Nos primeiros seis meses de 2024, a Indústria de Transformação gaúcha apresentou US$ 7,4 bilhões com exportações, retração nominal de US$ 892,0 milhões (-10,8%) em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o levantamento realizado, o movimento foi mais influenciado pela dinâmica das quantidades exportadas (-8,2%) do que dos preços médios de venda (-2,7%). Nesse período, 12 dos 23 segmentos que compõem a Indústria de Transformação apresentaram decréscimo em suas vendas quando comparados ao primeiro semestre de 2023.
É importante destacar que, comparando o resultado do acumulado nos primeiros seis meses com a média do período nos últimos 3 anos, houve uma queda de US$ 370,0 milhões (-4,8%). Com um cenário internacional mostrando-se menos aquecido, resultado de políticas monetárias mais contracionistas para conter o avanço da inflação, as exportações da Indústria de Transformação têm apresentado trajetória decrescente. Isto é, embora o efeito das enchentes tenha atingido os últimos dois meses do primeiro semestre, esse movimento serviu para aprofundar a tendência observada.
Exportações da Indústria de Transformação – RS – Primeiro semestre
(Em bilhões de US$)
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: UEE/FIERGS. Nota: Calculou-se a média do acumulado do primeiro semestre nos últimos 3 anos (2021, 2022 e 2023), sem considerar os dados referentes aos primeiros seis meses de 2024.
Vale mencionar que o ciclo de produção é diferente para cada tipo de mercadoria, com a produção de ciclo mais curto respondendo rapidamente aos choques e a de ciclos longos com defasagens variadas. Os dados apresentados, portanto, podem não refletir diretamente o efeito total do choque. Continuaremos a ver, nos próximos meses, as demais ondas do efeito da enxurrada até que a malha produtiva apresente estabilização completa.
O resultado semestral de Alimentos (US$ 2,4 bilhões | -US$ 583,3 milhões | -19,7%) foi influenciado principalmente por uma menor quantidade (-17,3%) de mercadorias enviadas ao mercado externo, visto que preços apresentaram retração de 3,0%. Quanto aos ramos de produção, Óleos vegetais em bruto (US$ 811,5 milhões | -US$ 398,2 milhões) embarcou suas mercadorias principalmente para a Coreia do Sul (US$ 18,7 milhões | +US$ 88,6 milhões), o Abate de aves (US$ 647,8 milhões | -US$ 131,5 milhões) teve seus produtos comprados majoritariamente pelos Emirados Árabes Unidos (US$ 95,4 milhões | +US$ 17,5 milhões) e, por fim, o Abate de suínos (US$ 262,9 milhões | -US$ 57,7 milhões) enviou a maior parte de sua produção para a China (US$ 106,3 milhões | -US$ 106,2 milhões). Destaca-se que o resultado semestral do segmento ficou US$ 330,0 milhões abaixo de sua média de 3 anos.
Em segundo lugar, o segmento de Tabaco apresentou US$ 1,1 bilhão em exportações no primeiro semestre. A movimentação foi positiva visto o incremento de US$ 66,0 milhões nas receitas (+6,2%), explicada mais pelo melhor poder de barganha dos exportadores do segmento, visto que preços médios avançaram 18,2% e o quantum caiu 10,1%. O Processamento industrial do tabaco (US$ 1,1 bilhão | +US$ 72,3 milhões) foi o principal destaque, com produtos embarcados principalmente para a China (US$ 294,5 milhões | +US$ 59,7 milhões). O resultado semestral ficou US$ 281,2 milhões acima da média de 3 anos para os primeiros seis meses do ano.
O terceiro segmento com maior receita com exportações nos primeiros seis meses de 2024, Químicos, apresentou faturamento de US$ 615,3 milhões (+US$ 3,7 milhões | +0,6%). O desempenho dos preços médios (-15,9%) e do quantum (+17,5%) apontam para um cenário de oferta mais expansiva. Desse segmento, destacou-se o ramo de Resinas termoplásticas (US$ 352,6 milhões | +US$ 22,1 milhões) cujos principais embarques foram para a Bélgica (US$ 60,0 milhões | +US$ 7,5 milhões). O resultado semestral ficou US$ 132,7 milhões abaixo de sua média de 3 anos.
Vale destacar também, na comparação do primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado, os resultados negativos de Couro e calçados (US$ 449,7 milhões | -US$ 13,7 milhões | -3,0%), de Máquinas e equipamentos (US$ 448,7 milhões | -US$ 182,0 milhões | -28,9%) e de Veículos automotores (US$ 403,4 milhões | -US$ 138,2 milhões | 25,5%), todos impactados pelas chuvas intensas que atingiram o estado gaúcho em maio.
O Rio Grande do Sul importou US$ 5,9 bilhões em mercadorias estrangeiras nos primeiros seis meses de 2024, retração de US$ 1,0 bilhão frente ao mesmo período de 2023 (-14,8%). Dada a complementaridade da estrutura produtiva do Rio Grande do Sul com o mercado externo, a menor demanda gaúcha por Bens intermediários (US$ 3,3 bilhões | -US$ 459,5 milhões | -12,3%) e por Bens de capital (US$ 1,1 bilhão | -US$ 88,0 milhões | -7,6%) sinaliza um mercado interno menos aquecido, visto o menor consumo, por parte da indústria do RS, de insumos e de maquinário utilizados diretamente no processo produtivo. A maior parte dos produtos importados pelo estado foram os pertencentes ao segmento de Químicos (US$ 1,3 bilhão | -US$ 197,4 milhões | -13,6%), principalmente aqueles relacionados aos Intermediários para fertilizantes (US$ 400,6 milhões | -US$ 82,2 milhões), adquiridos majoritariamente do Marrocos (US$ 144,4 milhões | -US$ 0,3 milhão) e da Arábia Saudita (US$ 88,0 milhões | -US$ 48,3 milhões).
RESULTADOS DE JUNHO DE 2024
Em junho de 2024, o Rio Grande do Sul exportou US$ 1,2 bilhão em produtos da Indústria de Transformação, uma queda nominal de US$ 121,7 milhões (-9,1%) frente ao mesmo período de 2023. O resultado mensal foi puxado tanto por menores preços médios (-5,4%) quanto por uma diminuição nas quantidades (-3,9%). No período, somente 9 segmentos apresentaram aumento em suas receitas com exportações. Alimentos (US$ 425,7 milhões | -US$ 72,7 milhões | -14,6%) teve o maior faturamento em junho de 2024, tendo seu resultado influenciado mais pela retração nas quantidades exportadas (-17,3%) do que pelos preços médios (+3,3%), em linha com uma contração na curva de oferta. Tabaco, em segundo lugar, apresentou resultado de US$ 201,8 milhões, queda de US$ 7,4 milhões (-3,5%) frente ao mesmo período de 2023. Enquanto os preços médios apresentaram avanço de 25,0%, a quantidade exportada apresentou redução de 22,8%, sinalizando uma queda na curva de oferta.
Por fim, o RS importou US$ 1,1 bilhão em mercadorias estrangeiras em junho de 2024, um incremento de US$ 142,9 milhões (+15,1%) ante junho de 2023. A maior parte dos produtos comprados foram os pertencentes ao segmento de Químicos (US$ 282,0 milhões | +US$ 45,8 milhões | +19,4%), o principal ramo foi o de Intermediários para fertilizantes (US$ 93,0 milhões | +US$ 17,0 milhões).
Anexo Estatístico
Exportações da Indústria de Transformação do RS – CNAE 2.0
(US$ milhões)
Resultado Mensal
jun/23 | jun/24 | Var.(%) | Var.US$ | |
---|---|---|---|---|
Alimentos | 498,4 | 425,7 | -14,6 | -72,7 |
Tabaco | 209,1 | 201,8 | -3,5 | -7,4 |
Celulose e papel | 76,0 | 99,9 | 31,3 | 23,8 |
Químicos | 101,1 | 72,6 | -28,1 | -28,4 |
Couro e calçados | 73,7 | 68,5 | -7,0 | -5,2 |
Produtos de metal | 60,7 | 66,0 | 8,7 | 5,3 |
Máquinas e equipamentos | 87,2 | 64,3 | -26,3 | -22,9 |
Veículos automotores | 79,6 | 63,6 | -20,1 | -16,0 |
Coque e derivados do pet. | 17,7 | 29,9 | 69,1 | 12,2 |
Borracha e plástico | 29,0 | 26,2 | -9,6 | -2,8 |
Outros | 110,1 | 102,5 | -6,9 | -7,6 |
Indústria de Transformação | 1.342,6 | 1.220,9 | -9,1 | -121,7 |
Resultado Acumulado
jan-jun/23 | jan-jun/24 | Var. (%) | Var.US$ | |
---|---|---|---|---|
Alimentos | 2.964,6 | 2.381,3 | -19,7 | -583,3 |
Tabaco | 1.062,1 | 1.128,1 | 6,2 | 66,0 |
Químicos | 611,6 | 615,3 | 0,6 | 3,7 |
Celulose e papel | 561,2 | 540,7 | -3,7 | -20,6 |
Couro e calçados | 463,4 | 449,7 | -3,0 | -13,7 |
Máquinas e equipamentos | 630,6 | 448,7 | -28,9 | -182,0 |
Veículos automotores | 541,6 | 403,4 | -25,5 | -138,2 |
Produtos de metal | 349,3 | 340,2 | -2,6 | -9,1 |
Coque e derivados do pet. | 163,3 | 207,5 | 27,1 | 44,2 |
Madeira | 216,8 | 192,3 | -11,3 | -24,5 |
Outros | 693,5 | 658,7 | -5,0 | -34,7 |
Indústria de Transformação | 8.258,0 | 7.366,0 | -10,8 | -892,0 |
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