimos seis meses, a tendência do índice é claramente declinante: além da estabilidade desse mês, foram quatro quedas e uma alta na margem. Apesar disso, o índice segue bem acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020): +8,4%.

O IDI/RS, um termômetro do nível de atividade, é formado por seis indicadores. A estabilidade em fevereiro repercutiu os resultados díspares, com avanços no faturamento real (+2,1%), nas horas trabalhadas na produção (+1,9%) e na utilização da capacidade instalada (+0,3 p.p.), de 79,3% para 79,6%, quedas nas compras industriais (-3,1%) e na massa salarial real (-1,7%) e estabilidade no emprego, após quatro quedas seguidas.

Nas comparações interanuais, o IDI/RS recuou 1,2% ante fevereiro de 2022, a segunda queda seguida, depois de 28 meses consecutivos de avanços nessa métrica, o que desacelerou a taxa negativa para 1,7% no acumulado do primeiro bimestre de 2023 (-2,3% em janeiro) relativamente ao período equivalente do ano passado.

A abertura por componentes mostrou que a queda do índice de atividade nos dois primeiros meses do ano repercutiu a intensa redução das compras industriais (-11,8%), e, em menor medida, os recuos do faturamento real (-2,0%) e da UCI (-2,2 p.p.) na comparação com o mesmo período de 2022. Por outro lado, as horas trabalhadas na produção (+1,4%), o emprego (+1,9%) e a massa salarial real (+13,9%) cresceram.

A atividade industrial gaúcha iniciou o ano com perdas disseminadas entre os setores: 10 dos 16 setores pesquisados, quando comparados os primeiros bimestres de 2023 e de 2022. Os impactos mais importantes vieram, do lado negativo, de Produtos de metal (-8,4%), Metalurgia (-20,6%) e Veículos automotores (-2,0%), e, do lado positivo, de Alimentos (+6,3%) e Couros e calçados (+4,8%).

Os Indicadores Industriais mostraram que a atividade industrial gaúcha acomodou em fevereiro, mantendo a trajetória claramente declinante desde setembro último.

O cenário econômico segue muito adverso – elevados níveis de incerteza e de juros, desaceleração econômica e queda da demanda doméstica e externa – e, portanto, a perspectiva de curto prazo para o setor, em linha com o nível de confiança do industrial, é de um desempenho bastante modesto e volátil nos próximos meses. O carregamento estatístico de fevereiro para o resto do ano do IDI/RS é negativo: -2,8%. Ou seja, se ficar estável até dezembro na margem, o índice deve cair 2,8% em 2023.

Somente uma agenda fiscal crível para equilibrar as contas públicas pode diminuir a incerteza e os juros e mudar esse quadro.

Indicadores Industriais do Rio Grande do Sul

(Fevereiro de 2023)

Variação %
Mês anterior*Mês ano anteriorAc. ano
Índice de desempenho industrial0,1-1,2-1,7
Faturamento real2,12,2-2,0
Horas tralhadas na produção1,91,31,4
Emprego0,01,61,9
Massa salarial real-1,710,113,9
UCI (em p.p.)0,3-2,3-2,2
Compras industriais-3,1-11,5-11,8
Fonte: UEE/FIERGS*Série dessazonalizada

Índice de Desempenho Industrial* – RS

(Índice base fixa mensal: 2006=100)

Fonte: UEE/FIERGS

Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS – Setorial

(Variação jan-fev 2023/22 – %)

Fonte: UEE/FIERGS

Embora o Real tenha se valorizado, o incentivo a exportar aumentou

As exportações da Indústria de Transformação gaúcha são bastante diversas. A receita dessas exportações é função de dois componentes distintos, a saber: preço médio dos produtos exportados e o quantum de produto. Os preços são computados por meio de métodos de agregação de cada um dos produtos exportados por cada setor. Embora pareça bastante óbvio que o aumento da taxa de câmbio seja benéfico para as exportações, visto aumentar-se o preço em reais que o produtor receberá, bem como aumentar o grau de competitividade de nossos produtos no mercado externo, o efeito da variação da taxa tem efeito duplo dependendo da situação. Abaixo discutem-se esses efeitos, assim como o efeito sobre o incentivo a exportar da Indústria de Transformação do RS.

Dado que todos os produtores que exportam têm suas receitas atreladas à taxa de câmbio, o que os diferencia é quanto à estrutura de custos de produção. Isso posto, há dois casos extremos e um intermediário. No primeiro caso extremo, o produtor tem seus custos independentes dos preços dos produtos importados, ou seja, aumentos na taxa de câmbio aumentam suas receitas sem aumentar seus custos; sua margem de lucro, portanto, é crescente com a taxa de câmbio. No segundo caso extremo, os custos são inteiramente dependentes de produtos importados, nesse caso aumentos da taxa de câmbio aumentam suas receitas na mesma proporção que aumentam os seus custos; logo, a margem de lucro é independente do câmbio. No último caso, o mais provável, a estrutura de custos é composta por um mix de insumos nacionais e internacionais, nesse caso a margem de lucro será mais ou menos sensível ao Dólar dependendo do peso que os produtos importados têm na estrutura de custos da empresa. Em suma: embora o preço dos produtos exportados tenha papel primordial na determinação do incentivo a exportar, a estrutura de custos determinará a intensidade desse incentivo. 

Chama-se de Rentabilidade das Exportações (RE) a razão entre os preços dos produtos exportados com relação aos custos. Esse índice leva em consideração a estrutura de custos típica de cada setor. Quanto maior for a RE, maior será o incentivo para exportar.

Comparando-se o acumulado de janeiro a fevereiro com relação ao mesmo período do ano passado, verificou-se que a Indústria de Transformação gaúcha apresentou avanço de 5,1% na receita. E, embora o Real tenha se valorizado no período, isto é, o Dólar caiu 3,3%, o incentivo a exportar da Indústria de Transformação gaúcha apresentou avanço de 16,9%. O aumento do incentivo foi influenciado principalmente pelo avanço dos preços médios, dado que os custos típicos da Indústria de Transformação avançaram em ritmo menor, permitindo uma maior margem. Cabe mencionar que foi utilizado o Índice de Preços ao Produtor da Indústria de Transformação, calculado pelo IBGE, como proxy para a variação dos custos.

Quantum exportado próximo a ponto de inflexão?

Com o intuito de se verificar a dinâmica dos preços dos produtos exportados, utilizou-se métodos de agregação para se computar o preço médio das exportações, assim como um índice de quantum.

A receita das exportações sofre influência de dois componentes principais: preços e quantidades. Se, por um lado, o aumento dos preços dos produtos que exportamos é benéfico, por outro, aumentos nos preços de bens importados tendem a aumentar nossos custos. A relação entre os preços das mercadorias exportadas e importadas é chamada de Termo de Troca (TT).

Comparando-se o acumulado de 12 meses de fevereiro, com relação ao mesmo período do ano passado, verifica-se que houve um aumento de 18,2% na receita das exportações da Indústria de Transformação gaúcha. Desse aumento, os preços das mercadorias exportadas, em média, sofreram crescimento de 17,1%, enquanto o quantum exportado apresentou avanço de somente 1,2%; a média móvel, todavia, tem apresentado valores cada vez menores nos últimos meses. O acréscimo na receita, portanto, está sendo mais influenciado pelo avanço dos preços dos produtos do que pelo maior embarque de bens. Adicionalmente, comparando-se os preços médios das mercadorias exportadas, pela Indústria de Transformação gaúcha, com os das importadas, pode-se verificar que, nos últimos 12 meses, houve avanço de 8,0% nos Termos de Troca; os preços das exportações, portanto, avançaram mais do que o preço das importações no período, embora esteja em nível estável. O quantum, por outro lado, tenderá a cair conforme o desaquecimento do mercado externo persistir. Embora ainda esteja em campo positivo sua trajetória parece já apontar para baixo. 

Receita, preços, quantum e TT*

(Média de 12 meses | Índice de base fixa jan/20=100)

Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: UEE/FIERGS. *TT = Termo de Troca

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Produto Interno Bruto1

20192020202120222023*
Agropecuária0,44,20,3-1,73,0
Indústria-0,7-3,04,81,61,0
Serviços1,5-3,75,24,20,8
TOTAL1,2-3,35,02,91,0
1O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$7,3897,6108,8999,91510,576
Em US$21,8731,4761,6491,9202,015
2Taxa de câmbio média anual utilizada para o cálculo e IPCA utilizado como inflação. *Projeção UEE/FIERGS

Inflação (% a.a.)

20192020202120222023*
IGP-M 7,323,117,85,54,7
INPC4,55,410,25,95,7
IPCA4,34,510,15,85,6
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Extrativa Mineral-9,7-3,41,0-3,2-0,1
Transformação0,2-4,64,3-0,41,2
Indústria Total3-1,1-4,53,9-0,71,1
3Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária13371466515
Indústria97149722446129
Indústria de Transformação134844021763
Construção719724519458
Extrativa e SIUP413337358
Serviços534-3781.9091.527406
TOTAL644-1932.7772.038550
4SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano11,114,211,17,98,5
Média do ano12,013,813,29,38,8
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações221,1209,2280,8334,5276,0
Importações185,9158,8219,4272,7220,0
Balança Comercial35,250,461,461,856,0
*Projeção UEE/FIERGS

Moeda e Juros

20192020202120222023*
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.)4,502,009,2513,7513,75
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)54,028,97,4-6,52,5
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$)4,035,205,585,225,35
5Variação em relação ao final do período anterior. *Projeção UEE/FIERGS

Setor Público (% do PIB)

20192020202120222023*
Resultado Primário-0,8-9,40,81,3-1,4
Juros Nominais-5,0-4,2-5,2-6,0-6,6
Resultado Nominal-5,8-13,6-4,4-4,7-8,0
Dívida Líquida do Setor Público54,762,557,357,561,0
Dívida Bruta do Governo Geral74,488,680,373,579,9
*Projeção UEE/FIERGS

DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA

Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6

20192020202120222023*
Agropecuária3,0-29,560,2-45,638,7
Indústria0,2-6,111,22,21,2
Serviços0,8-5,04,13,71,5
TOTAL1,1-7,210,65,15,0
6O PIB Total é projetado a preços de mercado; os PIBs Setoriais são projetados a valor adicionado. *Projeção UEE/FIERGS

Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)

20192020202120222023*
Em R$482,464470,942584,602594,968659,929
Em US$2122,28291,317108,362115,195125,299
*Projeção UEE/FIERGS

Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)

20192020202120222023*
Agropecuária01441
Indústria-60482912
Indústria de Transformação-20432210
Construção-40573
Extrativa e SIUP700-110
Serviços26-43906824
TOTAL20-4314110138
7SIUP = Serviços Industriais de Utilidade Pública. *Projeção UEE/FIERGS

Taxa de desemprego (%)

20192020202120222023*
Fim do ano7,38,68,14,66,0
Média do ano8,19,38,76,16,2
*Projeção UEE/FIERGS

Setor Externo (US$ bilhões)

20192020202120222023*
Exportações17,314,121,122,418,7
Industriais12,510,414,117,216,1
Importações10,37,611,716,013,5
Balança Comercial6,96,59,46,45,2
*Projeção UEE/FIERGS

Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)

20192020202120222023*
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)35,736,245,743,345,0
*Projeção UEE/FIERGS

Indicadores Industriais (% a.a.)

20192020202120222023*
Faturamento real3,0-3,18,96,13,4
Compras industriais-2,7-5,531,22,72,1
Utilização da capacidade instalada (em p.p.)0,7-4,55,6-1,10,7
Massa salarial real-0,8-9,05,310,83,3
Emprego0,0-1,96,75,91,6
Horas trabalhadas na produção-0,9-5,515,28,32,5
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS0,1-4,712,94,72,1
*Projeção UEE/FIERGS

Produção Física Industrial (% a.a.)

20192020202120222023*
Produção Física Industrial8 (% a.a.)2,5-5,59,01,11,4
8Não considera a Construção Civil e o SIUP. *Projeção UEE/FIERGS

Informações sobre as atualizações das projeções:

Economia Brasileira: Não houve alterações

Economia Gaúcha: Não houve alterações.

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Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul

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