O PIB do Brasil cresceu 1,2% no segundo trimestre de 2022 em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o quarto trimestre consecutivo de alta. Cabe mencionar que as altas dos dois trimestres anteriores foram revisadas para cima (4ºT/21: de +0,7% para +0,8%; 1ºT/22: de +1,0% para +1,1%). Com isso, a atividade econômica do País está 3,0% acima do patamar pré-pandemia (4ºT/19). Além disso, a economia brasileira voltou ano nível de final de 2014 e está apenas 0,8% abaixo do pico da série histórica (4ºT/14).
Os Serviços puxaram o crescimento com avanço de 4,5% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, com os melhores resultados vindos de Outras atividades de serviços (+13,6%), onde estão computados os serviços presenciais, que estavam represados durante a pandemia, como os restaurantes e hotéis, por exemplo. Em sentido contrário, houve retração na Agropecuária (-2,5%) que foi afetada pelas quedas nas safras de soja (-12,0%) e arroz (-8,5%). Por outro lado, houve aumento no milho (+27,0%) e café (+8,6%), bem como uma contribuição positiva da pecuária, com destaque para os bovinos.
De maneira geral, os resultados do PIB do segundo trimestre vieram em linha com a expectativas positivas que construímos após a divulgação dos dados do primeiro trimestre. O bom desempenho da economia decorreu principalmente da melhora nas condições de renda da população, seja pela continuidade na geração de postos de trabalho – com maior participação de empregos formais – e pelo aumento da renda disponível via redução de impostos federais de alguns produtos (IPI, PIS/PASEP e Cofins), bem como pelas medidas extraordinárias do Governo Federal (Saque Extraordinário do FGTS e adiantamento do 13° salário para aposentados e pensionistas do INSS).
Para o próximo trimestre ainda esperamos um resultado positivo, pela continuidade da melhora do mercado de trabalho, redução de impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, bem como pelos auxílios aprovados recentemente (aumento temporário do Auxílio Brasil para R$ 600, aumento do vale-gás, auxílio para caminhoneiros e taxistas). Entre os fatores que podem pesar negativamente, podemos citar: 1) a incerteza trazida pelas eleições pode adiar investimentos; 2) a taxa de juros em patamar elevado e seus efeitos defasados sobre a economia; e 3) o cenário internacional mais adverso, com economias em desaceleração e juros em alta. Contudo, esses fatores devem impactar mais significativamente o crescimento do quarto trimestre.
Levando tudo isso em conta, atualizamos nossa projeção de PIB para o final de 2022 de 2,0% para 2,8%, o que é compatível com uma alta na margem de 0,5% no terceiro trimestre e queda de 0,3% no quarto trimestre.
PIB da Indústria ainda com dificuldades de superar a década perdida
O PIB da Indústria no segundo trimestre de 2022 avançou 1,9% na comparação com o mesmo período de 2021. O maior crescimento foi em Energia e saneamento (+10,8%), influenciado pelo desligamento das usinas térmicas e maior utilização de energias renováveis, que são mais baratas. A Construção (+9,9%) também teve forte alta, corroborada pelo aumento do número de pessoas ocupadas no setor, e a Indústria de transformação (+0,5%) cresceu após três trimestres de queda, em especial pelo avanço na produção de Derivados do petróleo, Couros e calçados e Químicos. Por fim, a Indústria extrativa recuou 4,0%, com as reduções na extração de minérios ferrosos, petróleo e gás.
Se podemos comemorar que o PIB brasileiro se aproxima do seu pico histórico, esse não é o caso da indústria, que está 10,5% abaixo do pico alcançado em 2013. Sendo que a Transformação e a Construção permanecem abaixo do nível registrado em 2010.
Ambos segmentos já retomaram o nível pré-pandemia, mas ainda não recuperaram as perdas provocadas pela crise de 2015 e 2016. A má gestão das finanças públicas e a tentativa de realizar um experimento heterodoxo com a economia brasileira foi muito pior do que uma pandemia em termos de custos econômicos.
Depois de crescer 4,5% em 2021, esperamos que a indústria avance 1,0% em 2022, tendo como principais destaques as Indústrias Extrativa e da Construção.
PIB Brasil: Total, Indústria de Transformação e Construção
(2014/IV = 100 | Dessazonalizado)
Atividade industrial gaúcha iniciou o segundo semestre em expansão
O emprego industrial cresceu pelo 26º mês seguido em julho.
O Índice de Desempenho Industrial (IDI/RS) cresceu 2,5% em julho comparativamente a junho, feito o ajuste sazonal, de acordo com a pesquisa Indicadores Industriais do RS da FIERGS. Foi a segunda alta seguida e a maior taxa desde dezembro de 2020, o que levou o índice de atividade do setor ao nível mais elevado desde outubro de 2014, 12,1% acima de fevereiro de 2020 (pré-pandemia).
Com comportamentos distintos das seis variáveis que o integram, o desempenho bastante positivo do índice no mês foi creditado às compras industriais (+9,3%), que têm mostrado – e levado ao IDI/RS – muita volatilidade em função das dificuldades que o setor tem enfrentado na cadeia de suprimentos. A massa salarial real (+2,2%) e o emprego (+0,6%), que registrou o 26º avanço seguido, também cresceram, enquanto o faturamento real (-0,9%), as horas trabalhadas na produção (-0,4%) e a utilização da capacidade instalada-UCI (-0,5 p.p.), com grau médio de 80,4%, caíram.
Em bases anuais, o IDI/RS registrou, em julho de 2022, o 23º crescimento seguido na comparação com o mesmo mês do ano anterior: 5,3%. No acumulado de janeiro a julho, o nível de atividade foi 4,5% maior que no mesmo período de 2021, com cinco dos seis componentes mostrando crescimento: horas trabalhadas na produção (+8,6%), massa salarial real (+7,8%), emprego (+6,5%), compras industriais (+4,6%) e faturamento real (+4,0%). Apenas a UCI registrou queda (-1,1 p.p.).
Setorialmente, o quadro é heterogêneo no acumulado do ano até julho. Entre os dezesseis setores da indústria gaúcha analisados, nove mostraram resultados positivos. Os crescimentos do nível de atividade de Couros e calçados (+13,2%), Veículos automotores (+14,8%), Máquinas e equipamentos (+10,0%) e Tabaco (+19,5%) são os destaques pelas contribuições dadas à indústria como um todo. O lado negativo mostrou as quedas de Produtos de metal (-3,3%), Móveis (-6,3%) e Metalurgia (-11,0%) como as mais importantes.
Os resultados dos Indicadores Industriais do RS de julho mostraram o desempenho negativo das variáveis mais diretamente relacionadas à produção, sugerindo, a despeito da segunda alta seguida do IDI/RS na margem, a continuidade do movimento oscilatório que vem marcando o comportamento do setor ao longo do ano. De fato, os entraves nas cadeias de suprimentos, em grande medida, tornaram mais volátil a série de dados da atividade industrial no estado, num cenário que combina inflação e juros elevados com medidas de estímulos à demanda, aumento das exportações de manufaturados e bom desempenho do agronegócio brasileiro.
A perspectiva para os próximos meses é de manutenção desse quadro, mas com maiores restrições em função dos efeitos defasados da política monetária e o aumento da incerteza com as eleições.
Indicadores Industriais do Rio Grande do Sul
(Julho de 2022)
Variação % | |||
---|---|---|---|
Mês anterior* | Mês ano anterior | Ac. ano | |
Índice de desempenho industrial | 2,5 | 5,3 | 4,5 |
Faturamento real | -0,9 | 5,3 | 4,0 |
Horas trabalhadas na produção | -0,4 | 7,9 | 8,6 |
Emprego | 0,6 | 7,3 | 6,5 |
Massa salarial real | 2,2 | 13,8 | 7,8 |
UCI (em p.p) | -0,5 | -3,7 | -1,1 |
Compras Industriais | 9,3 | 8,8 | 4,6 |
Índices de Desempenho Industrial – RS
(Índice base fixa mensal: 2006=100*)
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS – Setorial
(Variação jan-jul 2022/21 – %)
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
Produto Interno Bruto1
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 1,3 | 0,4 | 3,8 | -0,2 | 1,3 |
Indústria | 0,7 | -0,7 | -3,4 | 4,5 | 1,0 |
Serviços | 2,1 | 1,5 | -4,3 | 4,7 | 3,6 |
TOTAL | 1,8 | 1,2 | -3,9 | 4,6 | 2,8 |
Produto Interno Bruto Real (Em trilhões correntes)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 7,004 | 7,389 | 7,468 | 8,679 | 9,536 |
Em US$2 | 1,916 | 1,873 | 1,448 | 1,609 | 1,847 |
Inflação (% a.a.)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
IGP-M | 7,6 | 7,3 | 23,1 | 17,8 | 13,0 |
INPC | 3,4 | 4,5 | 5,4 | 10,2 | 7,0 |
IPCA | 3,7 | 4,3 | 4,5 | 10,1 | 6,9 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Extrativa Mineral | 0,0 | -9,7 | -3,4 | 1,1 | 1,2 |
Transformação | 1,1 | 0,2 | -4,6 | 4,3 | 1,9 |
Indústria Total3 | 1,0 | -1,1 | -4,5 | 3,9 | 1,5 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | 2,2 | 13,0 | 36,5 | 146,1 | 61,0 |
Indústria | 23,9 | 97,2 | 148,7 | 721,2 | 478,9 |
Indústria de Transformação | 1,2 | 13,2 | 48,0 | 439,7 | 256,3 |
Construção | 11,4 | 70,7 | 97,3 | 245,0 | 194,6 |
Extrativa e SIUP4 | 11,2 | 13,3 | 3,5 | 36,5 | 28,0 |
Serviços | 520,2 | 533,8 | -378,0 | 1.904,4 | 1.527,2 |
TOTAL | 546,4 | 644,1 | -192,7 | 2.771,6 | 2.067,1 |
Taxa de desemprego (%)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 11,7 | 11,1 | 14,2 | 11,1 | 8,0 |
Média do ano | 12,4 | 12,0 | 13,8 | 13,2 | 9,3 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 231,9 | 221,1 | 209,2 | 280,4 | 295,9 |
Importações | 185,3 | 185,9 | 158,8 | 219,4 | 226,4 |
Balança Comercial | 46,6 | 35,2 | 50,4 | 61,0 | 69,5 |
Moeda e Juros
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Meta da taxa Selic – Fim do ano (% a.a.) | 6,50 | 4,50 | 2,00 | 9,25 | 13,75 |
Taxa de Câmbio – Desvalorização (%)5 | 17,1 | 4,0 | 28,9 | 7,4 | -7,7 |
Taxa de Câmbio – Final do período (R$/US$) | 3,85 | 4,03 | 5,20 | 5,58 | 5,15 |
Setor Público (% do PIB)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Resultado Primário | -1,6 | -0,8 | -9,4 | 0,8 | -1,0 |
Juros Nominais | -5,4 | -5,0 | -4,2 | -5,2 | -6,5 |
Resultado Nominal | -7,0 | -5,8 | -13,6 | -4,4 | -7,5 |
Dívida Líquida do Setor Público | 52,8 | 54,7 | 62,5 | 57,3 | 62,3 |
Dívida Bruta do Governo Geral | 75,3 | 74,4 | 88,6 | 80,3 | 83,1 |
DADOS E PROJEÇÕES PARA A ECONOMIA GAÚCHA
Produto Interno Bruto Real (% a.a.)6
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | -7,1 | 3,0 | -29,5 | 67,5 | -40,0 |
Indústria | 2,8 | 0,2 | -5,6 | 9,7 | -1,4 |
Serviços | 2,6 | 0,8 | -4,6 | 4,1 | 0,5 |
TOTAL | 2,0 | 1,1 | -6,8 | 10,4 | -4,0 |
Produto Interno Bruto Real (Em bilhões correntes)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Em R$ | 457,294 | 482,464 | 480,173 | 582,968 | 599,384 |
Em US$2 | 125,108 | 122,282 | 93,107 | 108,059 | 114,249 |
Empregos Gerados – Mercado Formal (Mil vínculos)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária | -1,4 | -0,1 | 0,5 | 3,7 | 1,9 |
Indústria | 1,5 | -5,5 | -0,2 | 47,5 | 34,7 |
Indústria de Transformação | 0,9 | -1,5 | 0,1 | 42,9 | 27,7 |
Construção | 0,9 | -4,0 | -0,3 | 5,3 | 7,5 |
Extrativa e SIUP7 | -0,2 | 0,0 | 0,0 | -0,6 | -0,5 |
Serviços | 20,4 | 26,0 | -42,9 | 89,7 | 67,2 |
TOTAL | 20,5 | 20,4 | -42,6 | 141,0 | 103,8 |
Taxa de desemprego (%)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Fim do ano | 7,5 | 7,3 | 8,6 | 8,1 | 5,7 |
Média do ano | 8,2 | 8,1 | 9,3 | 8,7 | 6,3 |
Setor Externo (US$ bilhões)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Exportações | 21,0 | 17,3 | 14,1 | 21,1 | 22,4 |
Industriais | 15,1 | 12,5 | 10,5 | 14,1 | 15,1 |
Importações | 11,3 | 10,3 | 7,6 | 11,7 | 12,8 |
Balança Comercial | 9,8 | 6,9 | 6,5 | 9,4 | 9,6 |
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Arrecadação de ICMS (R$ bilhões) | 34,8 | 35,7 | 36,2 | 45,7 | 49,5 |
Indicadores Industriais (% a.a.)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Faturamento real | 2,7 | 3,0 | -3,1 | 8,7 | 1,6 |
Compras industriais | 10,0 | -2,7 | -5,5 | 31,0 | 4,2 |
Utilização da capacidade instalada (em p.p.) | 1,6 | 0,7 | -4,6 | 5,7 | 0,3 |
Massa salarial real | -1,3 | -0,8 | -9,3 | 4,6 | 0,4 |
Emprego | 0,9 | 0,0 | -1,9 | 6,7 | 1,4 |
Horas trabalhadas na produção | 0,0 | -1,0 | -5,7 | 15,1 | 3,3 |
Índice de Desempenho Industrial – IDI/RS | 2,6 | 0,1 | -4,8 | 12,8 | 1,7 |
Produção Física Industrial (% a.a.)
2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022* | |
---|---|---|---|---|---|
Produção Física Industrial8 (% a.a.) | 5,9 | 2,5 | -5,5 | 8,8 | 1,0 |
Informações sobre as atualizações das projeções:
No cenário nacional foram atualizadas as projeções para o PIB.
Observatório da Indústria do Rio Grande do Sul
Unidade de Estudos Econômicos